terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Bíblia respira profecia (Parte 5)



Jesus de Nazaré, um profeta radical?


(Foto: Reprodução)
2.6 – Jesus de Nazaré, um profeta que se tornou Cristo.

Jesus, o galileu de Nazaré, se tornou Cristo, filho de Deus. Como camponês, deve ter feito muitos calos nas mãos, na enxada e na carpintaria, ao lado de seu pai José. Os evangelhos fazem questão de dizer que Jesus nasceu em Belém, (em hebraico, “casa do pão” para todos), cidade pequena do interior. “És tu Belém a menor entre todas as cidades, mas é de ti que virá o salvador”, diz o evangelho de Mateus (Mt 2,6), resgatando a profecia de Miquéias (Miq 5,1).


2.6.1 - De forma radical, Jesus mostra como resolver o problema da fome.

A fome era um problema tão sério na vida dos primeiros cristãos e cristãs, que os quatro evangelhos da Bíblia relatam Jesus partilhando pães e saciando a fome do povo.  É óbvio que não devemos historicizar os relatos de partilha de pães como se tivessem acontecido tal como descrito. Os evangelhos foram escritos de quarenta a setenta anos depois. Logo, são interpretações teológicas que querem ajudar as primeiras comunidades a resgatar o ensinamento e a práxis original de Jesus. Não podemos também restringir o sentido espiritual da partilha dos pães a uma interpretação eucarística, como se a fome de pão se saciasse pelo pão partilhado na eucaristia. Isso seria espiritualização do texto. Eucaristia, celebrada em profunda sintonia com as agruras da vida, é uma das fontes que sacia a fome de Deus, mas as narrativas das partilhas de pães têm como finalidade inspirar solução radical para um problema real e concreto: a fome de pão.  A beleza espiritual das narrativas de partilha de pães está no processo seguido. Em uma série de passos articulados e entrelaçados que constituem um processo libertador. O milagre não está aqui ou ali, mas no processo todo.

Ei-lo:

Mateus mostra que o povo faminto “vem das cidades”, ou seja, as cidades, ao invés de serem locais de exercício da cidadania, se tornaram espaços de exclusão e de violência sobre os corpos humanos. “Jesus atravessa para a outra margem do mar da Galileia” (Jo 6,1), entra no mundo dos gentios, dos pagãos, dos impuros, enfim, dos excluídos. Jesus não fica no mundo dos incluídos, mas estabelece comunicação efetiva e afetiva entre os dois mundos, o dos incluídos e o dos excluídos. Assim, tabus e preconceitos desmoronam-se. Profundamente comovido, porque “os pobres estão como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34), Jesus percebe que os governantes e líderes da sociedade não estavam sendo libertadores, mas estavam colocando grandes fardos pesados nas costas do povo. Com olhar altivo e penetrante, Jesus vê uma grande multidão de famintos que vem ao seu encontro, só no Brasil são milhões de pessoas que têm os corpos implodidos pela bomba silenciosa da fome ou da má alimentação.
----------- Jesus não sentiu medo dos pobres, encarou-os e procura superar a fome que os golpeava e humilhava. Apareceram dois projetos para resgatar a cidadania do povo faminto. O primeiro foi apresentado por Filipe: “Onde vamos comprar pão para alimentar tanta gente?” (Jo 6,5). No mesmo tom, outros discípulos tentavam lavar as mãos: “Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si.” (Mt 14,15). Filipe está dentro do mercado e pensa a partir do mercado. Está pensando que o mercado é um deus capaz de salvar as pessoas. Cheio de boas intenções, Filipe não percebe que está enjaulado na idolatria do mercado.
-----------O segundo projeto é posto à baila por André, outro discípulo de Jesus, que, mesmo se sentindo fraco, acaba revelando: “Eis um menino com cinco pães e dois peixes” (Jo 6,9). Jesus acorda nos discípulos e discípulas a responsabilidade social, ao dizer: “Vocês mesmos devem alimentar os famintos” (Mt 14,16). Jesus quer mãos à obra. Nada de desculpas esfarrapadas e racionalizações que tranqüilizam consciências. Jesus pulou de alegria e, abraçando o projeto que vem de André (em grego, andros = humano), anima o povo a “sentar na grama” (Jo 6,10). Aqui aparecem duas características fundamentais do processo protagonizado por Jesus para levar o povo da exclusão à cidadania. Jesus convida o povo para se sentar. Por quê? Na sociedade escravocrata do império romano somente as pessoas livres, cidadãs, podiam comer sentadas. Os escravos deviam comer de pé, pois não podiam perder tempo de trabalho. Era só engolir e retomar o serviço árduo. Um terço da população era escrava e outro terço, semi-escrava. Logo, quando Jesus inspira o povo para sentar-se, ele está, em outros termos, defendendo que os escravos têm direitos e devem ser tratados como cidadãos.

