domingo, 11 de maio de 2014

Uma nova relação com Jesus


Ninguém responde como Ele às nossas perguntas mais decisivas.
Por José Antonio Pagola*
Nas comunidades cristãs, necessitamos viver uma experiência nova de Jesus reavivando a nossa relação com Ele. Colocá-Lo decididamente no centro da nossa vida. Passar de um Jesus confessado de forma rotineira a um Jesus acolhido vitalmente. O evangelho de João faz algumas sugestões importantes ao falar da relação das ovelhas com o seu Pastor.

A primeira é “escutar a Sua voz” em todo o Seu frescor e originalidade. Não a confundir com o respeito às tradições nem com a novidade das modas. Não nos deixarmos distrair nem aturdir por outras vozes estranhas que, mesmo que se escutem no interior da Igreja, não comunicam a Sua Boa Nova.

É importante que nos sintamos chamados por Jesus “pelo nosso nome”. Deixar-nos atrair por Ele pessoalmente. Descobrir pouco a pouco, e cada vez com mais alegria, que ninguém responde como Ele às nossas perguntas mais decisivas, aos nossos desejos mais profundos e às nossas necessidades últimas.

É decisivo “seguir“ Jesus. A fé cristã não consiste em acreditar em coisas sobre Jesus, mas em acreditar Nele: viver confiando na Sua pessoa. Inspirar-nos no Seu estilo de vida para orientar a nossa própria existência com lucidez e responsabilidade.

É vital caminhar tendo Jesus “diante de nós”. Não fazer o percurso da nossa vida solitariamente. Experimentar em algum momento, nem que seja de forma desajeitada, que é possível viver a vida a partir da sua raiz: desde esse Deus que se nos oferece em Jesus, mais humano, mais amigo, mais próximo e salvador que todas as nossas teorias.

Esta relação viva com Jesus não nasce em nós de forma automática. Vai-se despertando no nosso interior de forma frágil e humilde. Ao início, é quase só um desejo. Em geral, cresce rodeada de dúvidas, interrogações e resistências. Mas, não sei como, chega um momento em que o contato com Jesus começa a marcar decisivamente a nossa vida.

Estou convencido de que o futuro da fé entre nós se está a decidir, em boa parte, na consciência de quem nestes momentos se sente cristão. Agora mesmo, a fé se está reavivando ou se vai extinguindo nas nossas paróquias e comunidades, no coração dos sacerdotes e fiéis que as formamos.

A descrença começa a penetrar em nós desde logo no momento em que a nossa relação com Jesus perde força, ou fica adormecida pela rotina, pela indiferença e pela despreocupação. Por isso, o Papa Francisco reconheceu que “necessitamos criar espaços motivadores e curadores... lugares onde regenerar a fé em Jesus”. Temos de escutar a Sua chamada.
*José Antonio Pagola é teólogo. O texto é baseado na leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10, 1-10, que corresponde ao Quarto Domingo de Páscoa, Ciclo A do Ano Litúrgico.

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