domingo, 2 de junho de 2013

Artigo: O sorriso do papa

Por  Mario Ponzi

Uma brincadeira que se concluiu no melhor modo possível. O pe. Gianni Toni, assistente regional da União nacional italiana de transportes de doentes a Lourdes e aos santuários internacionais (Unitalsi), explica assim o encontro entre o Papa Francisco e os seus vinte e dois assistidos, realizado na capela da Domus Sanctae Marthae na tarde de sexta-feira 31 de Maio, não por acaso o último dia do mês mariano.

Os pequenos hóspedes do departamento de oncologia pediátrica do hospital de Roma Agostino Gemelli regressaram à cidade há poucos dias depois de uma peregrinação a Lourdes. “Quando estávamos em frente da gruta de Massabielle – explicou-nos o pe. Gianni – para aliviar com um pouco de alegria o cansaço improvisamos um jogo: desenhar a gruta de Lourdes, para o mostrar  depois ao Papa que não a conhece”. Certamente, revelou-nos o sacerdote, enquanto dizia estas coisas às crianças, nunca ninguém pensou que elas iram estar na presença do papa para lhe mostrar a gruta de Lourdes. Mas o desenho de Giovanni – um menino da Sardenha de oito anos, que se tornou cego devido a um tumor cerebral – realizado no quadro braille com base na descrição da gruta que lhe faziam os assistentes comoveu-os de tal maneira que decidiram enviá-lo realmente ao Pontífice   acompanhado por  uma carta que explicava do que se tratava. Portanto,  não foi necessário muito mais para que a brincadeira acabasse exatamente “da melhor forma”.

Teria sido bom vê-los, o pequeno João e o papa Francisco, ontem à tarde, um diante do outro. João perguntou-lhe: “Mas tu és guloso?”. E o Papa: “Sim, muitíssimo. Gosto de bolos e de chocolate. Tu também? Sim? Mas não te  causam dor de fígado?”. Giovanni mostrou-lhe então um grande saco vermelho: “Felizmente que és guloso, porque eu trouxe-te os doces da Sardenha”. Então o Papa respondeu: “Uhm, obrigado! Mas então podemos comê-los juntamente com as outras crianças?”.

E assim o encontro prosseguiu com o tom de diálogo entre um avô e os sues netinhos. As crianças, com os seus pais, os assistentes da Unitalsi do Lácio, guiados pela presidente da subsecção romana Preziosa Terrinoni, sentaram-se em semicírculo em frente do Papa que estava diante do altar. Rezaram juntos e a seguir o Pontífice começou a contar às crianças uma pequena história: “Certa vez Jesus teve que visitar um lugar muito importante. Mas não conseguia lá chegar. Depois do meio dia chegou e, imediatamente, os discípulos foram ter com ele: “Mas mestre, por que chegaste atrasado?”. Sabem o que Jesus lhe respondeu?  Ouçam muito bem: “Ao longo do caminho encontrei uma criança que estava a chorar. Parei para ficar com ela”. Assim faz Jesus com uma criança que chora. Com uma criança que tem qualquer problema. Toca o coração de Jesus, que o ama muito”.

Sucessivamente, o papa Francisco deu a palavra à pequena Michelle. “Estou muito feliz – disse-lhe – por estar aqui na tua casa com os amigos do hospital Gemelli, os médicos, os voluntários, e com os sacerdotes da Unitalsi que nos acompanham a Lourdes.  É bom poder ver-te verdadeiramente e não na televisão! Em Lourdes rezamos por ti, desenhamos a gruta de Nossa Senhora para te oferecer.   Prometemos que rezaremos ainda por ti e queremos pedir-te para que rezes por todas as criança doentes do Gemelli e do mundo. O Pontífice agradeceu à menina abraçando-a. Continuou a cariciar prolongadamente a sua cabecinha enfaixada. Comovido recomeçou a falar com as crianças, continuando o diálogo sobre o amor de Jesus e perguntando-lhes: “Será  que Jesus está neste momento aqui conosco? Sim? Tendes certeza? Bem. Ele está conosco porque nos ama sempre. Jesus caminha conosco na vida e quando temos problemas ele está sempre ao nosso lado”.

O encontro prosseguiu numa atmosfera muito especial. Criou-se gradualmente uma corrente de amor extraordinária. Tudo se concluiu com a oração. Mas antes o Pontífice quis falar de novo ao coração das crianças, pedindo-lhe para que repetissem com ele: “Jesus está sempre conosco. Quando estamos felizes e contentes Jesus está sempre conosco. Quando estamos tristes, Jesus está ao nosso lado. E por quê? Porque Jesus nos ama. Nunca vos esqueçais”. Será difícil que estes pequeninos e os seus pais o possam esquecer. Assim como será difícil que o Papa possa esquecer o último pedido de Michelle: “Papa Francisco, reza pelos nossos pais para que possam ter sempre um sorriso como o teu”.
L’Osservatore Romano, 02-06-2013

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