Mensagem do Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife
aos presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas
e a todo o povo de Deus por ocasião da Quaresma de 2015
aos presbíteros e diáconos, religiosos e religiosas
e a todo o povo de Deus por ocasião da Quaresma de 2015
“É agora o momento favorável. É agora o dia da salvação” (2Cor 6,2b).
Queridos irmãos e irmãs,
Com a imposição das cinzas, iniciamos um novo Ciclo Pascal, em nossa
vida cristã, assim como na vida da Igreja. Com as celebrações da
Quaresma, da Páscoa e de Pentecostes, retomamos o caminho pascal de
Jesus e nos comprometemos em viver o Amor Maior de quem dá a vida pelo
bem da humanidade. Fazemos isso, cada um/a de nós, mergulhando mais e
mais na alegria de sermos Igreja que escuta a Palavra, reparte o Pão e
vive a solidariedade. Nesse tempo oportuno para a conversão, somos
chamados a rever nossa vida batismal, consequentemente, renovando nosso
compromisso missionário de discípulos/as, sobretudo aqueles que
espontaneamente decidiram dar um passo mais exigente, consagrando suas
vidas por inteiro ao serviço do Reino. Que o exemplo de Jesus, ao se
retirar quarenta dias no deserto, nos motive a sermos decididos e
perseverantes diante do projeto do Pai para cada um/a de nós. A epístola
aos Hebreus nos ensina: “(…) pois vos é necessária a perseverança
para fazerdes a vontade de Deus e alcançardes os bens prometidos. Ainda
um pouco de tempo – sem dúvida, bem pouco – e o que há de vir virá e não
tardará. Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração
já não se agradará dele. Não somos, absolutamente, de perder o ânimo
para nossa ruína; somos de manter a fé para nossa salvação!” (Hb 10, 36-39). Nesse sentido, nosso arcebispo emérito, Dom Hélder Câmara, nos ensina: “É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”.
As pedras no caminho, comuns a todo e quaisquer projetos de vida,
sempre servem como experiência e provocação. Em seguida, vem o
amadurecimento. A força da oração, tão recomendada nesse início da
Quaresma, é o grande remédio que renova e nos firma no caminho.
Para nos ajudar, nesse caminho, a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil nos propõe a Campanha da Fraternidade. Neste ano de 2015, com o
tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. A intenção é reavivar
nossa memória e mostrar a atualidade dos documentos do Concílio
Vaticano II que, há cinco décadas, vêm ecoando por todos os recantos do
mundo. Sobretudo, o último e mais importante deles, a Constituição
Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, a Gaudium et Spes. Há 50 anos, os bispos de todo o mundo, reunidos no Concílio, nos convocaram a assumir como nossas “as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias da humanidade de
hoje, sobretudo dos pobres e de todas as pessoas que sofrem, pois essas
são também as alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos
discípulos e discípulas de Jesus Cristo” (GS, n. 1). Com esse texto
profético, o Concílio abriu a Igreja para a realidade do mundo, para os
sofrimentos e anseios da humanidade. Em nome do Evangelho, nossos
pastores convocaram os católicos do mundo inteiro a se unirem a todas as
pessoas de boa vontade, em um compromisso pessoal e social, para que o
Reino de Deus e seu projeto para a humanidade aconteça aqui, “na terra, como no céu”. Isso é tão atual que o texto base apresenta como objetivo geral da Campanha: “Aprofundar
à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre Igreja e sociedade,
propostos pelo Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a
edificação do Reino de Deus”.
Esse ano de 2015 será muito especial para nós. Além de estarmos
vivendo o Ano da Vida Religiosa e Consagrada, convocado pelo Papa
Francisco, e o Ano da Paz, convocado pela CNBB, em sua 52ª Assembleia
Geral, em Aparecida, estamos recebendo o nosso Bispo Auxiliar, Dom
Antônio Tourinho Neto, que chega, com o coração aberto, para caminhar
conosco e ajudar na evangelização e construção de uma Igreja cada vez
mais sensível às questões que afligem o nosso povo, assim como vivenciar
com ele as alegrias e esperanças.
