Gestos simbólicos de Jesus
Sinais assumidos por Cristo. Em sua pregação, o
Senhor Jesus serve-se muitas vezes dos sinais da criação para dar a conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Realiza suas curas ou sublinha sua pregação com
sinais materiais ou gestos simbólicos. Dá um sentido novo aos fatos e aos
sinais da Antiga Aliança, particularmente ao Êxodo e à Páscoa, por ser ele
mesmo o sentido de todos esses sinais.
Homem necessita de sinais e de símbolos
Sinais o mundo dos homens. Na vida humana, sinais e
símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo
corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de
sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de
símbolos para comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por
ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus.
Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis
podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e
da ação dos homens que prestam seu culto a Deus. Acontece o mesmo com os sinais
e os símbolos da vida social dos homens: lavar e ungir, partir o pão e
partilhar o cálice podem exprimir a presença santificante de Deus e a gratidão
do homem diante de seu criador.
Sinais sacramentais. Desde Pentecostes, é por meio dos
sinais sacramentais de sua Igreja que o Espírito Santo realiza a santificação.
Os sacramentos da Igreja não abolem, antes purificam e integram toda a riqueza
dos sinais e dos símbolos do cosmos e da vida social. Além disso, realizam os
tipos e as figuras da antiga aliança, significam e realizam a salvação operada
por Cristo, e prefiguram e antecipam a glória do céu.
Símbolos do Antigo Testamento
A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento
de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios,
figuras e símbolos da "Primeira Aliança", tudo ele faz convergir para
Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel.
Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda.
A nuvem e a luz. Estes dois símbolos são
inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo Desde as teofanias do Antigo
Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e salvador,
escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai,
na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto; com Salomão por ocasião
da dedicação do Templo. Ora, estas figuras são cumpridas por Cristo no Santo
Espírito Santo. É este que paira sobre a Virgem Maria e a cobre "com sua
sombra", para que ela conceba e dê à luz Jesus. No monte da
Transfiguração, é ele que "sobrevêm na nuvem que toma" Jesus, Moisés
e Elias, Pedro, Tiago e João "debaixo de sua sombra"; da Nuvem sai
uma voz que diz: "Este é meu Filho, o Eleito, ouvi-o sempre" (Lc
9,34-35). É finalmente essa Nuvem que "subtrai Jesus aos olhos" dos
discípulos no dia da Ascensão e que o revelará Filho do Homem em sua glória no
Dia de sua Vinda.
Símbolos litúrgicos
Como celebrar? SINAIS SÍMBOLOS Uma celebração
sacramental é tecida de sinais e de símbolos. Segundo a pedagogia divina da
salvação, o significado dos sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e
na cultura humana, adquire precisão nos eventos da antiga aliança e se revela
plenamente na pessoa e na obra de Cristo.
A celebração litúrgica comporta sinais e símbolos
que se referem à criação (luz, água, fogo), à vida humana (lavar, ungir, partir
o pão) e à história da salvação (os ritos da Páscoa). Inseridos no mundo da fé
e assumidos pela força do Espírito Santo, esses elementos cósmicos, esses ritos
humanos, esses gestos memoriais de Deus se tornam portadores da ação salvadora
e santificadora de Cristo.
Sacramentos como sinais
CRISTO GLORIFICADO... "Sentado à direita do
Pai" e derramando o Espírito Santo em seu Corpo que é a Igreja,
Cristo age agora pelos sacramentos, instituídos por Ele para comunicar sua
graça. Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à
nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que significam em virtude
da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo
"Os sacramentos destinam-se à santificação dos
homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus.
Sendo sinais, destinam-se também à instrução. Não só supõem a fé, mas por
palavras e coisas também a alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão
são chamados sacramentos da fé."
Os sacramentos da Vida Eterna A Igreja celebra o
mistério de seu Senhor "até que Ele venha" e até que "Deus seja
tudo em todos" (1 Cor 11,26; 15,28). Desde a era apostólica a liturgia é
atraída para seu termo (meta final) pelo gemido do Espírito na Igreja:
"Maran athá!" (Palavras aramaicas que significam: "O Senhor
vem") (1 Cor 16,22). A liturgia participa assim do desejo de Jesus:
"Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco (...) até que ela se
cumpra no Reino de Deus" (Lc 22,15-16). Nos sacramentos de Cristo, a
Igreja já recebe o penhor da herança dele, já participa da Vida Eterna, embora
ainda "aguarde a bendita esperança, a manifestação da glória de nosso
grande Deus e Salvador, Cristo Jesus" (Tt 2,13). "O Espírito e a
esposa dizem: Vem! (...) Vem, Senhor Jesus!" (Ap 22,17.20).
