quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Concebidos pelo Espírito


A concepção de Jesus lembra o Espírito Santo. Lembra também nossa concepção como filhos de Deus.
Por João Batista Nunes Coelho*

Jesus foi concebido pelo Espírito. E nós? Fisicamente, não; mas, na vida espiritual, sim. Fomos, pois, gerados de novo no batismo, como Jesus foi gerado pelo Espírito até fisicamente. A concepção de Jesus lembra, pois, nossa concepção.

Deus conosco. Era a intenção de Deus. Maria não usou do direito de preservar seus interesses, ao invés de se lançar nos interesses de Deus. Ela foi generosidade total. Somos também assim? Não. Nosso amor nem sempre é puro. Você duvida? Acha que suas atitudes são, na maior parte do tempo, sem interesse próprio, ainda que velado? Ah, é muito difícil que sejam! A generosidade de Maria foi pura. “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados" (Mt 1,21-23). Tudo como predito? Sim. “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: 23 "Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa: Deus conosco" (Mt 1,22-23).  Ela nada receberia em troca a não ser a alegria de servir a Deus e à humanidade. Certamente desejaríamos receber também algum benefício concreto. Mas o amor de Maria foi isento de qualquer segunda intenção. Por isso foi puro. Quase incompreensível até por seu esposo.

Senso de justiça. José era uma pessoa justa. A primeira etapa do casamento estava realizada. Ele já era marido dela, mas não conviviam. De repente soube que ela estava grávida, mas não era dele. Incompreensível. Então, como poderia ela estar grávida? Que estranho! E agora, denunciá-la como adúltera, como mandava a Lei? “José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente”  (Mt 1,19). Seu senso de justiça estava acima do seguimento ao rigor da Lei. Pensava em  deixá-la sem provocar escândalo, para não prejudicá-la. “Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo’” (Mt 1,20). José ouviu a inspiração divina. Deixou de pretender satisfazer seu interesse humano de punir Maria, mas, ao invés disso, procurou atender também ao interesse dela e de Deus. Entendeu e acolheu Maria e Jesus. Conosco também teria sido assim? Os desígnios de Deus são insondáveis.

Virgindade e nascimento.  Em se tratando de concepção, a permanência da virgindade de Maria após o nascimento é um  prodígio.   Sim, ela se entregou apenas à missão divina antes durante e após o parto. Foi exclusiva do Messias. Até que ponto somos também sevos do Messias? É verdade que  “temos recebido a graça e o apostolado, a fim de levar, em seu nome, todas as nações pagãs à obediência da fé, 6 entre as quais também vós sois os eleitos de Jesus Cristo” (Rm 1,5-6). Fomos escolhidos por ele e nascemos do Espírito no dia do nosso batismo.

Cumpriu-se.  Deus realizou o que prometeu pelos profetas. “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco" (Is 7,14). De fato, Deus se fez carne. Sua parte ele cumpriu enviando o Salvador, que nos deixou a boa nova. “Este Evangelho Deus prometera outrora pelos seus profetas na Sagrada Escritura” (Rm 1,2). Deixou-nos o caminho da salvação e mais: deu-nos a graça de nos tornarmos também filhos de Deus.  Resta-nos a atitude como a de Acaz: "De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova"  (Is 7,12).

A concepção de Jesus lembra o Espírito Santo. Lembra também nossa concepção como filhos de Deus. Por consequência, nosso destino se alinha ao destino de Jesus. Somos co-redentores do mundo.

Que nossa concepção pelo Espírito Santo esteja produzindo para nós e para o mundo, frutos de santidade!
*Reflexão sobre as leituras do 4º domingo do Advento (22 de dezembro).

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