
Héctor vive há 22 anos no Brasil, sendo 13 deles em solo pernambucano. Antes, passou um período viajando. “Aos 18 anos, fui para a Espanha seguir carreira eclesiástica. Depois, para Itália e Estados Unidos. Pertencia a uma congregação que me mandava trabalhar em outros países, até que saí dela e optei por ter uma experiência diocesana no Brasil”, contou. Ele explica o motivo. “O Brasil é muito parecido com o México, similar na alegria. Nós somos muito devotos da Nossa Senhora de Guadalupe (padroeira do México) e os brasileiros à Nossa Senhora Aparecida (padroeira nacional). Ambos são países católicos e semelhantes no modo de pensar”, diz Héctor, explicando sua escolha final por São Lourenço da Mata. “Vi que essa região tinha uma necessidade grande de expandir o sacerdócio. Cheguei aqui e a cidade tinha mais de 100 mil habitantes e apenas um padre. Diria que ouvi uma voz interior pedindo que eu ficasse”.
Quem hoje vê Héctor celebrando as missas, não imagina que o mexicano poderia ter seguido uma carreira bem diferente. “Costumava jogar bola no seminário, como atacante”, sorri. Fã de Hugo Sanchez – ex-jogador mexicano que disputou três Copas do Mundo -, o padre conta que não pôde acompanhar de perto os dois Mundiais realizados no seu país. “Em 1970, estava na Espanha e na época não tinha tantas transmissões. E olha que a final dessa Copa foi em Guadalajara, justo onde nasci. Já em 1986, me encontrava na Itália, recluso em um retiro espiritual”, lamenta. Mas de 2012 ele lembra. “Assisti à Olimpíada em que o México ganhou do Brasil”. Coração dividido na final? “Não, meu coração é todo mexicano”.
Torcedor do Chivas Guadalajara, “o maior, mais popular e dono de uma das maiores torcidas do mundo”, diz Héctor – deixando o lado torcedor transbordar -, ele diminui o ufanismo ao comentar as possibilidades da seleção mexicana no mundial. “Tem bons jogadores, como Peralta e Chicharito, mas logo deve ser eliminada”. Sem nunca ter assistido in loco um jogo do México, o padre diz que não deve acompanhar o duelo da seleção na Arena Pernambuco, sua “paróquia”, contra a Croácia. “Vou ficar em casa vendo pela TV, assim como esse jogo do Brasil”. E se alguma partida cair no mesmo horário de uma missa? “Eu gravo ou então peço para alguém ir (na missa) no meu lugar”, brinca. No final, uso um discurso otimista. “Quem sabe o México não surpreende”. Em resposta, escuto: “Vamos ter fé”. Algo que Héctor tem de sobra.
Texto: William Tavares/Folha de Pernambuco
Foto: Marina Mahmood/Folha de Pernambuco
Foto: Marina Mahmood/Folha de Pernambuco
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