sábado, 4 de abril de 2015

Orações Presidenciais - informativo litúrgico pnsc. 2015


(Redescobrindo um tesouro antigo)

01 - Rica, profundamente rica, é a eucologia da Igreja, aqui entendida como o conjunto de suas preces e orações, estas quase sempre de índole bíblica, de grande valor orante e com conteúdo de vasto sentido teológico, litúrgico e pastoral. Nesse conjunto de orações, predominam as assim chamadas orações presidenciais, que, pela voz do sacerdote ou do bispo, quando presidem a assembléia litúrgica, são verdadeiras orações de toda a Igreja. 
São eles - sacerdotes e bispos - sinais visíveis da unidade dos fiéis em torno de Cristo. Na liturgia, sua ação vai então realizar-se de duas maneiras e simultaneamente: “in persona Christi”, isto é, na pessoa de Cristo, e “in persona ecclesiae”, ou seja, em nome da Igreja.
02 - Na liturgia, quando o sacerdote ora em nome de Cristo, ele ora sozinho; em nome da Igreja, ele o faz no plural. Quando, em outros momentos da celebração, ele ora em nome próprio, propõe-se então que ore em silêncio. Vê-se, pois, que a oração da Igreja, dada a sua comunhão com Cristo, é, ao mesmo tempo, ascendente e descendente, o que se manifesta com mais clareza ainda na doxologia da oração eucarística.
A propósito, vem-nos à mente aquele pensamento de comparação feliz: “As orações são como a escada de Jacó: por elas sobem as súplicas, e por elas descem as divinas consolações”, na referência ao sonho de Jacó, como narrado em Gn 28,12 e que parece aplicado por Cristo a si mesmo em Jo 1,51.
03 - Seria desejável, para o bem da liturgia e da fé, que todos os celebrantes - ministros e assembléia - tivessem plena consciência do que acima se diz. Assim, a dignidade do sacerdócio ministerial ordenado apareceria com mais nitidez na celebração litúrgica, não como projeção da pessoa do ministro, mas como razão maior para a glória de Deus e santificação dos homens, e a própria assembléia ver-se-ia também toda ministerial, assumindo com alegria tudo o que lhe é próprio na celebração do mistério cristão.
04 - A escuta das orações presidenciais, pela assembléia, é uma escuta ativa, pois é a assembléia que fala pela voz do sacerdote, diferente assim da escuta receptiva, requerida na Liturgia da Palavra. De fato, nas orações presidenciais os ouvidos da assembléia materialmente ouvem, mas é sua boca que teologicamente fala. Na prática litúrgica, a recitação de tais orações pelo presidente deve ser feita em voz alta, durante a qual não se deve fazer ouvir outra voz, como de canto, p. ex., nem mesmo qualquer som de instrumento musical.
05 - Orar “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, como nas orações oficiais da Igreja, não deve ser, porém, mero discurso de palavras escolhidas, bonitas e até edificantes, mas verdadeiro compromisso de assumir com ele a construção de um mundo novo, alicerçado na vivência do amor, na prática da justiça, da verdade e da fraternidade, um abraçar consciente das causas do Reino, na plena fidelidade ao projeto amoroso de Deus.
06 - Deve-se dar importância vital ao Amém da assembléia no fim das orações presidenciais, pois ele tem valor expressivo-simbólico. Além de ratificar todo o texto oracional dito em seu nome pelo presidente, com o Amém conclusivo a assembléia manifesta a sua comunhão na fé, revelando-se como comunidade viva, eclesial e celebrante, e disposta assim a assumir o compromisso libertador e missionário derivante da liturgia. Daí que tal resposta deve ser sincera, como adesão firme ao que o sacerdote diz. Tal comunhão de fé, aliás, já deve ser manifestada desde o início das orações presidenciais, pela saudação e pelo convite do presidente.
ESTRUTURA E DIMENSÕES DA ORAÇÃO PRESIDENCIAL
a) - A marca trinitária
07 - A oração presidencial destaca, já desde o início, o seu destinatário, que é sempre Deus Pai. Cristo nela aparece como mediador, no Espírito Santo, como no adágio conhecido: “Ao Pai pelo Filho no Espírito Santo”. Com isso, a oração presidencial manifesta claramente sua marca trinitária e, por extensão, também a dimensão e a dinâmica trinitárias da fé cristã.
08 - Ao nome de “Deus”, no início das orações presidenciais, costuma-se acrescentar alguns adjetivos ou atributos divinos, como, p. ex.: “Deus onipotente e eterno...”, ou “Deus do universo, fonte de todo o bem...” Também, em algumas vezes, se acrescenta uma oração subordinada relativa, p. ex.: “Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu...” O “Por N.S.J.C., vosso Filho...”, no final, mostra claramente não ser Cristo o destinatário da oração, mas o Pai, o que, porém, não coloca o Filho numa condição de subordinação ao Pai, como na doutrina ariana, mas verdadeiramente confessa a fé da Igreja na mediação única do Filho, ao mesmo tempo que afirma a sua igualdade divina com o Pai.
09 - Notemos então que a menção do Filho revela o cristocentrismo da fé, ao mesmo tempo que revela o lugar central de Cristo como mediador. E mais: com tal menção, a Igreja confessa que Cristo abriu o acesso da humanidade ao Pai (Cf. Rm 5,1-2). Agora, trata-se, pois, de nova família humana, no novo Adão (Cristo), que tornou possível nova relação da humanidade com Deus.
Aqui podemos dizer que o velho Adão, restaurado e recriado em Cristo, volta novamente ao jardim de Deus, como Homem Novo, revestido de Cristo (Cf. Rm 13,14; Ef 2,15; 4,24; Cl 3,10), agora então redimido pelo divino salvador, liberto, pois, da escravidão do pecado e capacitado para a nova comunhão com Deus.
10 - Referindo-se à menção da Trindade nas orações presidenciais, diz a Instrução Geral sobre o Missal Romano (nº 54): “Conforme antiga tradição da Igreja, a oração (presidencial) costuma ser dirigida a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo, e por uma conclusão trinitária, isto é, com uma conclusão mais longa, do seguinte modo:
- quando se dirige ao Pai: Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo;
- quando se dirige ao Pai, mas no fim menciona o Filho: Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo;
- quando se dirige ao Filho: Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo”.
b) - A dimensão eclesial