Por que sentar na grama? A referência à existência de “grama” no local indica que o povo está no campo, na zona rural, e é a partir de uma reorganização da vida no campo que poderá advir uma solução radical para a fome que aflige o povo nas cidades. Em outras palavras, o combate que liberta da fome passa necessariamente pela realização de uma autêntica

Reforma Agrária. Não dá para continuar a iníqua estrutura fundiária no Brasil. Jesus estimula a organização dos famintos. “Sentem-se, em grupos de cem, de cinqüenta,  ...” (Mc 6,40). Assim, Jesus e os primeiros cristãos nos inspiram que o problema da fome só será resolvido, de forma justa, quando o povo marginalizado e excluído se organizar.

“Jesus agradeceu a Deus...” A dimensão da mística foi valorizada. A luz e a força divinas permeiam os processos de luta. Faz bem reconhecer isso. Quem reparte o pão não é Jesus, mas os discípulos. Jesus provoca a solidariedade conclamando para a organização dos marginalizados como meio para se chegar à cidadania de e para todos.

“Recolham os pedaços que sobraram, para não se desperdiçar nada.” (Jo 6,12). Economia que evita o desperdício. Quase 1/3 da alimentação produzida é jogada no lixo, enquanto tantos passam fome. As pessoas perceberam a profecia realizada por Jesus nas entranhas dos fatos humanos. Jesus não quis ser bajulado e retirou-se, de novo, para uma montanha. Exercer a solidariedade de forma gratuita e libertadora. Não estabelecer vínculos que geram dependência em quem é ajudado e consciência tranqüila em quem dá coisas.

2.6.2 – De forma clandestina, Jesus e os seus companheiros e companheiras entram em Jerusalém.

Após uma longa marcha da Galileia a Jerusalém, da periferia à capital (Lc 9,51-19,27), Jesus e seu movimento estão às portas de Jerusalém. De forma clandestina, não confessando os verdadeiros motivos, Jesus e o seu grupo entram em Jerusalém, narra o Evangelho de Lucas (Lc 19,29-40). De alguma forma deve ter acontecido essa entrada de Jesus em Jerusalém, provavelmente não tal como narrado pelo evangelho, que tem também um tom midráxico, ou seja, quer tornar presente e viva uma profecia do passado.

Dois discípulos recebem a tarefa de viabilizar a entrada na capital, de forma humilde, mas firme e corajosa. Deviam arrumar um jumentinho – meio de transporte dos pobres -, mas deviam fazer isso disfarçadamente, de forma “clandestina”. O texto repete o seguinte: “Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?”, digam somente: ‘Porque o Senhor precisa dele’”. A repetição indica a necessidade de se fazer a preparação da entrada na capital de forma clandestina, sutil, sem alarde. Se dissessem a verdade, a entrada em Jerusalém seria proibida pelas forças de repressão.

Com os “próprios mantos” prepararam o jumentinho para Jesus montar. Foi com o pouco de cada um/a que a entrada em Jerusalém foi realizada. A alegria era grande no coração dos discípulos e discípulas. “Bendito o que vem como rei...” Viam em Jesus outro modelo de exercer o poder, não mais como dominação, mas como gerenciamento do bem comum.

