quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Não há pecado sem perdão


Quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?
Certa vez, em uma pequena cidade francesa, um pedinte chamado Leôncio costumava permanecer esmolando à entrada da igreja. Na hora da santa Missa, todos entravam, menos ele. Apesar disso, o padre gostava do homem. Era humilde, submisso e resignado.

Um dia, ele não apareceu. Após vários dias, preocupado com a sua ausência, o padre decidiu procurá-lo. Depois de muito indagar, encontrou Leôncio em um quartinho úmido e sombrio.

Ao entrar, muita coisa chamou a sua atenção. Na parede, suja e escura, estava um relógio de ouro antigo e valiosíssimo. Ao lado do relógio, fotografias em molduras de muito bom gosto. Havia também um divã revestido de um tecido damasceno de alto valor.

Leôncio percebeu o olhar surpreso e indagador do padre, e contou-lhe a sua história: “Muito pobre, fui levado para servir no castelo de um fidalgo. Procurei servi-lo bem, chegando a ser seu secretário. Com isso, tornei-me conhecedor profundo das transações comerciais e industriais do nobre patrão.

Motivos políticos levaram a região à revolta, com muita gente presa. Aquele fidalgo decidiu fugir com a família para outra região da França. Ninguém sabia o rumo que tomara. Foi procurado por toda parte. As autoridades ofereceram alta soma de dinheiro para quem revelasse o seu esconderijo.

Fascinado pelo ouro, fiz a revelação, e o fidalgo e sua família foram capturados e condenados. Morreram na guilhotina ele, a esposa e duas lindas filhas. Só o caçula foi poupado. Eu não posso acreditar no perdão para quem premeditadamente cometeu esse crime que cometi. Veja aí sobre a mesinha a foto daquela família. Eu me sinto hoje o mais indigno pecador”.

“Bem, mas para Deus não há pecado que não mereça perdão”, disse o padre. “Busque-o enquanto é tempo.

E, apontando para a foto, disse: “Eu sou este mais novo. Esta é a minha família, que você levou à morte. Entretanto, eu perdoo você. Perdoo completamente. Ainda assim você acha que Deus não o perdoa?”

Senhor, perdoai-nos como nós perdoamos!

“Pedro perguntou a Jesus: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?’ Jesus respondeu: ‘Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes” (Mt 18,21-22). Este “setenta vezes sete” significa até ao infinito, tanto em relação ao número quanto ao tipo de ofensas.
CNBB, 06-08-2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário