O Advento (do latim Adventus:
"chegada", do verbo Advenire:
"chegar a")1 é
o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de
expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e
promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro
semanas que antecedem o Natal.
Origem
A primeira referência ao
"Tempo do Advento" é encontrada na Península Ibérica, quando no ano 380,
o Sínodo de Saragoça prescreveu
uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também
se celebrava o Natal. Na Gália, Perpétuo, bispo de Tours,
instituiu seis semanas de preparação para o Natal e,
em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no
fim do século V.
Há relatos de que o Advento
começou a ser observado entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como
preparação para a festa do Natal.
No final do século IV, na Gália (atual França) e na Península Ibérica (actualmente
Portugal e Espanha), tinha caráter ascético com jejum, abstinência e duração de 6
semanas como na Quaresma (quaresma
de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à
preparação dos catecumenos para
o batismo na festa da Epifania.
Somente no final do século VII,
em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a
segunda vinda do Senhor, passando a ser celebrado durante 5 domingos.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também
para as igrejas reformadas,
em particular a Anglicana, a Luterana, Metodista e a Batista dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de
quarenta dias de jejum como preparação para o Natal.
O tempo do advento e suas características
O tempo do Advento é para toda a
Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e
esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a
vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de
seu noivo, seu amado.
O Advento começa às vésperas do
Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do
Natal de Jesus contando quatro domingos.
Esse tempo possui duas
características: Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para
a segunda vinda definitiva
e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador
e Senhor da história, no final dos tempos. As duas últimas semanas, dos dias 17
a 24 de Dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a
primeira vinda de Jesus entre nós. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de
piedosa e alegre expectativa. Uma das expressões desta alegria é o canto das
chamadas "Antífonas do Ó".
O início do advento é conhecido
tradicionalmente como o dia certo para montar a árvore de natal.
Teologia do
advento
O Advento recorda a dimensão
histórica da salvação, evidencia a
dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo.
Ao serem aprofundados os textos
litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da
vinda do Senhor, Jesus, que de fato se encarna e
se torna presença salvífica na
história, confirmando a promessa e a aliança feita
ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e
torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus
da Revelação.
Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a
salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final
dos tempos.
O caráter missionário do Advento
manifesta-se na Igreja pelo
anúncio do Reino e a
sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As
figuras de João Batista e Maria são
exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer preparando o
caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se
pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de
ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é,
portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da
salvação e assim termos a Jesus como referência e fundamento, dispondo-nos a
"perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade do advento
A liturgia do Advento nos
impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais
cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a
conversão. Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre
expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo
que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo
irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A
esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só
se consumará definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da
Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de
esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação
de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na
vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e
tribulações da vida, diante das perseguições, etc.
O Advento também é tempo
propício à conversão.
Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a
esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o
caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente
contra o pecado, através de uma maior disposição
para a oração e mergulho
na Palavra.
No Advento, precisamos nos
questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas
principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente
de Deus e não dos bens terrenos. Pobreza que tem n'Ele a única riqueza, a única
esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.
As figuras do advento
Isaías é o profeta que, durante os tempos
difíceis do exílio do povo eleito, levava a consolação e a esperança. Na
segunda parte do seu livro, dos capítulos 40 - 55 (Livro da Consolação),
anuncia a libertação, fala de um novo e glorioso êxodo e da criação de uma nova
Jerusalém, reanimando assim os exilados.
As principais passagens deste
livro são proclamadas durante o tempo do Advento num anúncio perene de
esperança para os homens de todos os tempos. Ele que no capítulo 7 do seu livro
já anuncia a vinda do Senhor
É o último dos profetas e
segundo o próprio Jesus, "mais que um profeta", "o maior entre
os que nasceram de mulher", o mensageiro que veio diante d'Ele a fim de
lhe preparar o caminho, anunciando a sua vinda (Lc 7, 26 - 28), pregando aos
povos a conversão, pelo conhecimento da salvação e perdão dos pecados (Lc 1,
76s).
A figura de João Batista ao ser
o precursor do Senhor e aponta como presença já estabelecida no meio do povo,
encarna todo o espírito do Advento. Por isso ele ocupa um grande espaço na
liturgia desse tempo, em especial no segundo e no terceiro domingo.
João Batista é o modelo dos que
são consagrados a Deus e que, no mundo de hoje, são chamados a também ser
profetas e profetisas do reino, vozes no deserto e caminho que sinaliza para o
Senhor, permitindo, na própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de
si mesmo, levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.
Nos textos bíblicos do Advento,
se destaca José, esposo de
Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o pai adotivo de
Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de Jesus, José tem um lugar
especial na encarnação, permitindo que se cumpra em Jesus o título messiânico
de "Filho de Davi".
José é justo por causa de sua
fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.
A celebração do advento
O Advento deve ser celebrado com
sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória, para que na festa do
Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a
Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório
litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos
sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do
Natal de Jesus.
Os paramentos litúrgicos(casula, estola, dalmática, pluvial, cíngulo, etc) são de cor roxa, bem como o
véu que recobre o ambão, a bolsa do
corporal e o véu do cálice; como sinal de recolhimento e conversão em
preparação para a festa do Natal. A única exceção é o terceiro domingo do
Advento, Domingo Gaudete ou
da Alegria, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo,
para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os
altares são ornados com rosas cor-de-rosa. O
nome de Domingo Gaudete refere-se
à primeira palavra do intróito deste dia, que é tirado da segunda leitura que
diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor
está perto"(Fl 4, 4). Também é chamado "Domingo mediano", por
marcar a metade do Tempo do Advento, tendo analogia com o quarto
domingo do Tempo da Quaresma,
chamado Laetare.
No dia do início do Advento são
montados o Presépio, a Árvore de Natal e a Coroa do Advento.
Tradicionalmente este é o dia correto para montagem do Presépio e da Árvore de Natal,2 3 apesar de o dia de montar as decorações natalinas variar
em alguns países.4
Símbolos do Advento
Vários símbolos do Advento nos
ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo.
Entre eles há a coroa ou grinalda do
Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando
um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do
Advento. A coroa pode ser, colocada ao lado do altar ou em qualquer outro lugar
visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma, no segundo duas e
assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4° domingo. A luz nascente
indica a proximidade do Natal, quando Cristo Salvador e Luz do Mundo, brilhará para toda a
humanidade, e representa também, nossa fé e nossa alegria pelo Deus que vem. A
cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações em preparação para
acolher o Cristo que vem. A vela de cor rosa, nos chama a alegria, pois o
Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que
virá.
A coroa está formada por uma
grande quantidade de símbolos:
O círculo não tem princípio, nem fim. É
sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso
amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma
ideia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
As ramas verdes
Verde é a cor da esperança e da
vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a
glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas
pelo Senhor Jesus, em sua primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança
renovada, aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta. O
ramos dos pinheiros permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos, assim como
os cristãos devem manter fé e a esperança apesar das tribulações da vida.
A fita vermelha
A fita e o laço vermelho que
envolvem a grinalda simbolizam o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a
embalar toda criação que é remida com a chegada de Jesus.
As bolas
As bolas simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração
de cada cristão.
As quatro velas
As quatro velas da coroa
simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento5 . No início, vemos nossa coroa sem luz e
sem brilho. Nos recorda a experiência de escuridão do pecado. A medida em que
se vai aproximando o Natal, vamos ao passo das semanas do Advento, acendendo
uma a uma as quatro velas representando assim a chegada, em meio de nós, do
Senhor Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda escuridão, trazendo aos nossos
corações a reconciliação tão esperada. A primeira vela lembra o perdão
concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros
Patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A terceira lembra a alegria
do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. A quarta
recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador. O mais adequado é que
todas as velas da coroa do Advento sejam roxas, com exceção de uma que pode ser
rosa para lembrar o Domingo Gaudete.
Neste ponto, temos que fazer uma
cuidadosa distinção: as velas roxas são usadas na coroa do Advento, mas não
fazem partes das velas para celebração do Santo Sacrifício da Missa, uma vez
que a coroa do Advento surgiu da piedade popular. O segundo ponto é que as
velas para a celebração da Missa não seguem a cor usada pelo celebrante.
Portanto, é errado usarmos velas verdes durante o tempo Comum, ou vermelhas no
Domingo de Ramos. As velas, como nos orientam os documentos da Igreja, devem
ser de cera amarela ou de parafina branca, independente da cor litúrgica do
dia. Somente o sacerdote manifesta a cor litúrgica do dia. Outra razão para não
serem usadas as velas coloridas é que todos os símbolos da liturgia devem ser
naturais, assim como a água, o vinho e etc.
Referências
1. Ir para cima↑ Advento
– Liturgia e espiritualidade. Franciscanos. Página visitada em
22/10/2012.
2. Ir para cima↑ G1 (23 de novembro de 2008). Dia certo para montar a árvore de Natal é 30 de
novembro. Página visitada em 14 de novembro de 2013.
3. Ir para cima↑ SuaPesquisa.com (12 de abril de
2012). Árvore de Natal. Página visitada em 14
de novembro de 2013.
4. Ir para cima↑ Velhos Amigos. Quando Montar o Presépio e a Árvore?.
Página visitada em 14 de novembro de 2013.
5. Ir para cima↑ Tempo do Advento. Página visitada em
22/10/2012.
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