Como pastor desta Arquidiocese de Olinda e Recife, em comunhão com o
Papa Francisco, que costuma se apresentar como bispo de Roma, e com os
bispos do Brasil, venho convidar todo o nosso clero (bispos, padres e
diáconos), religiosos/as, leigos/as, para, na celebração desta Páscoa,
retomarmos, com maior vigor, o espírito que animou o Concílio Vaticano
II. Para isso, muito nos ajudarão a releitura do texto base da Campanha
da Fraternidade, dos documentos conciliares, sobretudo, da Constituição
Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, e da exortação apostólica “A
Alegria do Evangelho”, que atualiza a Gaudium et Spes. O estudo desses documentos, especialmente quando feito em pequenos grupos, estimulará a necessária “conversão pastoral”
de que fala o Documento de Aparecida. Esta conversão do nosso ser mais
profundo mudará nosso jeito de viver a fé, de celebrar e de fazer
pastoral. Poderemos, assim, contribuir realmente para que a “Alegria do
Evangelho”, anunciada com exemplos e palavras pelo Papa Francisco,
chegue a todos os recantos, onde pessoas e grupos têm fome e sede de
justiça e buscam uma sociedade mais justa e fraterna. O Papa nos pede
para nos colocar como uma Igreja pobre e a serviço dos empobrecidos. Ele
nos propõe reavivar um diálogo aberto e humilde com todas as pessoas,
próximas e distantes, tendo em vista a realização do projeto divino no
mundo, o Reino da fraternidade, da justiça e da paz. Esse é o esforço
missionário que deve nos mobilizar e entusiasmar como caminho espiritual
de conversão. Deve ser realizado não só durante a Quaresma, mas de modo
permanente e cada vez mais a intensamente.
Enfim, todo esse processo quaresmal deverá resultar em ações
concretas. Devemos encontrar, criativamente, em cada lugar, os jeitos
melhores de participar em ações solidárias, como é a campanha por uma
urgente e profunda reforma do nosso sistema político. Como diz a CNBB,
no texto base da CF: “A luta pela reforma política é a maneira de os
cristãos se colocarem contra o difuso sentimento de decepção e
descrença na política institucional que paira na sociedade” (n. 88). A CNBB insiste “na necessidade de ampliação dos sujeitos políticos, com vez e voz, no processo de construção da sociedade e do Estado”.
Seria oportuno que, nesse ano, pudéssemos como Arquidiocese, aprofundar
esses assuntos e, como resposta à Campanha da Fraternidade, nos unir em
torno de propostas bem concretas, a serem desenvolvidas em cada lugar,
em busca da superação de problemas e da construção de uma vida melhor
para todos e todas.
Neste sexto ano do meu pastoreio, nessa Igreja onde nasci, cresci e
que tanto amo, gostaria de render graças a Deus pelos irmãos e irmãs que
têm colaborado, direta ou indiretamente, com minha missão, sobretudo
pela chegada do nosso bispo auxiliar, conforme falamos acima; pela
colaboração de Dom Genival Saraiva de França, nosso Vigário Geral; os
presbíteros e diáconos e, dentre eles, de maneira especial, os outros
vigários gerais e os vigários episcopais; a coordenação de pastoral; os
que, além dos seus encargos, não medem esforços para colaborar, no
âmbito arquidiocesano e vicarial; finalmente, a grande legião de
leigos/as que nos edificam pela disponibilidade e pelo testemunho.
Diante de todos, renovo meu compromisso de caminhar na unidade e
fraternidade, segundo os ensinamentos do Evangelho. Ao iniciarmos juntos
mais essa caminhada rumo à Páscoa, peço, humildemente, perdão pelas
minhas faltas e os abençoo em Cristo Jesus.
Desejo a todos/as uma santa e renovadora celebração da Páscoa da Ressurreição, e um novo Pentecostes.
Dom Antônio Fernando Saburido,OSB
Arcebispo de Olinda e Recife
Arcebispo de Olinda e Recife
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