quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Europa: Cristãos criticam «instrumentalização» da fé

Varsóvia, Polônia, 06 fev (SIR) – O presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), cardeal Péter Erdö, considera que o cristianismo depara-se atualmente com dois desafios no Velho Continente, o “secularismo” e a “instrumentalização” política.
No discurso de abertura do encontro do comitê conjunto do CCEE e da Conferência das Igrejas Europeias (KEK), que acontece e termina na tarde de hoje Varsóvia, capital da Polônia, o purpurado húngaro alertou para uma corrente que está ganhando peso, “que tolera, mas não considera a religião, e o cristianismo em particular, como elemento fundamental”. “Por outro lado, alguns políticos buscam apoio na tradição cristã, mas ao mesmo tempo, procuram adaptá-la de modo que sirva a um determinado objetivo”, salientou o arcebispo de Esztergom-Budapeste. No meio desta conjuntura, favorecida pela crise socioeconômica que a Europa está atravessando, “as Igrejas cristãs devem ter a coragem de prescindir desse protagonismo”, puramente “emocional”, que “tantos grupos” procuram hoje “capitalizar”.
“O cristianismo é uma religião da revelação, não é apenas racional ou filosófica, o papel da Igreja, assistida pelo Espírito Santo, é ser via para o reconhecimento do conteúdo da fé e não do puro raciocínio humano, que muda consoante a oportunidade”, apontou o cardeal Péter Erdö. A reunião do comitê CEE-CEC, recebida na sede da Cáritas da Polônia, em Varsóvia, tem como objetivo refletir sobre “a fé e a religiosidade numa Europa em mudança”. Os representantes dos dois organismos debateram ainda os “novos movimentos cristãos” que estão a surgir na região e identificar “desafios e oportunidades”.
No campo das oportunidades, o presidente do CCEE entende que “numa Europa à procura da sua identidade”, os cristãos “são responsáveis por manter vivo o anúncio do Deus vivo”, da “Boa Nova de Cristo”, portadora de “esperança”, e devem ser exemplo de “comunhão e compromisso” no meio da sociedade. Para o responsável do KEK, o Metropolita Emanuel da França, do Patriarcado Ecumênico, “o desafio que a Europa enfrenta hoje está tornando-a mais fraca e a crise econômica no sul do continente tornou ainda mais evidente a divisão com o norte”. O líder das Igrejas Europeias sustenta que esta conjuntura, em conjunto com “a revolta dos partidos de extrema-direita” e “o aumento da imigração” que se está verificando, ameaça o “processo da integração europeia”.
Quanto ao fenômeno migratório, ele tem também impacto direto na “religiosidade europeia”, pois “aumenta o fechamento das pessoas para a sua própria identidade” e “favorece a volta de um comunitarismo de tipo fundamentalista, acentuando as diferenças entre as diversas religiões”, conclui. O Conselho das Conferências Episcopais da Europa, criado em 1971, é composto pelas 33 conferências episcopais da Europa, representadas pelos seus presidentes, além dos arcebispos do Luxemburgo, Principado do Mônaco, Chipre dos Maronitas e o bispo de Chisinau, na Moldávia.
A Conferência das Igrejas Europeias, estabelecida em 1959, reúne 120 representantes de Igrejas Ortodoxas, Evangélicas, Anglicanas e Vétero-Católicas de todos os países da Europa, para além de mais 40 organismos associados.

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