domingo, 13 de outubro de 2013

Papa Francisco: “Maternidade não é um fator biológico”


“Tantas coisas podem mudar e mudaram na evolução cultural e social, mas fica a realidade que é a mulher que concebe, carrega dentro de si e dá à luz os filhos dos homens”. Com estas palavras o Papa explicou que a maternidade “não é simplesmente um fator biológico, mas comporta uma riqueza de implicações seja para a própria mulher, pelo seu jeito de ser, seja pelas suas relações, pelo jeito de se relacionar com a vida humana e a vida em geral”. “Chamando a mulher à maternidade, Deus lhe confiou numa maneira toda especial o ser humano”, disse o Papa encontrando na audiência os participantes do Congresso organizado pelo Pontifício Conselho dos Leigos por ocasião do 256º aniversário da “Mulieris dignitatem” de João Paulo II, definida pelo Papa Francisco “um documento histórico, o primeiro do magistério pontifício dedicado inteiramente ao tema da mulher”.
Referindo-se ao nº 30 da carta apostólica, tema do encontro, em que João Paulo II afirma que “Deus confia de modo especial o homem, o ser humano, à mulher”. Papa Francisco explicou que esta “especial entrega do ser humano à mulher” se resume na maternidade, especificando, porém, logo depois, como esta palavra deve ser entendida. “Existem dois perigos presentes, dois extremos opostos que mortificam a mulher e sua vocação”, alertou o Papa. “O Primeiro é reduzir a maternidade a um papel social, a uma tarefa, também se nobre, mas que, na realidade, deixa de lado a mulher com todas as suas potencialidades, não a valoriza plenamente na construção da comunidade. Isto seja no âmbito civil, seja no âmbito eclesiástico”.
E, “como reação a isto, existe outro perigo, em sentido oposto: o de “promover uma espécie de emancipação que, para ocupar os espaços tirados ao sexo masculino, abandona o feminino com os traços preciosos que o caracterizam”. A este respeito, o Papa sublinhou que a mulher “possui uma sensibilidade particular pelas coisas de Deus, sobretudo em nos ajudar a compreender a misericórdia, a ternura e o amor que Deus por nós”. “Eu gosto também de pensar que a Igreja não é ‘o’ Igreja, é ‘a’ Igreja”, destacou: “a Igreja é mulher, é mãe e isso é bonito. Deveis pensar e aprofundar isso”.
A “Mulieris Dignitatem”, neste contexto, “oferece uma reflexão profunda, orgânica, com um sólido alicerce antropológico iluminado pela Revelação. A partir dela devemos recomeçar aquele trabalho de aprofundamento e promoção que já várias vezes tive a oportunidade de incentivar”. “Também na Igreja é importante se perguntar: que presença tem a mulher?”, é o convite final do papa. “Eu sofro – confessou – quando vejo na Igreja ou nalgumas organizações eclesiais que o papel de serviço – que todos nós temos e devemos ter – que o papel de serviço da mulher escorrega para o papel de ‘servente’ (o papa utilizou a palavra ‘servidumbre’. Não sei se é isso em italiano. Me entendem? Que presta serviço)”. “Quando eu vejo mulher que trabalham como ‘serventes’, então não se entende bem o que deve fazer uma mulher”. “Que presença tem a mulher na Igreja? Pode ser mais valorizada?”, as perguntas lançadas pelo Papa. “É uma realidade que é muito forte em mi e por isso quis me encontrar com vocês – contra o regulamento, porque não estava previsto um encontro desses – e abençoar vocês e seu trabalho. Obrigado, levemo-lo junto adiante! Maria Santíssima, grande mulher, Mãe de Jesus e de todos os filhos de Deus, nos acompanhe”.


SIR

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