Ao ouvir o anúncio dos discípulos – um novo jeito de exercício do poder – certo tipo de fariseu se incomoda e tenta sufocar aquele evangelho. Hipocritamente chamam Jesus de mestre, mas querem domesticá-lo, domá-lo. “Manda que teus discípulos se calem.”, impunham os que se julgavam salvos e os mais religiosos. “Manda...!” Dentro do paradigma “mandar-obedecer”, eles são os que mandam. Não sabem dialogar, mas só impor. “Que se calem!”, gritam. Quem anuncia a paz como fruto da justiça testemunha fraternidade e luta por justiça, o que incomoda o status quo opressor. Mas Jesus, em alto e bom som, com a autoridade de quem vive o que ensina, profetisa: “Se meus discípulos (profetas) se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19,40). Esse alerta do galileu virou refrão de música das Comunidades Eclesiais de Base:

“Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão... O poder tem raízes na areia, o tempo faz cair. União é a rocha que o povo usou pra construir...!”

2.6.3 – Jesus chuta o pau da barraca do deus capital.

Os quatro evangelhos da Bíblia  relatam que Jesus, próximo à maior festa judaico-cristã, a Páscoa, impulsionado por uma ira santa, invadiu o templo de Jerusalém, lugar mais sagrado do que os templos da idolatria do capital que muitas vezes tem a cruz de Cristo pendurada em um ponto de destaque.

Furioso como todo profeta, ao descobrir que a instituição tinha transformado o templo em uma espécie de Banco Central do país + sistema bancário + bolsa de valores, Jesus “fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e bois, destinados aos sacrifícios. Derramou pelo chão as moedas dos cambistas e virou suas mesas. Aos que vendiam pombas (eram os que diretamente negociavam com os mais pobres porque os pobres só conseguiam comprar pombos e não bois), Jesus ordenou: ‘Tirem estas coisas daqui e não façam da casa do meu Pai uma casa de negócio.” Essa ação de Jesus foi o estopim para sua condenação à pena de morte, mas Jesus ressuscitou e vive também em milhões de pessoas que não aceitam nenhuma opressão.

3 – E agora, José? E agora, Maria?

Enfim, os tempos são outros, mas o sistema do capital, uma engrenagem de moer vidas, está em pleno funcionamento. O capitalismo, como um castelo de areia, está podre. A idolatria do mercado e do capital está levando a humanidade e todas as criaturas da biodiversidade ao abismo. A maior devastação ambiental da história da humanidade cresce em progressão geométrica. As mudanças climáticas estão cada vez mais afetando a vida humana, vegetal e animal. “O tempo está doido”, dizem muitos. Doidos mesmos são os egocêntricos que mandam e desmandam acrisolados no próprio umbigo. Intuo que as profecias das parteiras, de Elias, Miquéias, Amós, Oseias e de Jesus de Nazaré estão vivas, hoje, no ensinamento e na prática do MST , de Dandara – ocupação que se tornou comunidade em Belo Horizonte, MG -, do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB -, da Via Campesina, de muitos sindicatos que ainda continuam combativos, de milhares de Comunidades Eclesiais de Base – CEBs -, que mesmo silenciadas e perseguidas, continuam testemunhando um jeito rebelde de encarnar o evangelho do Galileu de Nazaré.

Em milhões de pessoas de boa vontade, em tantos movimentos populares vejo a profecia viva. No Movimento dos Negros, dos indígenas, dos deficientes, das mulheres...  Por isso vejo que a Bíblia respira profecia. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

Gilvander Moreira é frei e padre carmelita. Mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), do Serviço de Animação Bíblica (SAB) e Via Campesina. Autor de alguns livros: Compaixão-misericórdia, uma espiritualidade que humaniza (Ed. Paulinas, 1996), Lucas e Atos, uma teologia da História (Ed. Paulinas, 2004) e co-autores de vários livros do CEBI. 