11 - Outro aspecto que aparece claramente nas orações presidenciais é o eclesial. Trata-se de orações da comunidade, da Igreja, do corpo de Cristo. Nelas aparece o “nós” comunitário do povo de Deus. Por isso se diz que quando o presidente ora em nome da Igreja ele o faz no plural. O aspecto de eclesialidade das orações cristãs, sobretudo das presidenciais, está fundamentado no batismo único e na confissão da mesma fé, consolidando assim o sentido de comunhão com a Igreja de todos os tempos, naquele tom de universalidade e naquela amplitude de horizontes que caracterizam a realidade do povo de Deus.
c) - A dimensão antropológica
12 - Há ainda a densidade antropológica das orações cristãs, especialmente as presidenciais. Diz J. Castellano: “No diálogo com Deus, a oração abre a ele toda a riqueza de humanidade que é própria do cristão e da Igreja. Os sentimentos humanos, por si sós, não bastam para que haja oração; eles precisam estar abertos para Deus; vice-versa, uma oração sem vibrações autênticas de humanidade seria fórmula fria sem conteúdos”.
13 - No Novo Testamento, vemos que Cristo abre para o ser humano esse sentido tão caro da antropologia, fazendo vibrar, nos seus diálogos com o Pai, toda a sua humanidade, conforme nos revelam os evangelhos. Esse dado antropológico, é verdade, já se encontrava, em germe, no Antigo Testamento, principalmente nos Salmos e em alguns discursos oracionais, mas ainda sem aquela luz tão viva e sem aquela aurora de um renascer mais pleno, cuja plenitude só mais tarde o mundo conheceria, precisamente na plenitude dos tempos, com a encarnação e missão do Filho de Deus.
MODELOS DE ORAÇÃO PRESIDENCIAL
a) - As orações consecratórias
14 - Ao falarmos de oração presidencial, em primeiro lugar devemos enumerar as grandes orações consecratórias, e há, com relação a estas, diversos tipos, segundo o modelo da celebração litúrgica, levando também em consideração os seus conteúdos e seus diversos momentos de celebração. 
Assim, as orações presidenciais estão no centro e no cume das grandes celebrações, não só, pois, da Eucaristia como também de outros sacramentos e dos sacramentais. Como orações consecratórias temos: a Oração Eucarística da missa, esta a mais importante de todas; as orações próprias na liturgia das ordenações, nos três graus do sacerdócio ordenado.
b) - Orações de bênçãos
15 - Igualmente ricas são as orações de bênçãos, como as da água batismal na Vigília Pascal do Sábado Santo, a dos santos óleos na Quinta-Feira Santa, a da dedicação das Igrejas, a da bênção dos altares, das insígnias pontificais, dos abades e das abadessas, das virgens etc..
c) - Outras orações presidenciais
16 - Outros modelos de oração presidencial, também de grande importância, são encontradas na liturgia. De formato mais breve, encontram-se tais orações não no centro de uma celebração, mas, geralmente, no fim de uma ação litúrgica ou de um rito, como uma espécie de conclusão.
Na missa, são encontradas depois de ritos processionais, ou seja: depois da procissão de entrada, encerrando os ritos iniciais, a Oração do Dia (antes chamada Coleta); depois da procissão, preparação e apresentação dos dons, a chamada oração sobre as oferendas; e, finalmente, após o rito da comunhão, a assim chamada oração após a comunhão. A oração sobre as oferendas e a oração após a comunhão terminam com a conclusão mais breve, isto é, “Por Cristo, nosso Senhor”, a que a assembléia responde Amém.
17 - Tais orações procuram recolher o sentido imediato que as precede, como que trazendo-o à superfície, explicitando-o e dando-lhe o sentido próprio. São ouvidas de pé pela assembléia, assim como de pé o presidente as recita. Como as orações consecratórias, mas em grau menor, têm essas orações duas partes, uma de “confissão”, na linha do louvor, de ação de graças e da proclamação das maravilhas de Deus, e outra que segue a linha da súplica e do pedido, o que lhes dá uma conotação fortemente bíblica.
18 - Acrescentem-se ainda às orações presidenciais as orações próprias da Liturgia das Horas, também com sua vasta riqueza litúrgica e com seu profundo sentido teológico, destacando-se dentre elas a oração conclusiva das Laudes, das Vésperas e do Ofício das Leituras, tanto as do tempo litúrgico como as do Santoral. Como a oração sobre as oferendas e a oração após a comunhão, da missa, a oração da Hora Média e a das Completas, na Liturgia das Horas, têm também conclusão breve: “Por Cristo, nosso Senhor. Amém”. Se, porém, a oração se dirige ao Pai com a menção do Filho na parte final, diz-se: “Que vive e reina para sempre. Amém”. Se, ainda, a oração é dirigida ao Filho, diz-se: “Vós, que viveis e reinais para sempre. Amém. 
O CARÁTER DE MEMORIAL DAS ORAÇÕES PRESIDENCIAIS 19- Como se sabe, celebrar é alegrar-se, regozijar-se por uma realidade positiva, gratificante e libertadora, por ela dando graças e louvando aquele de quem ela procede. Nas orações presidenciais, de modo especial na eucarística, exprime-se visivelmente esse cunho de louvor, ao mesmo tempo que se exprime o sentido da ação de graças. 
O corpo então do formulário oracional se reveste do sentido da anamnese, do memorial, trazendo assim à memória e tornando presentes as ações salvíficas que Deus realizou ao longo da história da salvação, culminando com o evento salvífico de seu próprio Filho. Saibamos, finalmente, que celebrar é também relembrar, numa volta às origens, buscando sempre uma restauração, uma nova experiência do fato que se celebra.
20 - Digamos ainda que, por causa do aspecto de memorial de nossas orações presidenciais, elas incluem em seu corpo oracional a epiclese, isto é, a invocação do Espírito Santo. De fato, é graças ao Espírito que elas atingem a eficácia sacramental, libertadas sempre de todo magicismo e de todo verbalismo ou intelectualismo vazio. 
Na oração eucarística, são duas as invocações do Espírito Santo: uma, sobre os dons do pão e do vinho, para que se tornem o Corpo e o Sangue do Senhor; e outra, sobre os comungantes, para que, comungando eles o corpo sacramental de Cristo, se tornem o seu corpo místico, eclesial e escatológico.
BIBLIOGRAFIA
- Instrução Geral sobre o Missal Romano (Do novo missal)


