sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

À serviço da dignidade humana

Não vamos mostrar o que é bom para nos mostrar como fôssemos os melhores. Mas vamos mostrar o bem e a maneira de fazê-lo beneficiar principalmente os que não são beneficiados.


Jesus lembra que veio para servir e não buscar interesses para si. (Foto: Divulgação)
Por Dom José Alberto Moura*
Muitos dons e riquezas ficam escondidos ou só para o uso de poucos, qual uma grande hidrelétrica oferecendo energia a poucas pessoas. Deus criou a terra para todos e os carismas para o serviço ao bem comum. Se não são empregados conforme seu objetivo, há lesão de direitos e deveres, prejudicando a grandes parcelas.

Sabemos da fome que graça uma quarta parte da humanidade e de um terço dos alimentos sendo desperdiçados. Da mesma forma, muitos resultados do desenvolvimento da ciência são usados para o interesse e ganho material de minorias, sem um benefício suficiente para maiorias. Muitos têm boa formação intelectual, moral e espiritual, mas nem sempre beneficiam o próximo. Até na esfera religiosa há muita falta de compromisso com o anúncio e a prática do Evangelho! Na política temos grandes cabeças e nem sempre há o benefício de promoção do bem comum! Quanta terra improdutiva ou que beneficia muito poucos e muitos não tendo oportunidade de usá-la!

O profeta, já preanunciando a missão do Messias, fala de seu múnus de servir o povo, mas precisando também iluminar a todos com sua nova proposta de vida para todos: “Não basta seres meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até os confins da terra! (Isaías 49, 6).

Jesus lembra que veio para servir e não buscar interesses para si. Aliás, como Deus, não precisaria sujeitar-se à pequenez humana, assumindo também nossa natureza frágil. Ensina a simplicidade, o despojamento, o desapego do que é material, a disponibilidade, o baixar-se para servir, o dar a vida pelo bem do próximo... Mais:  tudo isso deve ser sinal luminoso para os outros: “Sejam luz para o mundo... Ninguém acende uma lâmpada para  colocá-la debaixo de uma vasilha e sim para colocá-la  no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa”.(Mateus 5,14).

Não vamos mostrar o que é bom para nos mostrar como fôssemos os melhores. Mas vamos mostrar o bem e a maneira de fazê-lo beneficiar principalmente os que não são beneficiados. Quantos talentos ficam sem favorecer a comunidade por falsas humildades, orgulho e egoísmo! Precisamos de nos apresentar com nossos dotes para evangelizar, para nos unir a causas de benefício social, de promoção humana e de erguimento de pessoas caídas na vida! Nós seremos avaliados e recompensados por Deus, tendo em vista o que fizemos de bem ao próximo e à comunidade e não por termos mais preparação, qualidades e outros atributos pessoais, comunitários e sociais!

O Divino Mestre não veio fundar uma religião humana a mais e sim instituir sua família, sob a orientação apostólica, para ser sinal de amor, compaixão, promoção da justiça, da solidariedade e da fraternidade, sendo sinal forte do caminho que leva à vida plena. Com Ele e sua Grei temos a segurança de andar pelo caminho do respeito e da promoção da dignidade humana. Temos, então, no seu referencial, a base de sustentação da energia vital de seu amor para dar vitalidade e sentido à caminhada existencial para todos!
CNBB, 16-01-2014.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo Metropolitano de Montes Claros.

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