quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O poder pelo 'poder' e o poder pelo serviço


O exercício do poder exige sabedoria humana e divina. Por isto, a Palavra de Deus também deve ser referência.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto*

A trajetória política, realizada por uma sociedade, tem marcas relevantes no cenário da vida comunitária. O termo "poder" é alvo perseguido, de forma digna ou desleal, durante a campanha em preparação para as eleições. Até digo, que num regime democrático capitalista, como no caso do Brasil, quase sempre tem poder quem gasta mais e consegue “comprar” a liberdade do eleitor.

No entendimento da mensagem cristã, poder significa serviço, doação, administração com responsabilidade e colocar-se à disposição para construir o bem comum. Essa é a missão do papa, dos bispos, dos padres e de todos aqueles que se colocam na prática da solidariedade. Não deveria ser diferente na gestão dos cargos públicos civis. Temos que eleger pessoas com esse perfil.

O poder-serviço é o oposto do poder pelo “poder”. Esta segunda categoria está muito presente na administração pública, dificultando o uso correto das riquezas que uma nação tem. Por isso, o momento das campanhas eleitorais é muito importante. Até lamentamos o acidente e morte de um dos candidatos, porque seria mais uma opção de escolha para presidente da República.

Um candidato eleito deve ser porta-voz do povo. Na Igreja, o escolhido é entendido como porta-voz da fé e da entidade por ele representada. Passa a ter as chaves das portas que permitem o acesso aos bens que favorecem sua dignidade. É uma tarefa ratificada por Deus, porque todo poder vem Dele.

A liderança comunitária não pode ser expressão de ambição pessoal. O voto, como vontade popular da maioria exigida, descredencia o eleito do poder de agir em função de favoritismos particulares, desconectados com a maioria. Ele deve ser visto, dentro do âmbito de seu poder, como “servo da unidade”, e não alguém que age com autoritarismo.

O exercício do poder exige sabedoria humana e divina. Por isto, a Palavra de Deus também deve ser referência para uma boa e honesta administração. As principais decisões, quando a comunidade é ouvida, o peso delas faz produzir efeitos muito mais férteis, favorecendo a maioria. Passam a ser ações abençoadas por Deus.
CNBB, 19-08-2014.
*Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).

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