     Pastoral  liturgica  pnsc  2015   ano  B   Mateus

Por que não tem Missa na Sexta-feira Santa?


Um dia marcado pelo silêncio, jejum e abstinência

Atualizada em 02/04/2015 às 10:22

Para a Igreja Católica, a Sexta-feira Santa é um dia muito especial, marcado pelo silêncio. Este dia pertence ao Tríduo Pascal, em que a Igreja celebra e contempla a paixão e morte de Cristo, sendo este o único dia em que não se celebra a Eucaristia.
Durante a Sexta-feira Santa, contempla-se de modo especial Jesus Cristo crucificado. As regras litúrgicas orientam que neste dia e no seguinte (Sábado Santo) se venere o crucifixo com o gesto da genuflexão, ou seja, de joelhos.
Jesus, após sua prisão, foi interrogado, humilhado e torturado durante toda a noite. Até as três horas, os católicos acompanham este sofrimento como se estivesse acontecendo “agora”. Por isso, a Sexta-feira Santa é dia de jejum, abstinência e uma oportunidade de rever ações e objetivos de vida.
Em todas as Igrejas, fieis se reúnem junto aos sacerdotes para realizar a solene Ação Litúrgica da Paixão de Cristo, que deve ser celebrada depois do meio-dia e antes das 21h00.
Com algumas semelhanças na estrutura da Missa, mas sem a Oração Eucarística, a celebração da morte do Senhor consiste na leitura da Sagrada Escritura e as dez orações especiais para o bem do mundo; adoração da Santa Cruz; e Comunhão Eucarística. Presidida por um presbítero ou bispo, com os paramentos que usa para a missa, de cor vermelha, a celebração é o memorial da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Estrutura da Ação Litúrgica da Paixão de Cristo é apresentada desta maneira:
Entrada em silêncio do presidente e dos ministros, que se prostram em adoração diante do altar;
Liturgia da Palavra: leitura do livro de Isaías (quarto cântico do servo de Javé, Is 52,13-53,12), salmo 31 (30), leitura da Epístola aos Hebreus (Hebr 4, 14-16; 5, 7-9), aclamação ao Evangelho e leitura do Evangelho da Paixão segundo João (Jo 18,1-19,42, geralmente em forma dialogada);
Homilia e silêncio de reflexão;
Oração Universal, mais longa e solene do que a da missa, formada por uma ação de graças e um pedido;
Adoração da Cruz: a cruz é apresentada aos fiéis e adorada ao som de cânticos;
Pai Nosso;
Comunhão dos fiéis presentes (Toma-se pão consagrado no dia anterior, Quinta-Feira Santa);
Oração depois da comunhão;
Oração sobre o povo.
Vale destacar que em algumas cidades, por tradição, a Celebração da Paixão e Morte do Senhor é precedida da Procissão do Enterro, também conhecida como Procissão do Senhor Morto.
Toda a liturgia católica da Sexta-feira Santa está em função de Cristo crucificado. Assim, a Liturgia da Palavra pretende introduzir os fiéis no mistério do sofrimento e da morte de Jesus. A veneração da cruz, símbolo da salvação, pretende dar expressão concreta à adoração de Cristo crucificado.
A comunhão eucarística é, para toda Igreja, a forma mais perfeita de união com o Mistério pascal de Cristo. O fato de se comungar do pão consagrado no dia anterior vem exprimir e reforçar a unidade de todo o Tríduo Pascal.
Indulgência Plenária
Na Sexta-feira Santa, a Igreja concede a “Indulgência Plenária” aos que participam piedosamente da veneração da cruz e beijam devotamente o Santo Lenho.
No entanto, o fiel deve cumprir com outras condições conhecidas, como: confissão recente, renovação da fé, oração pelo Papa e invocação da Virgem. A condição da missa é substituída pela participação na solene Ação Litúrgica da Paixão de Cristo.
Jejum e abstinência
Quanto ao jejum e abstinência, o cânon 1252 diz que estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado 14 anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou 18 anos) até os 60 anos começados. Todavia, os pastores e pais cuidem para que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum em razão da pouca idade.
Toda sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade do calendário litúrgico. Os fieis nesse dia se abstenham de carne ou outro alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de caridade ou exercício de piedade.
A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Cristo, são dias de jejum e abstinência. A abstinência pode ser substituída pelos próprios fieis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia (Legislação complementar da CNBB quanto aos cânones 1251 e 1253).
Assessoria de Imprensa
Fabiano Fachini

