terça-feira, 17 de março de 2015

Entrevista: Monsenhor Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais



celliA força motriz da comunicação na Igreja é a atração e não a propaganda religiosa, e isso requer o nosso testemunho pessoal. Portanto, os católicos devem estar presentes nas oportunidades e desafios apresentados pelo continente digital, dando testemunho mais do que ‘bombardeando’ informações. Foi o que disse o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Monsenhor Claudio Maria Celli, nesta entrevista concedida à Zenit, ressaltando que é necessário o empenho de comunidades que acolhem de maneira fraterna e concreta esses homens e mulheres que encontram Jesus na web.
Zenit: Quais são os desafios e as novidades na comunicação da Igreja?
Mons. Celli: Eu acho que um dos grandes desafios que enfrentamos hoje é a presença da Igreja no contexto criado pelas novas tecnologias. Com certeza, a Igreja tem como referência o testemunho pessoal, e o Papa Francisco voltou a lembrar, como fez seu antecessor, Paulo VI na Evangelii nutiandi, que a Igreja comunica por atração e não por propaganda religiosa. Portanto, isso é importante: atração significa que os outros vão entender a mensagem através do nosso testemunho. Esta é a principal força da comunicação da Igreja.
Depois, temos a mídia tradicional, acho que a imprensa, o rádio e a televisão, embora seja inegável que hoje as novas tecnologias da comunicação, deram origem ao que chamamos de continente digital. Então, eu diria que é o grande desafio, mas também uma grande oportunidade.
Zenit: E sobre as redes sociais?
Mons. Celli: No grande contexto das redes sociais, somos chamados a testemunhar os valores em que acreditamos. E por isso, o Papa Francisco em sua primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, disse: “Não tenham medo de entrar nas redes sociais”. Não é um convite ingênuo. Nós todos sabemos os riscos e os perigos que existem nas redes sociais, na internet.
Papa Francisco expressa de modo muito simpático, ele diz que o problema não é ‘bombardear’ as redes sociais com mensagens religiosas, mas é uma questão mais profunda, é dar testemunho. Resumir a vida, a minha vida e o Evangelho. Porque as pessoas hoje em dia, como nos recordava o Papa Paulo VI, acreditam mais nas testemunhas do que nos mestres. E se acredita no mestre é porque é testemunho.
Zenit: É importante que as conferências episcopais, dioceses e paróquias estejam na web?
Mons. Celli: Mais uma vez, eu acho que a questão não é apenas dar informações, mas dar testemunho de vida. É verdade que, lamentavelmente, nem todas as dioceses têm o seu site e muito menos as paróquias. Mas acredito que, também aqui, como já foi dito, temos que aceitar o desafio, avaliar e apreciar as oportunidades oferecidas, para dialogar com aqueles que nunca colocaram os pés na igreja, mas acessam um site.
Zenit: A web é suficiente?
Mons. Celli: É preciso reconhecer que a vida cristã não pode ser vivida apenas na frente de uma tela de computador. A vida cristã exige que vivamos em comunidade. Então, eu posso encontrar Jesus graças à grande ajuda da internet, mas depois, eu tenho que encontrar uma comunidade que me acolha e me permita percorrer um caminho concreto de fé. Portanto, deste ponto de vista, congratulo-me com estes esforços e tentativas de tornar a Igreja presente na web, com sites agradáveis, bonitos e estimulantes, que levam a uma reflexão, permitindo que os homens e mulheres de hoje encontrem Jesus e o conheçam melhor. Mas depois, vem o compromisso para que existam comunidades capazes de acolher fraternalmente e concretamente estes homens e mulheres que encontraram Jesus através da web.
 Zenit: Quem trabalha com a informação deve ser imparcial, sem ser indiferente, como fazer isso?
Mons. Celli: Somos chamados a ser servos da verdade. Recordo as belas palavras de Bento XVI, quando disse que a nossa comunicação deve estar a serviço da verdade sobre o homem. A imprensa, todos os nossos instrumentos de comunicação devem estar à disposição da verdade sobre o homem. É o grande desafio, pois, sem dúvida, corremos riscos. Se o critério é o ganho pessoal ou certos resultados econômicos, acabo não respeitando o homem. Mas a nossa informação, a nossa comunicação – eu prefiro falar comunicação do que informação- deve ser centrada no homem e sempre dizer a verdade sobre o homem. Defender o homem e fazer com que o homem possa, no contexto de hoje, ter a chance e a oportunidade de crescer para realizar plenamente sua vocação.
 Zenit: Como o senhor percebe o trabalho da agência ZENIT?
Mons. Cell: Isso eu diria que é propaganda… E sou grato àqueles que trabalham no campo da comunicação com competência profissional. Mas diria que hoje há um grande desafio: aceitar, no contexto atual, o serviço à verdade, este serviço a Jesus Cristo. E eu sempre me lembro do que disse Papa Francisco a um repórter: Temos que ser servos de verdade, da bondade e da beleza.
Porque estes três conceitos, estas três realidades se encontram em uma unidade profunda, o que é bonito, o que é verdade e o que é bom. Eu acredito que a nossa comunicação deve ser para o homem de hoje, e a serviço destas três realidades.
Fonte: Zenit

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