Santo Tomás resume assim as diversas dimensões do
sinal sacramental: "Daí que o sacramento é um sinal rememorativo daquilo
que antecedeu, isto é, a Paixão de Cristo; e demonstrativo daquilo que em nós é
realizado pela Paixão de Cristo, a saber, a graça; e prenunciador, isto é, que
prenuncia a glória futura".
Os sacramentos são sinais eficazes da graça,
instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é
dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais os sacra- mentos são
celebrados significam e realizam as graças próprias de cada sacramento.
Produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas.
Sinais sacramentais. Desde Pentecostes, é por meio
dos sinais sacramentais de sua Igreja que o Espírito Santo realiza a
santificação. Os sacramentos da Igreja não abolem, antes purificam e integram
toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do cosmos e da vida social. Além
disso, realizam os tipos e as figuras da antiga aliança, significam e realizam
a salvação operada por Cristo, e prefiguram e antecipam a glória do céu.
Sinais da Confirmação
A unção. O simbolismo da unção com óleo também é
significativo do Espírito Santo, a ponto de tomar-se sinônimo dele. Na
iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação, chamada com acerto
nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas, para perceber toda a
força deste simbolismo, há que retomar à unção primeira realizada pelo Espírito
Santo: a de Jesus. Cristo ("Messias" a partir do hebraico) significa
"Ungido" do Espírito de Deus. Houve "ungidos" do Senhor na Antiga
Aliança de modo eminente o rei Davi. Mas Jesus é o Ungido de Deus de uma forma
única: a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida do Espírito
Santo". Jesus é constituído "Cristo" pelo Espírito Santo A
Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo o anuncia como
Cristo por ocasião do nascimento dele e leva Simeão a vir ao Templo para ver o
Cristo do Senhor; é Ele que plenifica o Cristo é o poder dele que sai de Cristo
em seus atos de cura e de salvação. É finalmente Ele que ressuscita Jesus
dentre os mortos. Então, constituído plenamente "Cristo" em sua
Humanidade vitoriosa da morte, Jesus difunde em profusão o Espírito Santo
até "os santos" constituírem, em sua união com a Humanidade do Filho
de Deus, "esse Homem perfeito... que realiza a plenitude de Cristo"
(Ef 4, 13): "o Cristo total", segundo a expressão de Santo Agostinho.
Os sinais e o rito da Confirmação No rito deste
sacramento convém considerar o sinal da unção e aquilo que a unção designa e
imprime: o selo espiritual. A unção, no simbolismo bíblico e antigo, é rica de
significados: o óleo é sinal de abundância e de alegria, ele purifica (unção
antes e depois do banho) e torna ágil (unção dos atletas e dos lutadores), é
sinal de cura, pois ameniza as contusões e as feridas, e faz irradiar beleza,
saúde e força.
Todos esses significados da unção com óleo voltam a
encontrar-se na vida sacramental. A unção, antes do Batismo, com o óleo dos
catecúmenos significa purificação e fortalecimento; a unção dos enfermos
exprime a cura e o reconforto. A unção com o santo crisma depois do Batismo, na
Confirmação e na Ordenação, é o sinal de uma consagração. Pela Confirmação, os
cristãos, isto é, os que são ungidos, participam mais intensamente da missão de
Jesus e da plenitude do Espírito Santo, de que Jesus é cumulado, a fim de que
toda a vida deles exale "o bom odor de Cristo"
Por esta unção, o confirmando recebe "a
marca", o seio do Espírito Santo O selo é o símbolo da pessoa, sinal de
sua autoridade, de sua propriedade sobre um objeto - assim, os soldados eram
marcados com o selo de seu chefe, e os escravos, com o de seu proprietário; o
selo autentica um ato jurídico ou um documento e o torna eventualmente secreto.