   Pastoral  liturgica  pnsc.  2015

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Semana Santa


Meu Dia com Deus

DIA 3 DE ABRIL - SEXTA-FEIRA

Ouça: 
Evangelho do Dia: (João 18,1-19,42)
Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s). 

N: Narrador 
P: Presidente
G: Grupo ou assembleia
L: Leitor

Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João.
N: Naquele tempo, 18 1 Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos. 3 Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas. 4 Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes:
P: “A quem buscais?”
N: 5 Responderam:
G: “A Jesus de Nazaré”.
N: Jesus respondeu:
P: “Sou eu”.
N: Também Judas, o traidor, estava com eles. 6 Quando lhes disse “Sou eu”, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez:
P: “A quem buscais?”
N: Disseram:
P: “A Jesus de Nazaré”.
N: 8 Replicou Jesus:
P: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes”.
N: 9 Assim se cumpriu a palavra que disse: “Dos que me deste não perdi nenhum”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 11 Mas Jesus disse a Pedro:
P: “Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?”
N: 12 Então a corte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: “Convém que um só homem morra em lugar do povo”. 15 Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, porém 16 Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar.17 A porteira perguntou a Pedro:
L: “Não és acaso também tu dos discípulos desse homem?”
N: Respondeu Pedro:
L: “Não o sou”.
N: 18 Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se. 19 O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 20 Jesus respondeu-lhe:
P: “Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas. 21 Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei”.
N: 22 A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?” Replicou-lhe Jesus:
P: 23 “Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?”
N: 24 Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás. 25 Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe:
G: “Não és porventura, também tu, dos seus discípulos?”
N: Pedro negou:
L: “Não!”
N: 26 Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
L: “Não te vi eu com ele no horto?”
N: 27 Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou. 28 Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa. 29 Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou:
L: “Que acusação trazeis contra este homem?”
N: 30 Responderam-lhe:
G: “Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti”.
N: 31 Disse, então, Pilatos:
L: “Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: “Não nos é permitido matar ninguém”.
N: 32 Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer. Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L: “És tu o rei dos judeus?”
N: 34 Jesus respondeu:
P: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?”
N: 35 Disse Pilatos:
L: “Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?”
N: 36 Respondeu Jesus:
P: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo”.
N: 37 Perguntou-lhe então Pilatos:
L: “És, portanto, rei?”
N: Respondeu Jesus:
P: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.”
N: 38 Disse-lhe Pilatos:
L: “O que é a verdade?”
N: Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes:
L: “Não acho nele crime algum. 39 Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?”
N: 40 Então todos gritaram novamente e disseram:
G: 19 “1 Não! A este não! Mas a Barrabás!”
N: Barrabás era um salteador. Pilatos mandou então flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. 3Aproximavam-se dele e diziam:
G: “Salve, rei dos judeus!”
N: E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
L: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”.
N: 5 Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse:
L: “Eis o homem!”
N: 6 Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram:
G: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
N: Falou-lhes Pilatos:
L: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: 7 “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus”.
N: 8 Estas palavras impressionaram Pilatos. 9 Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus:
L: “De onde és tu?”
N: Mas Jesus não lhe respondeu. 10 Pilatos então lhe disse:
L: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”
N: 11 Respondeu Jesus:
P: “Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior”.
N: 12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam:
G: “Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador”.
N: 13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata. 14 Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos judeus:
L: “Eis o vosso rei!”
N: 15 Mas eles clamavam:
G: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!”
N: Pilatos perguntou-lhes:
L: “Hei de crucificar o vosso rei?”
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: “Não temos outro rei senão César!”
N: 16 Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. Levaram então consigo Jesus. 17 Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota. 18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. 20 Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego. 21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas: “Rei dos judeus”, mas sim: “Este homem disse ser o rei dos judeus”.
N: 22 Respondeu Pilatos:
L: “O que escrevi, escrevi”.
N: 23 Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. 24Disseram, pois, uns aos outros:
G: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será”.
N: Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica”. Isso fizeram os soldados. 25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
P: “Mulher, eis aí teu filho”.
N: 27 Depois disse ao discípulo:
P: “Eis aí tua mãe”.
N: E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse:
P: “Tenho sede”.
N: 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. 30 Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
P: “Tudo está consumado”.
N: Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.

