
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa apresentou, na Audiência geral desta quarta-feira (2/9),
uma de suas últimas reflexões no contexto das catequeses sobre a família: a
evangelização – com ênfase em um aspecto particular.
“Voltemos nosso olhar sobre o modo com o qual a família vive a
responsabilidade de comunicar a fé, de transmitir a fé, seja ao interno dela ou
ao externo”, destacou Francisco.
Quando Jesus afirma o primado da fé em Deus – recordou o Papa –
“não encontra uma comparação mais significativa” para expressar essa vivência
“do que a afetividade em família”.
“Estes laços familiares, dentro da experiência de fé e do amor de
Deus, são transformados, são ‘preenchidos’ de um sentido maior e são capazes de
ir além deles mesmos para criar uma paternidade e uma maternidade mais amplos,
e para acolher como irmãos e irmãs também aqueles que estão à margem de
qualquer vínculo”, refletiu o Pontífice.
A gramática da família
Neste contexto, o Papa lembrou do trecho do evangelho de Marcos no
qual Jesus responde – apontando para seus discípulos – que ali estão sua mãe e
seus irmãos, e não do lado de fora.
“A sabedoria dos laços que não se compram e não se vendem é o dom
principal da família. Em família, aprendemos a crescer naquela atmosfera dos
laços. A ‘gramática’ se aprende no seio da família, caso contrário é bem
difícil aprendê-la. É justamente esta a linguagem por meio da qual Deus se faz
compreender por todos”, sublinhou Francisco.
"Estilo familiar"
Ao afirmar que a difusão de um “estilo familiar” nas relações humanas
é uma benção para os povos por trazer outra vez a esperança para a Terra, o
Papa reforçou um convite especial.
“O chamado a colocar os
laços familiares no âmbito da obediência da fé e da aliança com o Senhor não os
mortifica; ao contrário, os protege, os desvincula do egoísmo, os cuida do
degrado, os coloca a salvo para a vida que não morre”.
E acrescentou: “quando
os laços familiares se deixam converter ao testemunho do Evangelho, se tornam
capazes de coisas impensáveis, que fazem tocar com as mãos as obras que Deus
realiza na história, como aquelas que Jesus fez para os homens, as mulheres que
as crianças que encontrou”, disse Francisco.
O agir de Deus
Ao recordar o mistério da ação de Deus neste mundo, Francisco
enalteceu dois aspectos importantes nos quais os homens se relevam instrumentos
de amor.
“Um só sorriso
milagrosamente saído do desespero de uma criança abandonada, que recomeça a
viver, nos explica o agir de Deus no mundo mais do que mil tratados teológicos.
Um só homem e uma só mulher, capazes de arriscar e de se sacrificar pelo filho
do outro, e não somente pelo próprio, nos explicam coisas do amor que muitos
cientistas não compreendem mais”, arrebatou o Papa.
Protagonismo da família
O Papa então auspiciou que seja restituída à família – a partir da
Igreja – o protagonismo de poder responder ao chamado de Jesus e ser maestra do
mundo com base na aliança do homem e da mulher com Deus.
“Pensemos ao desenrolar deste testemunho, hoje. Imaginemos que o
leme da história (da sociedade, da economia, da política) seja entregue –
finalmente! – à aliança do homem e da mulher, para que o governem com o olhar
voltado às gerações futuras. Os temas da terra e da casa, da economia e do
trabalho, tocariam uma musica muito diferente”, idealizou o Pontífice.
Desertificação da sociedade
Francisco concluiu sua catequese com uma apelo à vida em
comunidade ao afirmar que a aliança da família com Deus é chamada hoje a
contrastar a desertificação comunitária da cidade moderna.
"As nossas cidades estão desertificadas pela falta de amor,
pela falta de sorriso. Tanta diversão, tantas coisas para perder tempo e rir,
mas o amor, falta. O sorriso de uma família é capaz de vencer esta
desertificação. Esta é a vitória do amor, da família", improvisou
Francisco.
Ao retomar a catequese, o Papa disse: “Nenhuma engenharia
econômica e política é capaz de substituir esta contribuição das famílias...
Devemos sair das torres e dos quartos blindados das elites para voltar a
frequentar as casas e os espaços abertos das multidões”.
E finalizou: “Rezem por mim, rezemos uns pelos outros, para que
sejamos capazes de reconhecer e apoiar as visitas de Deus. O Espírito trará uma
bagunça saudável às famílias cristãs, e a cidade do homem sairá de sua
depressão”.
Apelo pela paz
Ao final da Audiência
geral, o Papa fez um apelo pela paz ao recordar que, nestes dias, também o
Extremo Oriente recorda o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao renovar suas
fervorosas orações ao Senhor para que, por intercessão de Nossa Senhora, o
mundo de hoje não precise mais experimentar os horrores e os assustadores
sofrimentos de tais tragédias, o Papa reiterou o pedido de seus predecessores:
“Guerra nunca mais”. (RB)
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