quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A prudência do Vaticano com relação aos divorciados


Segundo casamento é tratado com prudência pelo Vaticano
Formalmente, a "brecha de Friburgo" é fechada com toda a pressa pela Santa Sé. Ou, ao menos, esse é o rumor oficial nos Sagrados Palácios. Nos bastidores, no entanto, convida-se à prudência, porque a questão está entre as abordadas pelo "G8" dos cardeais-conselheiros. Está sendo preparado um sínodo dos bispos sobre a pastoral familiar, e não se excluem desdobramentos surpreendentes.
O porta-voz vaticano, padre Federico Lombardi, joga água fria sobre o fogo: "Não muda nada. Não há nenhuma novidade para os divorciados em segunda união". O documento, de fato, "provém de um escritório pastoral local e não investe contra a responsabilidade do bispo". Em suma, se trataria de uma "medida independente", que faz barulho, mas que "não é oficialmente expressão da autoridade diocesana".

O arcebispo Robert Zollitsch, já de saída por ter alcançado os limites de idade, mas ainda no comando como administrador apostólico de Friburgo e firme no leme da Igreja alemã até março de 2014, "não foi consultado e não endossou o documento". Em suma, claramente, do outro lado do Tibre, a palavra de ordem é "redimensionar" o que aconteceu na Alemanha, para evitar um "efeito de contágio" sobre uma matéria incandescente.

"É surpreendente que uma proposta desse tipo venha de uma diocese de grande relevância como Friburgo, liderada pelo presidente da Conferência Episcopal Alemã". O cardeal canonista Velasio De Paolis, comissário papal dos Legionários de Cristo, membro do Supremo Tribunal vaticano e jurista de confiança da Cúria, não esconde a sua surpresa com a "cisão" com relação aos divorciados em segunda união.

Especifica o purpurado: "Com o tempo, vários bispos foram repreendidos por terem emitido disposições contrárias aos fundamentos doutrinais reafirmados várias vezes pelo ex-Santo Ofício nos anos de Joseph Ratzinger". Por isso, "as normas em vigor continuam proibindo os sacramentos aos divorciados em segunda união".

De fato, "para obter a absolvição na confissão e, portanto, ter acesso à Eucaristia, é preciso estar na graça de Deus", enquanto "os divorciados em segunda união estão em uma situação que contrasta com a lei de Deus sobre o matrimônio". Por isso, destaca De Paolis, "o sacerdote deve negar a hóstia".

As recentes palavras de Francisco na entrevista à Civiltà Cattolica ("Eu sou filho da Igreja") confirmam que "o papa age dentro de uma comunidade e aceita as suas aquisições". Portanto, "o pontífice está fazendo, sim, um caminho de busca de possíveis soluções, mas até agora as regras sobre os divorciados em segunda união não mudaram e, portanto, os posicionamentos do papa também devem ser interpretados à luz do magistério já adquirido".

Mas com um papa inovador como Francisco não é mais tempo de tons de ultimato de cruzada. O Sínodo sobre a família irá discutir sobre a nulidade matrimonial, os divorciados em segunda união, os casais que coabitam e a sua acolhida na Igreja. Na Cúria, não se excluem progressos, mas "a sede para mudar as normas certamente não é um escritório pastoral local".

Nos próximos meses, se poderá entender se o "caso Friburgo" pode ser rotulado como um deslize em uma diocese ou como "profecia" de mudança para a Igreja universal.
La Stampa, 08-10-2013

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