(Todos se ajoelham em silêncio) 

N: 31 Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36 Assim se cumpriu a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. 37 E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram”. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. 39 Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. 42 Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Palavra da Salvação.
 
Meditando o Evangelho
A TAREFA CONCLUÍDA
            A última palavra de Jesus crucificado foi uma proclamação de que sua missão específica tinha atingido seu ápice e ele a dava por concluída. A exclamação: “Tudo está consumado” pode ser entendida sob diversos ângulos. Significava que Jesus tinha sido fiel ao Pai, no grau mais elevado. Proclamava que a Encarnação chegara a seu limite. Nada de autenticamente humano deixou de ser assumido por Jesus, mesmo os aspectos mais trágicos da existência humana. Desta forma, convocava os discípulos a serem também fiéis ao Pai, mesmo sendo vítimas da injustiça e da maldade humana. As últimas palavras de Jesus, na cruz,  sintetizavam sua contínua disposição de assumir, com radicalidade, todas as coisas e fazê-las bem, não se contentando com a mediocridade nem se deixando intimidar pela grandiosidade da missão. Podiam ser tomadas como alerta aos discípulos. Uma vez cumprida a missão reservada a Jesus,  convinha que cada qual se sentisse apelado a realizar, com as mesmas disposições do Mestre, a parte que lhe competia.
            As palavras finais de Jesus não podem ser tomadas como capitulação ou conformismo diante da injustiça de que foi vítima. Nem como consciência de ter sido vencido pelas forças da morte. Jesus concluiu sua missão terrena certo de que sua vida foi pura entrega ao Pai a serviço da salvação da humanidade. Tarefa que realizou de maneira perfeita!

          
 
Oração
             Senhor Jesus, sustenta a minha fraqueza e ajuda-me a ser, como tu, perfeitamente fiel ao Pai.

No sepulcro, a vitória da vida


Quem tem a certeza da vitória de Jesus busca o caminho apresentado por Ele.
Alguns pensavam que iam calar Jesus, condenando-o à morte. O efeito contrário foi surpreendente! Através das gerações, o Filho de Deus mostra a que veio com semelhança humana. Apesar dessa sua humanização, seu poder divino apresenta a força da superação da morte física. Não fomos criados para ficar dentro do sepulcro, mas não por nosso poder humano. Jesus é que potencializa nossa vida para ela ser imorredoura. A matéria é corruptível, mas o espírito não tem a limitação do tempo. Este é eterno. Jesus o afirma e realiza consigo mesmo.
A ressurreição do Senhor estarrece não só os soldados que guardavam o túmulo, mas também a todos que fazem a experiência de fé em sua pessoa. Quem vive só para a matéria não tem essa graça da certeza da vida perene. A fé na vitória do Mestre sobre a morte sustenta toda a conduta moral de quem O aceita. Paulo lembra que a Páscoa de Jesus é fundamento indispensável para quem crê. Ao contrário, estaria perdendo tempo em conservar a própria religiosidade e opção de vida com a contenção e sublimação dos instintos. Compreendemos porque certas pessoas não têm freio ético, apesar de, às vezes, até se mostrarem pessoas realizadoras de atos religiosos. Talvez o façam para ostentação social e até ganharem tentos políticos.
Quem saboreia a certeza da vitória de Jesus, luta para também alcançar a vitória da vida, buscando o caminho de sentido apresentado por Aquele que ressuscitou. Viver para as coisas do alto, ou seja, pelo ideal de tornarmos o convívio na sociedade de modo profundamente humano, vale a pena. Realizando o bem a quem necessita é o mesmo que fazê-lo a Cristo, conforme Ele mesmo disse. Então a vida se torna uma verdadeira promoção do bem. Até o slogan da Santa Casa de Montes Claros reforça esse encaminhamento: “Pratique o bem; o resto vem”!
Jesus é incansável na prática e no ensinamento do amor, como atitude de sair de si em vista de servir o semelhante. A Campanha da Fraternidade focaliza o serviço que a Igreja presta à sociedade, sendo luz e mostrando a vida como dom a ser protegido e promovido até às últimas conseqüências. Precisamos tirar das pessoas, famílias e sociedade todos os mecanismos de morte, erradicando do coração humano tudo o que é impulso para a agressão ao outros. Canalizamos os instintivos para a criação de condições em que cada um dá de si para servir o próximo. Vamos ter mais harmonia, compreensão, diálogo, justiça, solidariedade e paz.
A Páscoa de Jesus vem trazer-nos um grande impulso para sermos verdadeiramente humanos uns com os outros, dando o que o semelhante precisa para viver dignamente. Para isso, somos convidados a viver com Jesus ressuscitado, ou seja, seguir a pessoa dele a cada instante e aprender com Ele a sermos instrumentos de promoção de vida. Dessa forma, nossa vida se torna feliz. Ficamos livres das escravidões do egoísmo e da falta de luta por um ideal melhor de vida.
Tirar a pedra do sepulcro de Jesus foi obra do próprio Jesus ressuscitado. Tirar também a pedra do sepulcro da limitação humana é possível se aceitarmos que o próprio Jesus tome conta de nossa vida. O sentido da vida trazida por Ele nos faz viver também com Ele e sua vida nova. Tornamo-nos novas pessoas, com alegria e vontade de viver para fazer o bem!
CNBB, 31-03-2015.
*Dom José Alberto Moura é arcebispo de Montes Claros (MG).