Cristo esmo se declara marcado com o selo de seu
Pai. Também o cristão está marcado por um selo: "Aquele que nos fortalece
convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou com um selo e
colocou em nossos corações o penhor do Espírito" (2Cor 1,21-22; Cf Ef
1,13; 4,30). Este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, o
colocar-se a seu serviço, para sempre, mas também a promessa da proteção divina
na grande provação escatológica.
A CELEBRAÇÃO DA CONFIRMAÇÃO Um momento importante
que antecede a celebração da Confirmação, mas que, de certo modo, faz parte
dela, é a consagração do santo crisma. É o Bispo que, na Quinta-feira Santa,
durante a missa do crisma, consagra o santo crisma para toda a sua diocese. Nas
Igrejas do Oriente, esta consagração é até reservada ao patriarca:
A liturgia de Antioquia exprime assim a epiclese da
consagração do santo crisma (mýron): [Pai... enviai o vosso Espírito Santo
sobre nós e sobre este óleo que está diante de nós e consagrai-o, a fim de que
seja para todos os que forem ungidos e marcados por ele: mýron santo, mýron sacerdotal,
mýron régio, unção de alegria, a veste da luz, o manto da salvação, o dom
espiritual, a santificação das almas e dos corpos, a felicidade imperecível, o
selo indelével, o escudo da fé e o capacete terrível contra todas as obras do
adversário.
Quando a Confirmação é celebrada em separado do
Batismo, como ocorre no rito romano, a liturgia do sacramento começa com a
renovação das promessas do Batismo e com a profissão de fé dos confirmandos.
Assim aparece com clareza que a Confirmação se situa na seqüência do Batismo.
Quando um adulto é batizado, recebe imediatamente a Confirmação e participa da
Eucaristia [Cf CIC cânone 866.
No rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o
conjunto dos confirmandos, gesto que, desde o tempo dos Apóstolos, é o sinal do
dom do Espírito. Cabe ao Bispo invocar a efusão do Espírito:
Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus
Cristo, que pela água e pelo Espírito Santo fizestes renascer estes vossos
servos, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes,
Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e
fortaleza, o espírito da ciência e piedade - e enchei-os do espírito de vosso
temor. Por Cristo Nosso Senhor.
Segue-se o rito essencial do sacramento. No rito
latino, "o sacramento da Confirmação é conferido pela unção do santo
crisma na fronte, feita com a imposição da mão, e por estas palavras: 'Accipe
signaculun doni Spitus Sancti, 'N, recebe, por este sinal, o selo do Espírito
Santo, o dom de Deus. Nas Igrejas orientais de rito bizantino, a unção do µvpov
faz-se depois de uma oração de epiclese sobre as partes mais significativas do
corpo: a fronte, os olhos, o nariz, os ouvidos, os lábios, o peito, as costas,
as mãos e os pés, sendo cada unção acompanhada da fórmula: ": "Σφραγίς
δωρεάς Пνεύματσς `Αγίου”, ", "Selo do dom do Espνrito Santo".
O ósculo da paz, que encerra o rito do sacramento,
significa e manifesta a comunhão eclesial com o Bispo e com todos os fiéis.
Sinais da Ordem
Como todos os
sacramentos, ritos anexos cercam a celebração. Variando
consideravelmente nas diferentes tradições litúrgicas, o que têm em comum é
exprimir os múltiplos aspectos da graça sacramental. Assim, os ritos iniciais
no rito latino - a apresentação e a eleição do ordinando, a alocução do Bispo,
o interrogatório do ordinando, a ladainha de todos os santos - atestam que a
escolha do candidato foi feita de conformidade com a prática da Igreja e
preparam o ato solene da consagração, depois da qual diversos ritos vêm
exprimir e concluir, de maneira simbólica, o mistério que acaba de consumar-se:
para o Bispo e para o presbítero, a unção do santo crisma, sinal da unção
especial do Espirito Santo que torna fecundo seu ministério; entrega do livro
dos Evangelhos, do anel, da mitra e do báculo ao bispo, em sinal de sua missão
apostólica de anúncio da Palavra de Deus, de sua fidelidade à Igreja, esposa de
Cristo, de seu cargo de pastor do rebanho do Senhor; entrega da patena e do
cálice ao presbítero, "a oferenda do povo santo" que ele deve apresentar
a Deus; entrega do livro dos Evangelhos ao diácono, que acaba de receber a
missão de anunciar o Evangelho de Cristo.
Sinais do Batismo
O Batismo, cujo sinal original e pleno é a imersão,
significa eficazmente a descida ao túmulo do cristão que morre para o pecado
com Cristo em vista de uma vida nova: "Pelo Batismo nós fomos sepultados
com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4).
A água. O simbolismo da água é significativo da
ação do Espírito Santo no Batismo, pois após a invocação do Espírito Santo ela
se torna a sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a gestação
de nosso primeiro nascimento se operou na água, da mesma forma também a água batismal
significa realmente que nosso nascimento para, a vida divina nos é dado no
Espírito Santo Mas "batizados em um só Espírito" também "bebemos
de um só Espírito" (1Cor 12,13): o Espírito é, pois também pessoalmente a
água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que em nós
jorra em Vida Eterna.
O sinal-da-cruz no limiar da celebração, assinala a
marca de Cristo naquele que vai pertencer-lhe e significa a graça da redenção
que Cristo nos proporcionou por sua cruz.
A água batismal é então consagrada por uma oração
de epiclese (seja no próprio momento, seja na noite pascal). A Igreja pede a
Deus que, por seu Filho, o poder do Espírito Santo desça sobre esta água, para
que os que forem batizados nela "nasçam da água e do Espírito" (Jo
3,5).
A unção com o santo crisma, óleo perfumado
consagrado pelo Bispo, significa o dom do Espírito Santo ao novo batizado. Este
tornou-se um cristão, isto é, "ungido" do Espírito Santo, incorporado
a Cristo, que é ungido sacerdote, profeta e rei.
A este branca simboliza que o batizado
"vestiu-se de Cristo": ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio
pascal, significa que Cristo iluminou o neófito. Em Cristo, os batizados são
"a luz do mundo" (Mt 5,14). O novo batizado é agora filho de Deus no
Filho único. Pode rezar a oração dos filhos de Deus: o Pai-Nosso.
Água
A água. O simbolismo da água é significativo da
ação do Espírito Santo no Batismo, pois após a invocação do Espírito Santo ela
se torna a sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a gestação
de nosso primeiro nascimento se operou na água, da mesma forma também a água
batismal significa realmente que nosso nascimento para, a vida divina nos é
dado no Espírito Santo Mas "batizados em um só Espírito" também
"bebemos de um só Espírito" (1Cor 12,13): o Espírito é, pois também
pessoalmente a água viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que
em nós jorra em Vida Eterna.
Canto e música sinais na liturgia
O canto e a música desempenham sua função de sinais
de maneira tanto mais significativa por "estarem intimamente ligados à
ação litúrgica", segundo três critérios principais: a beleza expressiva da
oração, a participação unânime da assembléia nos momentos previstos e o caráter
solene da celebração. Participam assim da finalidade das palavras e das ações
litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis:
Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos
cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me
causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande
elã de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam
bem.
A harmonia dos sinais (canto, música, palavras e
ações) é aqui mais expressiva e fecunda por exprimir-se na riqueza cultural
própria do povo de Deus que celebra? Por isso, o "canto religioso popular
ser inteligentemente incentivado a fim de que as vozes dos fiéis possam ressoar
nos pios e sagrados exercícios e nas próprias ações litúrgicas, de acordo com
as normas e prescrições das rubricas. Todavia, "os textos destinados ao
canto sacro hão de ser conformes à doutrina católica, sendo até tirados de
preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas.
Igreja
"A Igreja é, em Cristo, como que o sacramento
ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero
humano." Ser o sacramento da união íntima dos homens com Deus é o primeiro
objetivo da Igreja. Visto que a comunhão entre os homens está enraizada na
união com Deus, a Igreja é também o sacramento da unidade do gênero humano.
Nela, esta unidade já começou, pois ela congrega homens "de toda nação,
raça, povo e língua" (Ap 7,9); ao mesmo tempo, a Igreja é "sinal e
instrumento" da plena realização desta unidade que ainda deve vir.
Imposição das mãos
A mão. E impondo as mãos que Jesus cura os doentes
e abençoa as criancinhas. Em nome dele, os apóstolos farão o mesmo. Melhor
ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o Espírito Santo é dado. A
Epístola aos Hebreus inclui a imposição das mãos entre os "artigos
fundamentais" de seu ensinamento. A Igreja conservou este sinal da efusão
onipotente do Espírito Santo em suas epicleses sacramentais.
O Senhor ressuscitado renova este envio ("Em
meu nome... eles imporão as mãos sobre os enfermos e estes ficarão
curados". (Mc 16,17-18) e o confirma por meio dos sinais realizados pela
Igreja ao invocar seu nome. Esses sinais manifestam de um modo especial que
Jesus é verdadeiramente "Deus que salva".
Interpretar os sinais dos tempos
Para tanto, o homem deve se esforçar por
interpretar os dados da experiência e os sinais dos tempos graças à virtude da
prudência, aos conselhos de pessoas avisadas e à ajuda do Espírito Santo e de
seus dons.
Pão e vinho
A Eucaristia na economia da salvação OS SINAIS DO
PÃO E DO VINHO Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o
vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo,
se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja
continua fazendo, em sua memória, até a sua volta gloriosa, o que ele fez na
véspera de sua paixão: "Tomou o pão..." "Tomou o cálice cheio de
vinho..." Ao se tomarem misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os
sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação.
Assim, no ofertório damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto
"do trabalho do homem", mas antes "fruto da terra" e
"da videira", dons do Criador. A Igreja vê neste gesto de
Melquisedec, rei e sacerdote, que "trouxe pão e vinho" (Gn 14,18),
uma prefiguração de sua própria oferta.
Na antiga aliança, o pão e o vinho são oferecidos
em sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de reconhecimento ao
Criador. Mas eles recebem também um novo significado no contexto do êxodo: os
pães ázimos que Israel come cada ano na Páscoa comemoram a pressa da partida
libertadora do Egito; a recordação do maná do deserto há de lembrar sempre a
Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus. Finalmente, o pão de todos os
dias é o fruto da Terra Prometida, penhor da fidelidade de Deus às suas
promessas. O "cálice de bênção" (1Cor 10,16), no fim da refeição
pascal dos judeus, acrescenta à alegria festiva do vinho uma dimensão
escatológica: da espera messiânica do restabelecimento de Jerusalém. Jesus
instituiu sua Eucaristia dando um sentido novo e definitivo à bênção do Pão e
do Cálice.
O milagre da multiplicação dos pães, quando o
Senhor proferiu a bênção, partiu e distribuiu os pães a seus discípulos para
alimentar a multidão, prefigura a superabundância deste único pão de sua
Eucaristia. O sinal da água transformada em vinho em Caná já anuncia a hora da
glorificação de Jesus. Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do
Pai, onde os fiéis beberão o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo.
O primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os
discípulos, assim como o anúncio da paixão os escandalizou: "Essa palavra
é dura! Quem pode escutá-la?" (Jo 6,60). A Eucaristia e a cruz são pedras
de tropeço. É o mesmo mistério, e ele não cessa de ser ocasião de divisão.
"Vós também quereis ir embora?" (Jo 6,67). Esta pergunta do Senhor
ressoa através dos séculos como convite de seu amor a descobrir que só Ele tem
"as palavras da vida eterna" (Jo 6,68) e que acolher na fé o dom de
sua Eucaristia é acolher a Ele mesmo.
Os sinais essenciais do Sacramento Eucarístico são
o pão de trigo e o vinho de uva, sobre os quais é invocada a bênção da Espírito
Santo, e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante
a ultima ceia: "Isto é o meu Corpo entregue por vós. (...) Este é o cálice
do meu Sangue (...)"
Pomba
A pomba. No fim do dilúvio (cujo simbolismo está
ligado ao batismo), a pomba solta por Noé volta com um ramo novo de oliveira no
bico, sinal de que a terra é de novo habitável. Quando Cristo volta a subir da
água de seu batismo, o Espírito Santo, em forma de uma pomba, desce sobre Ele e
sobre Ele permanece. O Espírito desce e repousa no coração purificado dos
batizados. Em certas igrejas, a santa Reserva eucarística é conservada em um
recipiente metálico em forma de pomba (o columbarium) suspenso acima do altar.
O símbolo da pomba para sugerir o Espírito Santo é tradicional na iconografia
cristã.
Sangue
A aliança entre Deus e a humanidade está cheia de
lembranças do dom divino da vida humana e da violência assassina do homem:
Pedirei contas do sangue de cada um de vós...Quem
derramar o sangue do homem, pelo homem terá seu sangue derramado. Pois à imagem
de Deus o homem foi feito (Gn 9,5-6).
O Antigo Testamento sempre considerou o sangue como
um sinal sagrado da vida. A necessidade deste ensinamento é para todos os
tempos.
Sinais assumidos por Cristo
Sinais assumidos por Cristo. Em sua pregação, o
Senhor Jesus serve-se muitas vezes dos sinais da criação para dar a conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Realiza suas curas ou sublinha sua pregação com
sinais materiais ou gestos simbólicos. Dá um sentido novo aos fatos e aos
sinais da Antiga Aliança, particularmente ao Êxodo e à Páscoa, por ser ele
mesmo o sentido de todos esses sinais.
Sinais da Antiga Aliança
Sinais a aliança. O povo eleito recebe de Deus
sinais e símbolos distintivos que marcam sua vida litúrgica: estes não mais são
apenas celebrações de ciclos cósmicos e gestos sociais, mas sinais da aliança,
símbolos das grandes obras realizadas por Deus em favor de seu povo. Entre tais
sinais litúrgicos da antiga aliança podemos mencionar a circuncisão, a unção e
a consagração dos reis e dos sacerdotes, a imposição das mãos, os sacrifícios,
e sobretudo a Páscoa. A Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos
sacramentos da Nova Aliança.
Sinais da contradição de Jesus
Muitos atos e palavras de Jesus constituíram,
portanto, um sinal de contradição" para as autoridades religiosas de
Jerusalém - que o Evangelho de São João com freqüência denomina "os
judeus" - mas ainda do que para o comum do povo de Deus. Sem dúvida, suas
relações com os fariseus não foram exclusivamente polêmicas. São os fariseus
que o previnem do perigo que corre. Jesus elogia alguns deles, como o escriba
de Mc 12,34, e repetidas vezes come com fariseus. Jesus confirma doutrinas
compartilhadas por essa elite religiosa do povo de Deus: a ressurreição dos
mortos, as formas de piedade (esmola, jejum e oração) e o hábito de dirigir-se
a Deus como Pai, a centralidade do mandamento do amor a Deus e ao próximo.
Sinais litúrgicos
As grandes religiões da humanidade atestam, muitas
vezes de maneira impressionante, este sentido cósmico e simbólico dos ritos
religiosos. A liturgia da Igreja pressupõe, integra e santifica elementos da
criação e da cultura humana conferindo-lhes a dignidade de sinais da graça, da
nova criação em Jesus Cristo.
Todos os sinais da celebração litúrgica são
relativos a Cristo: são-no também as imagens sacras da santa mãe de Deus e dos
santos. Significam o Cristo que é glorificado neles. Manifestam "a nuvem
de testemunhas" (Hb 12,1) que continuam a participar da salvação do mundo
e às quais estamos unidos, sobretudo na celebração sacramental. Por meio de
seus ícones, revela-se à nossa fé o homem criado "à imagem de Deus" e
transfigurado "à sua semelhança", assim como os anjos, também
recapitulados em Cristo:
Na trilha da doutrina divinamente inspirada de
nossos santos Padres e da tradição da Igreja católica, que sabemos ser a tradição
do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda certeza e acerto que as
veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e
vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria
apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios
e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto
a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa
Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os
santos e dos justos.
A celebração litúrgica comporta sinais e símbolos
que se referem à criação (luz, água, fogo), à vida humana (lavar, ungir, partir
o pão) e à história da salvação (os ritos da Páscoa). Inseridos no mundo da fé
e assumidos pela força do Espírito Santo, esses elementos cósmicos, esses ritos
humanos, esses gestos memoriais de Deus se tornam portadores da ação salvadora
e santificadora de Cristo.
Sinais nos sacramentais
O domingo é o dia por excelência da assembléia
litúrgica, em que os fiéis se reúnem "para, ouvindo a Palavra de Deus e
participando da Eucaristia, lembrarem-se da paixão, ressurreição e glória do
Senhor Jesus, e darem graças a Deus que os 'regenerou para a viva esperança,
pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos"
Quando meditamos, ó Cristo, as maravilhas que foram
operadas neste dia de domingo de vossa santa ressurreição, dizemos: Bendito é o
dia do domingo, pois foi nele que se deu o começo da criação (...) a salvação
do mundo (...) a renovação do gênero humano.(...) E nele que o céu e a terra
rejubilaram e que o universo inteiro foi repleto de luz. Bendito é o dia do
domingo, pois nele foram abertas as portas do paraíso para que Adão e todos os
banidos entrem nele sem medo.
O ANO LITÚRGICO Partindo o tríduo pascal, como de
sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico com
sua claridade. Aproximando-se progressivamente de ambas as vertentes desta
fonte, o ano é transfigurado pela liturgia. É realmente "ano de graça do
Senhor". A economia da salvação está em ação moldura do tempo, mas desde a
sua realização na Páscoa de Jesus e a efusão do Espírito Santo o fim da
história é antecipado, "em antegozo", e o Reino de Deus penetra nosso
tempo.
Sinais para entender e expressar as realidades
espirituais
Sinais o mundo dos homens. Na vida humana, sinais e
símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo
corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais por meio de
sinais e de símbolos materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de
símbolos para comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por
ações. Vale o mesmo para sua relação com Deus.
Deus ala ao homem por intermédio da criação
visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que este
leia nele os vestígios de seu criador. A luz e a noite, o vento e o fogo, a
água e a terra, a árvore e os frutos falam de Deus, simbolizam ao mesmo tempo a
grandeza e a proximidade dele.
Enquanto criaturas, essas realidades sensíveis
podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens, e
da ação dos homens que prestam seu culto a Deus. Acontece o mesmo com os sinais
e os símbolos da vida social dos homens: lavar e ungir, partir o pão e
partilhar o cálice podem exprimir a presença santificante de Deus e a gratidão
do homem diante de seu criador.
Sinal da Cruz
O cristão começa seu dia, suas orações e suas ações
com o sinal-da-cruz, "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém". O batizado dedica a jornada à glória de Deus e invoca a graça do
Salvador, que lhe possibilita agir no Espírito como filho do Pai. O
sinal-da-cruz nos fortifica nas tentações e nas dificuldades.
Unção
A unção. O simbolismo da unção com óleo também é
significativo do Espírito Santo, a ponto de tomar-se sinônimo dele. Na
iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação, chamada com acerto
nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas, para perceber toda a
força deste simbolismo, há que retomar à unção primeira realizada pelo Espírito
Santo: a de Jesus. Cristo ("Messias" a partir do hebraico) significa
"Ungido" do Espírito de Deus. Houve "ungidos" do Senhor na
Antiga Aliança de modo eminente o rei Davi. Mas Jesus é o Ungido de Deus de uma
forma única: a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida do
Espírito Santo". Jesus é constituído "Cristo" pelo Espírito
Santo A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo o anuncia
como Cristo por ocasião do nascimento dele e leva Simeão a vir ao Templo para
ver o Cristo do Senhor; é Ele que plenifica o Cristo é o poder dele que sai de
Cristo em seus atos de cura e de salvação. É finalmente Ele que ressuscita
Jesus dentre os mortos. Então, constituído plenamente "Cristo" em
sua Humanidade vitoriosa da morte, Jesus difunde em profusão o Espírito
Santo até "os santos" constituírem, em sua união com a Humanidade do
Filho de Deus, "esse Homem perfeito... que realiza a plenitude de
Cristo" (Ef 4, 13): "o Cristo total", segundo a expressão de
Santo Agostinho.
Os sinais e o rito da Confirmação No rito deste
sacramento convém considerar o sinal da unção e aquilo que a unção designa e
imprime: o selo espiritual. A unção, no simbolismo bíblico e antigo, é rica de
significados: o óleo é sinal de abundância e de alegria, ele purifica (unção
antes e depois do banho) e torna ágil (unção dos atletas e dos lutadores), é
sinal de cura, pois ameniza as contusões e as feridas, e faz irradiar beleza,
saúde e força.
A Igreja "apresenta todo o mistério de Cristo
durante o ciclo do ano, desde a Encarnação e o Natal até a Ascensão, até o dia
de Pentecostes e até a expectativa da feliz esperança e do retorno do
Senhor".
FONTE: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
PASTORAL LITURGICA, FORMAÇÃO
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