domingo, 10 de novembro de 2013

A importância do diálogo Inter-religioso

Foi o próprio Jesus que falou: “que todos sejam um, para que o mundo creia”.


Papa recebe líder muçulmano: aproximação com os irmãos.
Por Dom Demétrio Valentini

Ainda no contexto do último mês de outubro, mês missionário, precisamos incluir em nossas intenções missionárias, as grandes religiões do mundo. Pois agora, a partir do Concilio Vaticano II, somos desafiados a ter um olhar diferente sobre as grandes religiões, reconhecendo nelas muitos valores positivos, nos quais dá para perceber a atuação do Espírito Santo, que está sempre pronto a vir em auxílio de quem busca com sinceridade os caminhos que levam para Deus.

Diz textualmente o Concílio, no seu documento "Nostra Aetate": "A Igreja Católica nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nestas religiões". E acrescenta: “Exorta por isto seus filhos que, com prudência e amor, através do diálogo e da colaboração com os seguidores de outras religiões, testemunhando sempre a fé e a vida cristãs, reconheçam, mantenham e desenvolvam os bens espirituais e morais, como também os valores sócio-culturais, que entre eles se encontram”.

É bom termos um mapa aproximado dessas grandes religiões no mundo. Algumas delas têm suas raízes na cultura asiática, a mais antiga do mundo, com suas tradições milenares. Duas delas emergem com força no contexto da Ásia: o Budismo e o Hinduísmo, ambas originárias da Índia. Sendo que o Budismo se propagou mais nos países orientais da Ásia, especialmente na China e no Japão.

Outras duas grandes religiões têm sua origem no Oriente Médio, o Judaísmo e o Islamismo, a religião dos muçulmanos. Por diversos motivos a Igreja se sente mais próxima, e mais ligada a estas duas grandes religiões, o Judaísmo e o Islamismo. A partir do Concílio, a Igreja assumiu uma postura de mais respeito, superando hostilidades que possa ter havido na história, e propondo um diálogo que possibilite uma progressiva aproximação com as grandes tradições religiosas.

O relacionamento com os judeus melhorou muito, sobretudo a partir da decisão tomada por João XXIII, de modificar a prece pelos judeus, na liturgia da Semana Santa. Antes, a formulação desta prece chegava a ser ofensiva, pois se referia a eles como “pérfidos judeus”.

Com eles existe agora um clima de respeito, que é fortalecido por atitudes simbólicas. Diversas vezes o Papa foi visitar sinagoga dos judeus em Roma. João Paulo II chamou os judeus de "nossos irmãos maiores".

O Concílio falou de maneira muito respeitosa a respeito dos muçulmanos. O seu livro sagrado apresenta Cristo como um profeta, e fala de Maria de maneira muito respeitosa.

Portanto, haveria muitas coincidências a nível de fé, entre a religião fundada por Maomé, e a nossa religião cristã. Mas infelizmente, na história, o relacionamento com os muçulmanos foi marcado por guerras religiosas e incompreensões mútuas, cujas consequências ainda não foram assimiladas.

Entre os muçulmanos, ao lado de correntes fundamentalistas que ainda propagam a “guerra santa” contra os cristãos, existem grupos moderados e profundamente religiosos, com os quais é possível manter um diálogo construtivo.

Todas estas dificuldades de aproximação e de entendimento, deveriam mostrar aos cristãos a urgente necessidade de reconciliação entre nós, superando nossas divisões internas, como cristãos, que infelizmente ainda existem. Foi o próprio Jesus que falou: “que todos sejam um, para que o mundo creia”.

Assim como a missão abre o caminho para a renovação da Igreja, assim a aproximação com as grandes religiões não cristãs, se transforma em apelo para a unidade dos cristãos!
A12, 24-10-2013.
*Dom Demétrio Valentini é Bispo de Jales (SP).

Nenhum comentário:

Postar um comentário