terça-feira, 3 de setembro de 2013

CNBB inicia 5ª Semana Social Brasileira, que debate o papel do Estado na sociedade


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O Estado que temos e o Estado que queremos: esta é a pauta do seminário nacional da 5ª Semana Social Brasileira (SSB), que foi aberto na tarde desta segunda-feira, 2 de setembro, em Brasília. O evento, que se estende até a próxima quinta-feira, reúne o resultado das reflexões realizadas sobre o tema nos regionais da CNBB desde 2011. A solenidade de abertura foi presidida pelo arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.
“Nós temos aqui representadas as diversas pastorais sociais, o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic) e diversos movimentos sociais. Sabemos que o Estado deve estar à serviço do bem estar de todos, criando oportunidades e respeitando os direitos de cada pessoa humana. Não queremos prescindir do Estado, mas é importante que haja a participação das pessoas numa democracia realmente representativa”, afirmou dom Raymundo, na saudação aos presentes.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, dom Guilherme Werlang, vai acompanhar todo o seminário, que deve sintetizar o debate nacional. “Aqui nós teremos partilhas de experiências. Vamos, ao final, abordar algumas bandeiras que são necessárias para, de fato, que esta mobilização ajude a construir um novo Estado, que responda às necessidades do mundo de hoje”.
Dom Guilherme destacou também a presença dos diversos movimentos e pastorais sociais no processo da 5ª Semana Social. “Esses movimentos são muito importantes, pois eles são a parte da sociedade civil que deve ser ouvida”.
O presidente da CNBB destacou a colaboração do debate da 5ª SSB na elaboração das propostas para a Reforma Política, que serão apresentadas amanhã. Também participaram da solenidade a secretária executiva do Conselho Nacional da Pastoral dos Pescadores Nacional, Maria José Pacheco; a diretora executiva nacional da Cáritas Brasileira, Cristina dos Anjos; representante dos Movimentos Sociais, Roberto Malvezzi; a secretária geral da Conic, Pastora Romi Benker; e o representante dos regionais da CNBB, Frederico Santana.
A programação desta segunda-feira inclui ainda a apresentação de um filme sobre as manifestações populares, que ocorreram no Brasil no mês de junho.

Fonte: CNBB

Evangelho do dia

Ano C - 03 de setembro de 2013

4,31-37

Aleluia, aleluia, aleluia.
Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo (Lc 7,16). 


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
4 31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados.
32 Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade.
33 Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34 “Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus!”
35 Mas Jesus replicou severamente: “Cala-te e sai deste homem”. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum.
36 Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: “Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem?”
37 E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A RUÍNA DO ESPÍRITO MAU 
A desarticulação dos esquemas do espírito mau fazia parte do ministério de Jesus. Vítima das forças demoníacas, o ser humano via-se privado de sua dignidade e reduzido à condição de inimigo de Deus. A libertação tornava-se uma exigência premente. Em todas as circunstâncias em que se defrontou com alguém subjugado pelo espírito mau, Jesus não se furtou em socorrê-lo.
Assim aconteceu com o homem possuído por um espírito impuro, encontrado na sinagoga de Cafarnaum.
Não deixa de ser contraditória a presença de um possesso na assembléia litúrgica sinagogal, em dia de sábado. Tem-se a impressão de que ele foi lá só para se defrontar com o "Santo de Deus". Foi é a maneira como se dirigiu a Jesus.
O demônio constatou a inexistência de pontos em comum entre ele e Jesus. Aliás, pensou que este nada teria a ver com ele. Enganou-se! Ele está na mira do "Santo de Deus" para ser arruinado e ser obrigado a pôr fim à opressão imposta aos seres humanos. Estava chegando ao fim sua liberdade de ação. Doravante, iria defrontar-se com o Messias, o qual se colocaria sempre na defesa da pessoa que estivesse fragilizada por sua ação maligna.
O Mestre agiu com severidade, servindo-se da autoridade e do poder recebidos do Pai. E o homem, livre da opressão demoníaca, pode finalmente associar-se à assembléia cultual.

Oração 

Espírito que desarticula o poder do mal, liberta todos os que vivem subjugados pelas forças malignas e, assim, impedidos de reconhecer o amor de Deus, manifestado em Jesus.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Leitura
1 Tessalonicenses 5,1-6.9-11
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Tessalonicenses.
5 1 A respeito da época e do momento, não há necessidade, irmãos, de que vos escrevamos.
2 Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite.
3 Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão.
4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão.
5 Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas.
6 Não durmamos, pois, como os demais. Mas vigiemos e sejamos sóbrios.
9 Porquanto não nos destinou Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo.
10 Ele morreu por nós, a fim de que nós, quer em estado de vigília, quer de sono, vivamos em união com ele.
11 Assim, pois, consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros, como já o fazeis.
Palavra do Senhor.
Salmo 26/27
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes. 


