quarta-feira, 25 de junho de 2014

São Josemaría Escrivá

São Josemaría Escrivá nasceu em 1902 em Barbastro, Espanha. É o segundo de seis irmãos. Aprendeu de seus pais e na escola os fundamentos da fé, e desde pequeno viveu costumes cristãos como a confissão e a comunhão freqüentes, a recitação do terço e a esmola. A morte das três irmãs pequenas e a ruína econômica da família fizeram-no experimentar muito cedo o sofrimento e a dor: esta experiência temperou o seu caráter, naturalmente alegre e expansivo, e o fez amadurecer. Em 1915 a família se mudou para Logronho, onde seu pai conseguira um novo trabalho.

Em 1918, Josemaría intuiu que Deus queria algo dele, mesmo não sabendo de que se tratava. Decidiu entregar-se completamente a Deus, fazendo-se sacerdote. Deste modo, pensava que estaria mais disponível para cumprir a vontade divina. Começou os seus estudos eclesiásticos em Logronho, e em 1920 prosseguiu-os no seminário diocesano de Saragoça, em cuja Universidade Pontifícia completou a sua formação prévia ao sacerdócio. Em Saragoça fez também — por sugestão do seu pai e com a permissão dos superiores — o curso de Direito. Em 1925 recebeu o sacramento da Ordem e começou a desenvolver o seu ministério pastoral, com o qual, a partir de então, identificou a sua existência. Já sacerdote, continuou à espera da luz definitiva sobre o que Deus queria dele.

Em 1927 mudou-se para Madri a fim de obter o doutorado em Direito. Acompanharam-no a sua mãe, a sua irmã e o seu irmão, pois, desde o falecimento do pai, em 1924, Josemaría é o chefe de família. Na capital da Espanha, desenvolveu um intenso serviço sacerdotal, principalmente entre os pobres, doentes e crianças. Ao mesmo tempo, sustentava-se e mantinha a sua família dando aulas de Direito.

Foram tempos de grandes apertos econômicos, vividos por toda a família com dignidade e bom humor. O seu apostolado sacerdotal estendeu-se também a jovens estudantes, artistas, operários e intelectuais que, em contato com os pobres e doentes atendidos por Josemaría, vão aprendendo a praticar a caridade e a se comprometerem com sentido cristão na melhora da sociedade.

Em Madri, em 2 de outubro de 1928, durante um retiro espiritual, Deus fez-lhe ver a missão à qual o havia destinado: nesse dia nasceu o Opus Dei. A missão específica do Opus Dei é promover, entre homens e mulheres de todos os âmbitos da sociedade um compromisso pessoal de seguir a Cristo, de amor a Deus e ao próximo e de procura da santidade na vida cotidiana. Desde 1928, Josemaría Escrivá se entregou de corpo e alma ao cumprimento da missão fundacional que recebera, ainda que não se considerasse por isso um inovador ou um reformador, pois estava convencido de que Jesus Cristo é a eterna novidade e de que o Espírito Santo rejuvenesce continuamente a Igreja, a cujo serviço Deus suscitou o Opus Dei. Em 1930, como conseqüência de uma nova luz que Deus acendeu na sua alma, iniciou o trabalho apostólico do Opus Dei entre as mulheres. Josemaría Escrivá colocará sempre a mulher, como cidadã e como cristã, frente à sua pessoal responsabilidade — nem maior nem menor que a do homem — na construção da sociedade civil e da Igreja.

Em 1934 publicou — com o título provisório de “Considerações espirituais” — a primeira edição de “Caminho”, a sua obra mais difundida, da qual já foram editados mais de quatro milhões de exemplares. Na literatura espiritual, Josemaría Escrivá também é conhecido por outros títulos como “Santo Rosário”, “É Cristo que passa”, “Amigos de Deus”, “Via Sacra”, “Sulco” ou “Forja”. A guerra civil espanhola (1936-1939) representou um sério obstáculo para a incipiente fundação. Foram anos de sofrimento para a Igreja, marcados, em muitos casos, pela perseguição religiosa, da qual o fundador do Opus Dei só conseguiu sair incólume depois de muito sofrimento.

Em 1943, por uma nova graça fundacional que Josemaría Escrivá recebeu durante a celebração da Missa, nasceu a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, na qual se incardinam os sacerdotes que procedem dos fiéis leigos do Opus Dei. O fato de que os fiéis leigos e os sacerdotes pertençam plenamante ao Opus Dei, assim como a cooperação orgânica de uns com os outros nos seus apostolados, é um traço próprio do carisma fundacional do Opus Dei que a Igreja confirmou ao determinar a sua específica configuração jurídica. A Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz desenvolve também, em plena sintonia com os Pastores das Igrejas locais, atividades de formação espiritual para sacerdotes diocesanos e candidatos ao sacerdócio. Os sacerdotes diocesanos também podem fazer parte da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, sem deixar de pertencer ao clero das suas respectivas dioceses.

Consciente de que a sua missão tem fundamento e alcance universais, Josemaría Escrivá se transferiu para Roma em 1946, assim que acabou a guerra mundial. Entre esse ano e 1950, o Opus Dei recebeu várias aprovações pontifícias com as quais ficaram corroborados os seus elementos fundacionais específicos: a sua finalidade sobrenatural, concretizada em difundir a mensagem cristã da santificação da vida cotidiana; a sua missão de serviço ao Romano Pontífice, à Igreja universal e às Igrejas locais; o seu caráter universal; a secularidade; o respeito à liberdade e à responsabilidade pessoais e o pluralismo em temas políticos, sociais, culturais, etc. De Roma, por impulso direto do fundador, o Opus Dei foi-se estendendo paulatinamente para trinta países dos cinco continentes, entre 1946 e 1975.

A partir de 1948, pessoas casadas que procuram a santidade no seu próprio estado de vida podem pertencer ao Opus Dei a pleno título. Em 1950, a Santa Sé aprova também que sejam admitidos como cooperadores e ajudem nos trabalhos apostólicos do Opus Dei homens e mulheres não católicos e não cristãos: ortodoxos, luteranos, judeus, muçulmanos, etc.

Na década de 50, Josemaría Escrivá estimulou o início de projetos muito variados: escolas de formação profissional, centros de capacitação para camponeses, universidades, colégios, hospitais e ambulatórios médicos, etc Estas atividades, frutos da iniciativa de fiéis cristãos comuns que desejam atender — com mentalidade laical e com sentido profissional — as necessidades concretas de um determinado lugar, estão abertas a pessoas de todas as raças, religiões e condições sociais: a clara identidade cristã das iniciativas promovidas pelos fiéis do Opus Dei, com efeito, se compagina com um profundo respeito à liberdade das consciências.
Durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), o fundador do Opus Dei manteve uma relação intensa e constante com numerosos Padres conciliares. Alguns dos temas que formam o núcleo do magistério conciliar foram freqüente objeto de suas conversas, como por exemplo a doutrina sobre a chamada universal à santidade ou sobre a função dos leigos na missão da Igreja. Profundamente identificado com a doutrina do Vaticano II, Josemaría Escrivá promoverá diligentemente que seja levada à prática através das atividades formativas do Opus Dei em todo o mundo.

Entre 1970 e 1975, o seu empenho evangelizador levou-o a empreender viagens de catequese pela Europa e pela América. Teve numerosas reuniões de formação, de estilo simples e familiar — mesmo quando estavam presentes milhares de pessoas — nas quais falava de Deus, dos sacramentos, das devoções cristãs, da santificação do trabalho, com o mesmo vigor espiritual e capacidade de comunicação dos seus primeiros anos de sacerdócio.

Faleceu em Roma, no dia 26 de junho de 1975. Choraram a sua morte milhares de pessoas que se aproximaram de Cristo e da Igreja graças ao seu trabalho sacerdotal, ao seu exemplo e aos seus escritos. Um grande número de fiéis recorreram à sua intercessão desde esse dia, e pediram a sua elevação aos altares.

Em 6 de outubro de 2002, mais de 400.000 pessoas assistiram, na Praça de São Pedro, à canonização de Josemaría Escrivá. Na homilia, João Paulo II destacou que o novo santo “compreendeu claramente que a missão dos batizados consiste em elevar a Cruz de Cristo sobre todas as realidades humanas, e sentiu surgir no seu interior a apaixonante chamada para evangelizar em todos os ambientes”.

O Papa animou os peregrinos vindos dos cinco continentes a seguir os seus passos. “Difundam na sociedade, sem distinção de raça, classe, cultura ou idade, a consciência de que todos somos chamados à santidade. Esforcem-se por ser santos, vocês mesmos em primeiro lugar, cultivando um estilo evangélico de humildade e espírito de serviço, de abandono na Providência e de permanente escuta da voz do Espírito”. 

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