Bento XVI pede aos teólogos “adesão responsável” ao Magistério da Igreja



Bento XVI recebeu, em audiência, os membros da Comissão Teológica Internacional que acabam de realizar sua sessão plenária.

O Papa manifestou seu apreço pela mensagem da Comissão, em razão do Ano da Fé, e que “ilustra muito bem a maneira específica como os teólogos, servindo fielmente a verdade da fé, podem participar no esforço evangelizador da Igreja”.
Essa mensagem retoma as questões do documento “A teologia hoje. Perspectivas, princípios e critérios”, que apresenta, de alguma forma, “o código genético da teologia católica, ou seja, os princípios que definem sua identidade e, portanto, garantem sua unidade na diversidade de suas conquistas (...). Num contexto cultural em que alguns são tentados em privar a teologia de seu status acadêmico, por sua relação intrínseca com a fé ou em prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la com as ciências religiosas, esse documento relembra oportunamente que a teologia é confessional e racional, de modo inseparável, e que sua presença dentro da instituição acadêmica garante uma visão ampla e integral da própria razão humana”.
Entre os critérios da teologia católica, o Papa destacou que o documento menciona a atenção que os teólogos devem reservar ao “sensus fidelium”. “O Concílio Vaticano II, reafirmando o papel específico e insubstituível que compete ao Magistério, sublinhou, no entanto, que todo o Povo de Deus participa na função profética de Cristo (...). Este dom, o “sensus fidei”, é para o crente uma espécie de instinto sobrenatural, que possui uma conaturalidade vital com o próprio objeto da fé (...), e um critério para discernir se uma verdade pertence ou não ao depósito vivo da tradição apostólica. Também tem um valor proporcional porque o Espírito Santo não cessa de falar às Igrejas e de levá-las à verdade inteira”.
“Hoje em dia, no entanto, é particularmente importante esclarecer os critérios usados para distinguir o "sensus fidelium" autêntico de suas falsificações. De fato, não é uma espécie de opinião pública da Igreja, e é impensável recorrer a ele para contestar os ensinamentos do Magistério, já que o “sensus fidei” não pode se desenvolver autenticamente no crente autêntico, exceto na medida em que participa plenamente da vida da Igreja, e isto requer uma adesão responsável a seu Magistério”.
“Também este mesmo sentido sobrenatural da fé dos crentes leva, atualmente, a uma forte reação contra a ideia de que as religiões, especialmente as religiões monoteístas, seriam intrinsecamente portadoras de violência, sobretudo, devido por causa de sua afirmação da existência de uma verdade universal. Alguns acreditam que apenas o “politeísmo dos valores” garantiria a tolerância e a paz civil, estando de acordo com o espírito de uma sociedade democrática pluralista. Por um lado, é essencial relembrar que a fé num só Deus, criador do céu e da terra, responde às exigências racionais da reflexão metafísica, que não se fragiliza, mas reforça-se e torna-se mais profunda com a revelação do mistério do Deus-Trindade. Por outro lado, é preciso destacar a forma que a revelação definitiva do mistério do Deus único assume na vida e morte de Jesus Cristo, que vai ao encontro da Cruz como “um cordeiro levado ao matadouro””.
“O Senhor atesta uma rejeição radical de toda forma de ódio e de violência em favor da primazia absoluta do “ágape”. Portanto, se na história houve ou há formas de violência em nome de Deus, não devem ser atribuídas ao monoteísmo, mas a causas históricas, principalmente aos erros dos homens. É o esquecimento de Deus que leva as sociedades humanas a uma forma relativista, que inevitavelmente gera violência. Quando se nega a possibilidade de todos fazer referência a uma verdade objetiva, o diálogo se torna impossível e a violência, declarada ou subterrânea, torna-se a norma das relações humanas. Sem a abertura ao transcendente, que permite encontrar as respostas às perguntas sobre o sentido da vida e a forma de viver segundo uma moral, o homem se torna incapaz de atuar de acordo com a justiça e de se esforçar pela paz”.
“Se a ruptura da relação entre as pessoas e Deus traz consigo um profundo desequilíbrio na relação entre os homens, a reconciliação com Deus, atuada na Cruz de Cristo “nossa paz”, é a fonte fundamental da unidade e a fraternidade. Nesta perspectiva, também se coloca sua reflexão sobre (...) a doutrina social da Igreja no contexto da doutrina da Fé, que confirma que a doutrina social não é uma adição extrínseca, mas que, sem deixar de lado a contribuição de uma sadia filosofia, funda raízes nas fontes próprias da fé. Esta doutrina quer cumprir, na grande diversidade de situações sociais, o novo mandamento que o Senhor Jesus nos deixou: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros””, concluiu o Pontífice.
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 07-12-2012.