O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei medo?
O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?

Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
e é só isto que eu desejo:
habitar no santuário do Senhor
por toda a minha vida;
saborear a suavidade do Senhor
e contempla-lo no seu templo.

Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!
Oração
Ó Deus, que cuidais do vosso povo com indulgência e o governais com amor, dai, pela intercessão de são Gregório Magno, o espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso das ovelhas contribua para a alegria eterna dos pastores. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Setembro, mês de refontalização bíblica

Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz*

Todos os anos, a Igreja Católica que peregrina no Brasil, no mês de setembro, assume o desafio e a inspiração de estudar um livro da Bíblia, e assim incentivar a leitura das Sagradas Escrituras. Este ano, visando o crescimento da fé, vamos nos adentrar na Primeira Carta de Pedro para nela encontrar "as razões da nossa esperança". Esta prática salutar e sábia nos leva a destacar a Bíblia como fonte da espiritualidade cristã, da catequese, do ensino, e da própria missão de testemunhar a Cristo.

Um cristão que não lê a Bíblia e a põe em prática, é como aquele homem que se olha no espelho e não se reconhece, afirma o Apóstolo Tiago. É importante frisar que a Bíblia mais que uma coleção de livros é uma pessoa, que nos fala, nos interpela e nos instrui: o Senhor Jesus Cristo que é o esperado no Primeiro Testamento e revelado plenamente no Novo. Somos um povo que caminha sob a luz e a bússola da Palavra de Deus, norma não normada, a qual deve se ajustar a nossa vida e trabalho.

Bíblia que tem sua casa; a Igreja e por isso, é lida em comunidade e sempre em sintonia com o Magistério.A comunidade eclesial é constantemente reinventada e edificada pela Palavra de Deus, e a animação bíblica de toda pastoral, deve conduzir e iluminar as práticas, atividades e projetos, de todos os grupos, serviços e associações eclesiais. Nossa espiritualidade se fundamenta e se alicerça na leitura orante do Texto Sagrado, pois, a partir desta conexão profunda com a Palavra, nossa vida é transformada, nosso coração é convertido e nosso agir se configura cada vez mais com a mensagem e vida do Mestre Divino.

Para finalizar, é de suma relevância insistir que não haverá Nova Evangelização ou uma Igreja em estado permanente de missão, se não nos deixarmos guiar, alimentar e converter pela Palavra de Vida Eterna, pela Sabedoria Divina que encontramos na Bíblia Sagrada, pois, como afirma São Jerônimo, desconhecer a Bíblia é ignorar o próprio Cristo. Deus seja louvado!
SIR
*Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo da Diocese de Campos (RJ)

Quem desce para servir


Estamos no caminho certo quando nos  tornamos pessoas que «descem» para servir, levando a gratuidade de Deus ao mundo. Afirmou Bento XVI na missa celebrada na manhã de domingo, 1 de Setembro, na capela da Santa Maria Mãe da Família, no palácio do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano, por ocasião do tradicional  seminário de Verão dos seus ex-alunos, o chamado Ratzinger Schülerkreis.
O encontro dos estudantes de Joseph Ratzinger realizou-se, como de costume, em Castel Gandolfo: mas este ano,  Bento XVI não participou nos trabalhos. A trigésima oitava edição foi dedicada à «questão de Deus no âmbito da secularização» à luz da produção filosófica e teológica de Rémi Brague, filósofo e historiador francês ao qual foi atribuído o Prémio Ratzinger de 2012 para a teologia.

Cada um deseja encontrar o seu lugar bom na vida; mas qual é verdadeiramente este lugar certo? A homilia de Ratzinger foi, no fundo, uma resposta a esta pergunta, começando pelo Evangelho dominical, no qual Jesus convida precisamente a escolher o último lugar. «Um lugar que pode parecer muito bom, pode revelar-se depois  um lugar muito ruim» disse: pode acontecer que «os primeiros» sejam invertidos e improvisamente  tornam-se  os "últimos".
Também durante a última Ceia os discípulos discutiam acerca dos lugares melhores: ao contrário, Jesus apresenta-se como aquele que serve. «Nascido no estábulo» e «morto na Cruz»  – afirmou Bento XVI – «diz-nos  que o lugar certo é aquele perto dele, o lugar segundo a sua medida». E o apostolado, como enviado de Cristo, «é  o último na opinião do mundo» mas exatamente por isso está próximo de Jesus.
L’Observatore Romano, 03-09-2013.