Evangelho do Dia

B - 03 de abril de 2015

João 18,1-19,42

Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s). 

N: Narrador 
P: Presidente
G: Grupo ou assembleia
L: Leitor

Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João.
N: Naquele tempo, 18 1 Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos. 3 Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas. 4 Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes:
P: “A quem buscais?”
N: 5 Responderam:
G: “A Jesus de Nazaré”.
N: Jesus respondeu:
P: “Sou eu”.
N: Também Judas, o traidor, estava com eles. 6 Quando lhes disse “Sou eu”, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez:
P: “A quem buscais?”
N: Disseram:
P: “A Jesus de Nazaré”.
N: 8 Replicou Jesus:
P: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes”.
N: 9 Assim se cumpriu a palavra que disse: “Dos que me deste não perdi nenhum”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 11 Mas Jesus disse a Pedro:
P: “Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?”
N: 12 Então a corte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: “Convém que um só homem morra em lugar do povo”. 15 Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, porém 16 Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar.17 A porteira perguntou a Pedro:
L: “Não és acaso também tu dos discípulos desse homem?”
N: Respondeu Pedro:
L: “Não o sou”.
N: 18 Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se. 19 O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 20 Jesus respondeu-lhe:
P: “Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas. 21 Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei”.
N: 22 A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?” Replicou-lhe Jesus:
P: 23 “Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?”
N: 24 Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás. 25 Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe:
G: “Não és porventura, também tu, dos seus discípulos?”
N: Pedro negou:
L: “Não!”
N: 26 Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
L: “Não te vi eu com ele no horto?”
N: 27 Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou. 28 Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa. 29 Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou:
L: “Que acusação trazeis contra este homem?”
N: 30 Responderam-lhe:
G: “Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti”.
N: 31 Disse, então, Pilatos:
L: “Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: “Não nos é permitido matar ninguém”.
N: 32 Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer. Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L: “És tu o rei dos judeus?”
N: 34 Jesus respondeu:
P: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?”
N: 35 Disse Pilatos:
L: “Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?”
N: 36 Respondeu Jesus:
P: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo”.
N: 37 Perguntou-lhe então Pilatos:
L: “És, portanto, rei?”
N: Respondeu Jesus:
P: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.”
N: 38 Disse-lhe Pilatos:
L: “O que é a verdade?”
N: Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes:
L: “Não acho nele crime algum. 39 Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?”
N: 40 Então todos gritaram novamente e disseram:
G: 19 “1 Não! A este não! Mas a Barrabás!”
N: Barrabás era um salteador. Pilatos mandou então flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. 3Aproximavam-se dele e diziam:
G: “Salve, rei dos judeus!”
N: E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
L: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”.
N: 5 Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse:
L: “Eis o homem!”
N: 6 Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram:
G: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
N: Falou-lhes Pilatos:
L: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: 7 “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus”.
N: 8 Estas palavras impressionaram Pilatos. 9 Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus:
L: “De onde és tu?”
N: Mas Jesus não lhe respondeu. 10 Pilatos então lhe disse:
L: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”
N: 11 Respondeu Jesus:
P: “Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior”.
N: 12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam:
G: “Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador”.
N: 13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata. 14 Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos judeus:
L: “Eis o vosso rei!”
N: 15 Mas eles clamavam:
G: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!”
N: Pilatos perguntou-lhes:
L: “Hei de crucificar o vosso rei?”
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: “Não temos outro rei senão César!”
N: 16 Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. Levaram então consigo Jesus. 17 Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota. 18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. 20 Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego. 21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas: “Rei dos judeus”, mas sim: “Este homem disse ser o rei dos judeus”.
N: 22 Respondeu Pilatos:
L: “O que escrevi, escrevi”.
N: 23 Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. 24Disseram, pois, uns aos outros:
G: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será”.
N: Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica”. Isso fizeram os soldados. 25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
P: “Mulher, eis aí teu filho”.
N: 27 Depois disse ao discípulo:
P: “Eis aí tua mãe”.
N: E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse:
P: “Tenho sede”.
N: 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. 30 Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
P: “Tudo está consumado”.
N: Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.