Alegria do reencontro - Evangelho do Dia



“Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou?"

Mateus 18,12-14
A vinda – advento – do Messias Jesus tem o objetivo de encontrar a humanidade marcada pelo pecado, e reconduzi-la para Deus. De certo modo, o Pai não pode suportar o extravio do ser humano, criado à sua imagem e semelhança, para uma vida de comunhão. Respeitando a liberdade humana, o Pai oferece a seus filhos a chance de refazer os laços rompidos. E se alegra com a conversão de um só deles.

A ação de Jesus deve ser entendida no contexto das iniciativas divinas, em vista da salvação. Ele se pautou por um princípio bem definido: a vontade do Pai celeste é que ninguém se perca. Daí ter-se empenhado todo para que a oferta de salvação chegasse a cada ser humano, sem exceção.

A parábola da ovelha desgarrada ilustra o imenso interesse de Jesus (e da comunidade cristã) por quem se desviou do caminho do Reino. Quanto maior o perigo pelo qual alguém está passando, tanto maior será o empenho de reconduzi-lo à salvação. Maior ainda será a alegria de vê-lo reintegrado na comunidade.

Os discípulos do Reino têm a comunidade como lugar de salvação. Afastando-se dela, o indivíduo correrá o risco de se perder, a ponto de romper com o Reino. Acolhido por ela, será continuamente estimulado a ser fiel à vontade do Pai, buscando caminhar em comunhão com ele. Por isso, a comunidade deve ser a primeira a ir ao encontro da ovelha desgarrada.
Oração
Pai, que eu lhe dê a alegria de estar sempre e

A Igreja e os Direitos Humanos



Teresina, PI, 11 dez (SIR/RV) – Celebrou-se esta segunda-feira, 10 de dezembro, o Dia dos Direitos Humanos, que recorda os 64 anos da adoção por parta das Nações Unidas da Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948.
Na sociedade atual, pluralista e plurirreligiosa, Pe. Welistony Carvalho Viana, que é o Reitor do Seminário da Arquidiocese de Teresina, no Piauí, e membro da Comissão dos Direitos Humanos de Teresina, explica a posição da Igreja perante os Direitos do Homem:

“A Igreja Católica parte de um princípio, que é a fé, que diz que a pessoa humana, mais do que uma pessoa inteligente, uma pessoa que tem uma vontade livre, como é o caso da Filosofia, como a simples razão defenderia, a Igreja concebe que a pessoa humana é Imago Dei, ou seja, ela é a imagem de Deus. A pessoa foi feita de acordo com a dignidade do próprio Deus. O Salmo diz “pouco abaixo dos anjos nos fizestes”. A dignidade da pessoa humana vem diretamente dessa fonte divina.

A concepção católica, que é uma concepção cristã, e diga-se de passagem uma concepção que fundou historicamente a nossa visão hoje de pessoa humana, propriamente o Cristianismo com sua visão de pessoa humana que formatou o Ocidente, essa concepção hoje é negada pelo pluralismo religioso que nós temos.