Diante de Deus e diante da história


"Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra". Retomando antes da oração do Ângelus e depois twitando a invocação de Paulo VI diante das Nações unidas, o papa Francisco fez-se intérprete de um grito que – quis recordar – se eleva "da única grande família que é a humanidade", sem distinções. É fácil e amarga a constatação de que nem todos no mundo querem e constroem a paz, mas certamente a aspiração pela paz está difundida em toda a parte, face aos conflitos muitas vezes esquecidos. Como agora, e cada vez mais, diante da tragédia que há mais de dois anos na Síria fez dezenas de milhares de vítimas, sobretudo civis, causando fluxos imponentes e crescentes de refugiados desesperados.

Por isso mais uma vez a voz do bispo de Roma – que se disse ferido por quanto está a acontecer e sobretudo «angustiado pelo dramático andamento que se perspectiva» - eleva-se com força para condenar o uso das armas, e "com particular firmeza" o emprego das armas químicas: "Digo-vos que tenho ainda gravadas na mente e no coração as terríveis imagens dos dias passados!", exclamou o papa Francisco, que logo a seguir pronunciou palavras severas, sobre as quais os responsáveis das nações têm o dever de refletir: "Há um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações, aos quais não podemos escapar!".

Toda a intervenção do pontífice foi dedicada à situação internacional, um cenário no qual há demasiado tempo e sem trégua se multiplicam os conflitos, mas que nestas semanas está cada vez mais marcado pelo exacerbar-se feroz da tragédia síria. Por conseguinte, num contexto muito preocupante e com desenvolvimentos imprevisíveis o papa Francisco repete que é indispensável e urgente abandonar a cultura  do confronto e do conflito: de fato, o que constrói a convivência nos povos e entre os povos é «a cultura do encontro, a cultura do diálogo; esta é o único caminho para a paz", que a Santa Sé indica e pelo qual a sua diplomacia está a trabalhar de todas as formas possíveis.

As palavras do bispo de Roma dirigem-se explicitamente às partes em conflito e à comunidade internacional, mas é ainda mais significativa a chamada às palavras de João XXIII sobre a paz, isto é, que «todos têm a tarefa de recompor as relações de convivência na justiça e no amor". O papa Francisco pede portanto que o compromisso pela paz "una todos os homens e mulheres de boa vontade", católicos, cristãos, pertencentes a todas as religiões e também "os irmãos e irmãs que não creem". E precisamente por isso o Pontífice alarga a todos o convite para o dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Médio Oriente e no mundo, que convocou com uma iniciativa sem precedentes, suscitando interesse e adesões muito além da Igreja católica.
L’Observatore Romano, 03-09-2013

'Quem faz fofoca mata os irmãos'


Fofoca no trabalho: 'a inveja é o diabo quem semeia', diz o papa.
Foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã dessa segunda-feira (2), em Santa Marta, a primeira com os grupos depois da pausa do verão europeu.

"Ciúme e inveja", com o seu séquito de boatos, não são apenas sentimentos antigos, mas são repropostos "todos os dias no nosso coração e nas nossas comunidades".

 "Inveja é o diabo quem semeia". É o que o papa Francisco reafirma, notando que "uma comunidade, uma família é destruída pela inveja que o diabo semeia no coração e faz com que um fale mal do outro e, assim, se destrua". Adverte o papa: "Nunca matar o próximo com a nossa língua. Para que haja paz em uma comunidade, em uma família, em um país, no mundo, devemos estar com o Senhor, e onde está o Senhor não há inveja, não há criminalidade, não há ódio, não há ciúmes, mas há fraternidade".

"Fofocas matam": Francisco estigmatiza hábitos estabelecidos com base nos quais "o primeiro dia se fala bem de quem vem até nós; no segundo, não tanto; no terceiro se começa a fofocar e depois se acaba esfolando-o", e acusa: "Aqueles que, em uma comunidade, fazem fofoca sobre os irmãos, sobre os membros da comunidade, querem matar", lembrando o versículo do apóstolo João que diz: "Aquele que odeia o seu irmão no seu coração é um homicida".

"Estamos acostumados às fofocas e aos boatos, mas – lamenta o papa – quantas vezes as nossas comunidades e até mesmo as nossas famílias são um inferno, onde se gere essa criminalidade de matar o irmão e a irmã com a língua".
"Nunca mais a guerra". O papa Francisco repetiu depois, em uma mensagem no Twitter, as palavras por ele proferidas no domingo com relação à crise síria: "Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra!". É a mesma expressão utilizada por Pio XII na mensagem de rádio do Natal de 1951 e assumida por João Paulo II em janeiro de 2003, para esconjurar a guerra no Iraque, mas também por Paulo VI e Bento XVI em diversas ocasiões.
Corriere della Sera, 02-09-2013.