quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Uma luz mansa, humilde e cheia de amor


A humildade, a mansidão, o amor, a experiência da cruz são os meios através dos quais Deus derrota o mal. E a luz que Jesus trouxe ao mundo vence a cegueira do homem, muitas vezes ofuscado pela luz falsa do mundo, mais poderosa, mas enganadora. Compete a nós saber discernir qual é a luz que vem de Deus. É este o sentido da reflexão apresentada pelo Papa Franceisco durante a missa celebrada esta manhã, terça-feira 3 de setembro na capela da Domus Sanctae Marthae.

Comentando a primeira leitura, o Santo Padre destacou a "bonita palavra" que São Paulo dirige aos Tessalonicenses: “Vós irmãos não estais nas trevas... sois todos filhos da luz, os filhos do dia, não da noite. Nós não pertencemos à noite nem às terevas" (1 Ts 5,1- 6, 9-11). É claro, explicou o Papa, o que quer dizer o apóstolo: "a identidade cristã é a identidade da luz, não a das trevas". E Jesus trouxe esta luz no mundo.
"São João – esclareceu Papa Francisco – no primeiro capítulo de seu Evangelho nos diz ‘a lua veio ao mundo’, ele Jesus”. Uma luz que “não foi aceita pelo mundo”, mas que, no entanto, “nos salva das trevas, das trevas do pecado". Hoje, continuou o Pontífice, pensa-se que seja possível obter esta luz que quebra as trevas através de tantas descobertas científicas e outras invenções do homem, graças às quais “se pode conhecer tudo, se pode ter a ciência do todo”.
Mas "a luz de Jesus – alertou Papa Francisco – é outra coisa. Não é uma luz de ignorância, não, não! É uma luz de sabedoria, de iluminação, bem outra coisa. A luz que nos oferece o mundo é uma luz artificial. Talvez forte, mais forte daquela de Jesus! Forte como  um fogo de artifício, como um flash de uma foto. No entanto, a luz de Jesus é uma luz mansa, é uma luz tranquila, é uma luz de paz. É como a luz da noite de Natal: sem pretensões. E assim: oferece-se e se dá paz.
A luz de Jesus não dá espetáculo: é uma luz que vem do coração. É verdade que o diabo, e isso o afirma São Paulo, tantas vezes, se apresenta como anjo da luz. Ele gosta de imitar a luz de Jesus. Se apresenta bondoso e nos fala assim tranquilamente, como falou a Jesus após o jejum no deserto: "se tu é filho de Deus, faze este milagre, joga-te do templo" dá show! E fala de uma maneira tranquila, e, portanto, enganadora.

Por isso Papa Francisco aconselhou "pedir tanto a Deus a sabedoria do discernimento para reconhecer quando é Jesus que nos dá a luz e quando é exatamente o demônio que se apresenta em anjo de luz. Quantos acreditam de viver na luz, mas estão nas trevas e não percebem!".

Mas como é a luz que Jesus nos oferece? "Podemos reconhecê-la – explicou o Santo Padre – porque é uma luz humilde. Não é uma luz que se impõe, é humilde. É uma luz mansa, com a força da mansidão; é uma luz que fala ao coração e é também uma luz que oferece a cruz. Se nós , na nossa luz interior, somos homens mansos ouvimos a voz de Jesus no coração e olhamos sem medo à luz na luz de Jesus".
Mas se, pelo contrário, nos deixamos levar por uma luz que nos dá segurança, orgulho e nos leva a olhar os outros de cima para baixo, a menosprezá-los com a soberba, certamente não nos encontramos na presença da "luz de Jesus". É, no entanto, "luz do diabo disfarçada de Jesus – disse o Bispo de Roma – de anjo de luz.  Devemos distinguir sempre: onde está Jesus, encontra-se sempre humildade, mansidão, amor a e cruz. Nunca encontraremos, de fato, Jesus sem humildade, sem mansidão, sem amor e sem cruz. Ele, por primeiro, andou por este caminho de luz. Precisamos ir atrás dele sem medo, porque “Jesus tem a força e a autoridade para dar-nos esta luz".
Uma força descrita no evangelho no texto do Evangelho da liturgia de hoje, em que Lucas narra o episódio da expulsão, em Cafarnaum, do demônio do homem  possuído (cfr. Lc 4,16-30). O povo – sublinhou o Papa comentando a leitura –ficou tomado de medo  e, diz o Evangelho, se perguntava: ‘que palavra é esta que manda com autoridade e poder sobre os espíritos impuros e eles obedecem?’. Jesus não precisa de um exército para expulsar os demônios, não necessita da soberba, não precisa da força, do orgulho”. Qual é esta palavra "que manda com autoridade e poder sobre os espíritos impuros e eles obedecem?", perguntou o Pontífice.
"É uma palavra – foi sua resposta - humilde, mansa, com tanto amor". É uma palavra que nos acompanha nos momentos de sofrimentos, quando nos aproximamos da cruz de Jesus. "Peçamos a Deus – foi a exortação final de Papa a Francisco – que nos dê hoje a graça de sua luz e nos ensine a distinguir quando a luz é sua luz e quando é uma luz artificial feita pelo inimigo para nos enganar".
L'Osservatore Romano, 04-09-2013.

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