Na sociedade pluralista, onde existem várias concepções de pessoa humana, o discurso católico muitas vezes se torna um entre esses discursos. A Igreja Católica oferece a sua ideia de pessoa humana, que é válida, mas a defesa dessa imagem deveria acontecer através de outras vias, como a via racional, aí a importância da Filosofia em todo esse discurso, ou seja, como dar bases racionais a essa visão cristã de pessoa humana, como fundamentar do ponto de vista filosófico esse discurso, para que seja depois capaz de atingir as outras religiões, as outras concepções de mundo.”

Como aplicar todos esses conceitos na prática?

“A prática dos Direitos Humanos cabe basicamente ao Estado. A descoberta dos Direitos Humanos foi sempre em contraposição ao Estado, é ele que tem que proteger, promover esses direitos.”

China, o governo a dom Ma Daquin: “Vamos tirar-te o titulo de bispo”



Pequim, 11 dez (SIR/Vatican Insider) – O corajoso bispo auxiliar de Xangai, ordenado no último 07 de julho deste ano, corre o risco de perder sua autoridade além da liberdade – encontra-se em prisão domiciliar – e poderá até perder o título de bispo “coadjutor” da metrópole.
De acordo com fontes eclesiásticas citadas pela Ucanews.com, sua nomeação foi revogada pelo Conselho dos bispos católicos chineses (formado só por bispos reconhecidos e obedientes ao governo comunista). Fontes de  AsiaNews na diocese confirmariam esta decisão dos bispos em relação a dom Ma Daquin, também se não existe ainda nenhum documento escrito.
A violenta jogada contra o bispo Ma era esperada faz tempo. No dia de sua ordenação episcopal dom Ma desafiou a política religiosa que castiga há mais de 60 anos a Igreja católica, apresentando as demissões como membro da Associação patriótica – o órgão de controle da Igreja – e rejeitou partilhar a comunhão com um bispo excomungado pela Santa Sé. Seu gesto foi aplaudido pelos fiéis e tornou-se um exemplo de coragem para muitos sacerdotes e bispos da China.
O receio do governo chinês é que se multipliquem gestos como este de rejeição da Associação patriótica, que desestruturaria todo o sistema de controle do Partido sobre a Igreja. Em sua prisão domiciliar, dom Ma está proibido de usar os sinais de seu episcopado: anel, cruz peitoral e barrete e em seguida foi proibido de celebrar a missa com outros sacerdotes. Também seminaristas e religiosas que ajudaram o bispo em seu gesto foram punidos. A poucas semanas do encerramento do Congresso do partido comunista chinês, as esperanças de uma abertura com uma maior liberdade religiosa ficam para mais tarde.

Evangelho do dia

Ano C - Dia: 11/12/2012



A ovelha perdida
Leitura Orante


Mt 18,12-14

- O que é que vocês acham que faz um homem que tem cem ovelhas, e uma delas se perde? Será que não deixa as noventa e nove pastando no monte e vai procurar a ovelha perdida? Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando ele a encontrar, ficará muito mais contente por causa dessa ovelha do que pelas noventa e nove que não se perderam. Assim também o Pai de vocês, que está no céu, não quer que nenhum destes pequeninos se perca.

Leitura Orante

Com todos que se encontram neste ambiente virtual, iniciamos nossa Leitura Orante do Advento, com a
Canção do Advento

Ó vem, Senhor, não tardes mais!
Vem saciar nossa sede de Paz!

1. Ó vem, como chega a brisa do vento,
Trazendo aos pobres justiça e bom tempo!

2. Ó vem, como chega a chuva no chão
Trazendo fartura de vida e de pão!

3. Ó vem, como chega a luz que faltou
Só tua palavra nos salva Senhor!

4. Ó vem, como chega a carta querida
Bendito carteiro do Reino da Vida!

5. Ó vem, como chega o filho esperado
Caminha conosco Jesus Bem amado!

6. Ó vem, como chega o Libertador
Das mãos do inimigo nos salva Senhor

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto, na minha Bíblia: Mt 18,12-14 - E a que se perdeu?