(Todos se ajoelham em silêncio) 

N: 31 Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36 Assim se cumpriu a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. 37 E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram”. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. 39 Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. 42 Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
A TAREFA CONCLUÍDA
            A última palavra de Jesus crucificado foi uma proclamação de que sua missão específica tinha atingido seu ápice e ele a dava por concluída. A exclamação: “Tudo está consumado” pode ser entendida sob diversos ângulos. Significava que Jesus tinha sido fiel ao Pai, no grau mais elevado. Proclamava que a Encarnação chegara a seu limite. Nada de autenticamente humano deixou de ser assumido por Jesus, mesmo os aspectos mais trágicos da existência humana. Desta forma, convocava os discípulos a serem também fiéis ao Pai, mesmo sendo vítimas da injustiça e da maldade humana. As últimas palavras de Jesus, na cruz,  sintetizavam sua contínua disposição de assumir, com radicalidade, todas as coisas e fazê-las bem, não se contentando com a mediocridade nem se deixando intimidar pela grandiosidade da missão. Podiam ser tomadas como alerta aos discípulos. Uma vez cumprida a missão reservada a Jesus,  convinha que cada qual se sentisse apelado a realizar, com as mesmas disposições do Mestre, a parte que lhe competia.
            As palavras finais de Jesus não podem ser tomadas como capitulação ou conformismo diante da injustiça de que foi vítima. Nem como consciência de ter sido vencido pelas forças da morte. Jesus concluiu sua missão terrena certo de que sua vida foi pura entrega ao Pai a serviço da salvação da humanidade. Tarefa que realizou de maneira perfeita!

          
 
Leitura
Isaías 52,13-53,12
52 13 Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado.
14 Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados - tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana -,
15 assim o admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado, e observarão um prodígio inaudito.
53 1 Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?
2 Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.
3 Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
4 Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.
5 Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós.
7 Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.)
8 Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo?
9 Foi-lhe dada sepultura ao lado de fascínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira.
10 Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11 Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades.
12 Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.
Palavra do Senhor.
 
Salmo 30/31
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

Senhor, eu ponho em vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos
e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me vêem pela rua.
Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado.

A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão.
Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais!
 
Oração
Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo. Por Cristo, nosso Senhor.

Liturgia Diária

DIA 3 DE ABRIL - SEXTA-FEIRA

PAIXÃO DO SENHOR
DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA 
(VERMELHO – OFÍCIO PRÓPRIO)

Antífona de entrada:
(Não há Antífona de Entrada. O Presidente da Celebração faz a reverência diante do altar e prostra-se por alguns instantes em silêncio. Em seguida, levanta-se e reza a oração seguinte)
Oração do dia
Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo. Por Cristo, nosso Senhor.
Leitura (Isaías 52,13-53,12)
52 13 Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado.
14 Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados - tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana -,
15 assim o admirarão muitos povos: os reis permanecerão mudos diante dele, porque verão o que nunca lhes tinha sido contado, e observarão um prodígio inaudito.
53 1 Quem poderia acreditar nisso que ouvimos? A quem foi revelado o braço do Senhor?
2 Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos.
3 Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
4 Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.
5 Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós.
7 Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.)
8 Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo?
9 Foi-lhe dada sepultura ao lado de fascínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira.
10 Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11 Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades.
12 Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.
Palavra do Senhor.
 
Salmo responsorial 30/31
Ó Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito.

Senhor, eu ponho em vós minha esperança;
que eu não fique envergonhado eternamente!
em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!

Tornei-me o opróbrio do inimigo,
o desprezo e zombaria dos vizinhos
e objeto de pavor para os amigos;
fogem de mim os que me vêem pela rua.
Os corações me esqueceram como um morto,
e tornei-me como um vaso espedaçado.

A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!

Mostrai serena a vossa face ao vosso servo
e salvai-me pela vossa compaixão.
Fortalecei os corações, tende coragem,
todos vós que ao Senhor vos confiais!
 
Leitura (Hebreus 4,14-16;5,7-9)
Leitura da carta aos Hebreus.
Irmãos, 4 14 temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé.15 Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado.16 Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.
5 7 Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. 8 Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. 9 E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem,
Palavra do Senhor.

 
Evangelho (João 18,1-19,42)
Louvor e honra a vós, Senhor Jesus.
Jesus Cristo se tornou obediente, obediente até a morte numa cruz; pelo que o Senhor Deus o exaltou e deu-lhe um nome muito acima de outro nome (Fl 2,8s). 

