domingo, 26 de maio de 2013

No limite da pobreza



Papa afirma que não há pior pobreza material do que a que não permiteganharo pão e priva da dignidade do trabalho.
O desemprego “está se alastrando” e “alargando de modo preocupante o limite da pobreza”:  é o sinal evidente que “alguma coisa não funciona” em todo o planeta e não só no “sul do mundo”. Denunciando que “não há pior pobreza material do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho”, o Papa Francisco solicitou a uma “reconsideração global de todo o sistema”, procurando novos caminhos para o reformar e corrigir “de modo coerente com os direitos fundamentais do homem, de todos os homens”.

Ocasião para esta reflexão foi a audiência à Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice, recebida na manhã de sábado (25). O encontro com o Papa concluiu os trabalhos do congresso internacional da Fundação sobre o tema: “Reconsiderando a solidariedade no emprego: os desafios do século XXI”. Para o Papa Francesco “reconsiderar a solidariedade” significa “conjugar o magistério com a evolução socioeconômica que, sendo constante e rápida, apresenta aspectos sempre novos”. E significa também, realçou,  “aprofundar, refletir ulteriormente para fazer emergir toda a fecundidade” do valor da solidariedade. Mas hoje, denunciou o Pontífice, é preciso voltar a dar à palavra solidariedade, mal vista pelo mundo econômico, como se fosse uma palavra má, a sua merecida cidadania social”. E, acrescentou improvisando, “a solidariedade não é uma atitude a mais, não é uma esmola mas um valor social. E pede-nos a sua cidadania”.

Com efeito, explicou o Papa, “a crise actual não é só econômica e financeira, mas afunda as raízes numa crise ética e antropológica. Considerar os ídolos do poder, do lucro, do dinheiro, acima do valor da pessoa humana, tornou-se norma fundamental de funcionamento e critério decisivo de organização”.

Assim, prosseguiu o Pontífice, “esquecemo-nos, no passado e hoje, que acima dos negócios, da lógica e dos parâmetros de mercado, está o ser humano e algo que se deve ao homem enquanto homem, em virtude da sua dignidade  profunda: oferecer-lhe a possibilidade de viver com dignidade e  participar activamente no bem comum”.

“Qualquer atividade humana”, disse ainda o Papa citando o seu predecessor Bento XVI, “também a econômica, precisamente porque humana, deve ser articulada e institucionalizada eticamente. Devemos voltar à centralidade do homem, a uma visão mais ética das actividades e das relações humanas, sem receio de perder algo”.
L’Osservatore Romano

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