Um problema que devem enfrentar os que seguem Jesus é o julgamento, ou seja, pensar que algumas pessoas estão irremediavelmente perdidas porque se afastaram. Na parábola de Jesus, o pastor deixa as 99 ovelhas que não se perderam e vai procurar a ovelha que se perdeu. Ele quer dizer que veio ao mundo para salvar o que pensamos estar perdido. A comunidade, a Igreja, a família, o grupo que segue Jesus, não tem outra alternativa se constata que algum membro se extraviou. Como o pastor, deve haver todo empenho para recuperar esta pessoa.

2. Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim?
Quero seguir Jesus Cristo e para isto jamais poderei me deixar dominar pelo espírito de competição e pela tentação de julgar ou de excluir. Se alguém se afastou, devo ir ao encontro desta pessoa e tentar ajudá-la, recuperá-la. Em Aparecida, os bispos disseram: "Conversão: É a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê n'Ele pela ação do Espírito, decide-se ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo." (DAp 278b).

3.Oração (Vida)
O que o texto diz para mim?
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo a Oração que nos faz todos irmãos:
Pai Nosso

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Hoje, vou olhar as pessoas com olhar de fraternidade e de acolhimento e pedir ao Senhor a graça de uma "contínua conversão".

Bênção natalina
Jesus Menino coloque a sua mãozinha
sobre tua cabeça
e derrame sobre ti
a sua luz, conforto e alegria.
Amém!
- Abençoe-nos Deus misericordioso,
Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

(bem-aventurado Alberione) 

Santo do dia


São Dâmaso I
Papa
Século IV








11 de dezembro

São Dâmaso I
Dâmaso era espanhol, mas não se descarta que ele possa ter nascido em Roma, no ano 305. Culto e instruído, ocupou o trono da Igreja de 366 a 384. Foi considerado um dos mais firmes e valentes sucessores de Pedro. Sem temer as ameaças e protecionismos imperiais, demitiu de uma só vez todos os bispos que mantinham vínculo com a heresia ariana, trazendo estabilidade à Igreja através da unidade, da obediência e respeito ao papa de Roma.

Sua eleição foi tumultuada por causa da oposição. Houve até luta armada entre as facções, vitimando cento e trinta e sete pessoas. Mas, ao assumir, o então papa Dâmaso I trouxe de volta a tradição da doutrina à Igreja, havendo um florescimento de ritos, orações e pregações durante seu mandato. Devem-se a ele, por exemplo, os estudos para a revisão dos textos da Bíblia e a nova versão em latim feita pelo depois são Jerônimo, seu secretário.

Em seu governo, a Igreja conseguiu uma nova postura e respeito na sua participação na vida pública civil. Os bispos podiam escrever, catequizar, advertir e condenar. Esse papa sabia como ninguém fazer-se entender com os impérios e reinados e conseguia paz para que a Igreja se autogerisse. Foi uma figura digna do seu tempo, pois conviveu com grandes destaques do cristianismo, como os santos: Ambrósio, Agostinho e Jerônimo, só para citar alguns.

Além de administrador, era, também, um poeta inspirado pelas orações e cânticos antigos e um excelente arqueólogo. Graças a ele as catacumbas foram recuperadas, com o próprio papa percorrendo-as para identificar os túmulos dos mártires e dar-lhes as devidas honras. Nesse mesmo local exaltou os mártires em seus famosos "Títulos", ou seja, epigramas talhados nas pedras pelo calígrafo Dionísio Filocalo, com os lindos poemas que escrevia especialmente para cada um.

Dâmaso I escolheu, pessoalmente, o túmulo no qual gostaria que fossem depositados seus restos mortais. Na cripta dos papas, localizada nas Catacumbas de São Calisto, ao término dos seus escritos em honra deles, deixou registrado: "Aqui, eu, Dâmaso, gostaria que fossem depositados meus espólios. Mas temo perturbar as piedosas cinzas dos mártires".

Ao morrer, em 384, com quase oitenta anos, foi sepultado num solitário e humilde túmulo na via Andreatina, que ele, discreto, preparara para si. Santo papa Dâmaso I é venerado no dia 11 de dezembro.