N: Narrador 
P: Presidente
G: Grupo ou assembleia
L: Leitor

Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João.
N: Naquele tempo, 18 1 Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos. 2 Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos. 3 Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas. 4 Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes:
P: “A quem buscais?”
N: 5 Responderam:
G: “A Jesus de Nazaré”.
N: Jesus respondeu:
P: “Sou eu”.
N: Também Judas, o traidor, estava com eles. 6 Quando lhes disse “Sou eu”, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez:
P: “A quem buscais?”
N: Disseram:
P: “A Jesus de Nazaré”.
N: 8 Replicou Jesus:
P: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes”.
N: 9 Assim se cumpriu a palavra que disse: “Dos que me deste não perdi nenhum”. 10 Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 11 Mas Jesus disse a Pedro:
P: “Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?”
N: 12 Então a corte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram. 13 Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano. Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: “Convém que um só homem morra em lugar do povo”. 15 Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote, porém 16 Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar.17 A porteira perguntou a Pedro:
L: “Não és acaso também tu dos discípulos desse homem?”
N: Respondeu Pedro:
L: “Não o sou”.
N: 18 Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se. 19 O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 20 Jesus respondeu-lhe:
P: “Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas. 21 Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei”.
N: 22 A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “É assim que respondes ao sumo sacerdote?” Replicou-lhe Jesus:
P: 23 “Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?”
N: 24 Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás. 25 Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe:
G: “Não és porventura, também tu, dos seus discípulos?”
N: Pedro negou:
L: “Não!”
N: 26 Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha:
L: “Não te vi eu com ele no horto?”
N: 27 Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou. 28 Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa. 29 Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou:
L: “Que acusação trazeis contra este homem?”
N: 30 Responderam-lhe:
G: “Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti”.
N: 31 Disse, então, Pilatos:
L: “Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: “Não nos é permitido matar ninguém”.
N: 32 Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer. Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L: “És tu o rei dos judeus?”
N: 34 Jesus respondeu:
P: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?”
N: 35 Disse Pilatos:
L: “Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?”
N: 36 Respondeu Jesus:
P: “O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo”.
N: 37 Perguntou-lhe então Pilatos:
L: “És, portanto, rei?”
N: Respondeu Jesus:
P: “Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.”
N: 38 Disse-lhe Pilatos:
L: “O que é a verdade?”
N: Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes:
L: “Não acho nele crime algum. 39 Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?”
N: 40 Então todos gritaram novamente e disseram:
G: 19 “1 Não! A este não! Mas a Barrabás!”
N: Barrabás era um salteador. Pilatos mandou então flagelar Jesus. 2 Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. 3Aproximavam-se dele e diziam:
G: “Salve, rei dos judeus!”
N: E davam-lhe bofetadas. 4 Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
L: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”.
N: 5 Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse:
L: “Eis o homem!”
N: 6 Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram:
G: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
N: Falou-lhes Pilatos:
L: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”.
N: Responderam-lhe os judeus:
G: 7 “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus”.
N: 8 Estas palavras impressionaram Pilatos. 9 Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus:
L: “De onde és tu?”
N: Mas Jesus não lhe respondeu. 10 Pilatos então lhe disse:
L: “Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?”
N: 11 Respondeu Jesus:
P: “Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior”.
N: 12 Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam:
G: “Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador”.
N: 13 Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata. 14 Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos judeus:
L: “Eis o vosso rei!”
N: 15 Mas eles clamavam:
G: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!”
N: Pilatos perguntou-lhes:
L: “Hei de crucificar o vosso rei?”
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: “Não temos outro rei senão César!”
N: 16 Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. Levaram então consigo Jesus. 17 Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota. 18 Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”. 20 Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego. 21 Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas: “Rei dos judeus”, mas sim: “Este homem disse ser o rei dos judeus”.
N: 22 Respondeu Pilatos:
L: “O que escrevi, escrevi”.
N: 23 Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. 24Disseram, pois, uns aos outros:
G: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será”.
N: Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica”. Isso fizeram os soldados. 25 Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
P: “Mulher, eis aí teu filho”.
N: 27 Depois disse ao discípulo:
P: “Eis aí tua mãe”.
N: E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse:
P: “Tenho sede”.
N: 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. 30 Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
P: “Tudo está consumado”.
N: Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.

(Todos se ajoelham em silêncio) 

N: 31 Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 32 Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. 33 Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. 35 O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. 36 Assim se cumpriu a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”. 37 E diz em outra parte a Escritura: “Olharão para aquele que transpassaram”. 38 Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. 39 Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar. 41 No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado. 42 Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.
Palavra da Salvação.
 
Comentário ao Evangelho
A TAREFA CONCLUÍDA
            A última palavra de Jesus crucificado foi uma proclamação de que sua missão específica tinha atingido seu ápice e ele a dava por concluída. A exclamação: “Tudo está consumado” pode ser entendida sob diversos ângulos. Significava que Jesus tinha sido fiel ao Pai, no grau mais elevado. Proclamava que a Encarnação chegara a seu limite. Nada de autenticamente humano deixou de ser assumido por Jesus, mesmo os aspectos mais trágicos da existência humana. Desta forma, convocava os discípulos a serem também fiéis ao Pai, mesmo sendo vítimas da injustiça e da maldade humana. As últimas palavras de Jesus, na cruz,  sintetizavam sua contínua disposição de assumir, com radicalidade, todas as coisas e fazê-las bem, não se contentando com a mediocridade nem se deixando intimidar pela grandiosidade da missão. Podiam ser tomadas como alerta aos discípulos. Uma vez cumprida a missão reservada a Jesus,  convinha que cada qual se sentisse apelado a realizar, com as mesmas disposições do Mestre, a parte que lhe competia.
            As palavras finais de Jesus não podem ser tomadas como capitulação ou conformismo diante da injustiça de que foi vítima. Nem como consciência de ter sido vencido pelas forças da morte. Jesus concluiu sua missão terrena certo de que sua vida foi pura entrega ao Pai a serviço da salvação da humanidade. Tarefa que realizou de maneira perfeita!

          
 

Oração
             Senhor Jesus, sustenta a minha fraqueza e ajuda-me a ser, como tu, perfeitamente fiel ao Pai.

(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
 
Sobre as oferendas
(Após ser preparado o altar e trazidas as hóstias consagradas, o presidente convida a rezar o Pai-Nosso e segue-se o rito até a comunhão).
Antífona da comunhão:
(Após ser preparado o altar e trazidas as hóstias consagradas, o presidente convida a rezar o Pai-Nosso e segue-se o rito até a comunhão).
Depois da comunhão
Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conservai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos consagremos sempre a nossa vida. Por Cristo, nosso Senhor.