quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Somente pelo perdão somos curados


"Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?”
Por Monsenhor Jonas Abib*

Não podemos criar barreiras entre nós. O que mais o inimigo quer é isso: criar barreiras, impedimentos, empecilhos, incomunicação, porque ele quer que vivamos separados. Ele é o “diabolos”, “diabo”, o divisor, aquele que divide, por isso coloca frieza e dureza em nosso coração.
Nós nos agarramos em nossa razão: “Eu que estou certo”, “Não fui eu quem errou, foi o outro”, “Tal pessoa foi injusta comigo”. E, desta forma, a gente encrua o coração. Muitos de nós acabamos tendo um coração calejado, áspero, duro, onde nada penetra.
O Senhor quer mudar tudo isso! Quebrar nosso coração para que  sejamos um, marido e mulher, pais e filhos, os irmãos entre si. Entre colegas de trabalho, de escola, que todos nós sejamos um, sem barreiras.
Isso será possível a partir do momento que formos curados. O Senhor hoje nos fala para perdoarmos e pedirmos perdão. Até mesmo, você que tinha toda razão e assim se fechou. Você se fechando também se fecha para Deus, para o amor e a graça. Então seu pecado foi maior! Você precisa pedir perdão para amolecer o seu coração, para retirar esta membrana que não te deixa ver e sentir Deus.
Há pessoas frias e indiferentes, porque há membranas sobre membranas que foram se criando, como o “calo”.
No livro de Eclesiástico 28,2, o Senhor diz: “Perdoa ao próximo que te prejudicou: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados. Um ser humano guarda raiva contra outro: como poderá pedir a Deus a cura? Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?”
Arquidiocese Rio, 25-08-2015.
*Monsenhor Jonas Abib é fundador da Comunidade Canção Nova e presidente da Fundação João Paulo II.

Evangelho do Dia

B - 03 de setembro de 2015

Lucas 5,1-11

Aleluia, aleluia, aleluia.
Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente (Mt 4,19). 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
5 1 Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus.
2 Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -,
3 subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: "Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar".
5 Simão respondeu-lhe: "Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede".
6 Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia.
7 Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo.
8 Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: "Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador".
9 É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito.
10 O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: "Não temas; doravante serás pescador de homens".
11 E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
Palavra da Salvação.
 

Comentário do Evangelho
OBEDIÊNCIA EXEMPLAR
A cena evangélica apresenta os discípulos exemplarmente obedientes a Jesus. Cumprindo a ordem recebida, Simão afasta sua barca da terra, pois dela o Mestre quer pregar às multidões que estão na margem do lago de Genesaré. Em seguida, Jesus ordena que ele conduza a barca mais para dentro do lago e lance a rede. Pedro obedece, embora, sabendo não ser aquele o melhor tempo para pescaria. "Pela tua palavra, vou lançar as redes", é como adere à ordem recebida. Resultado: uma pesca espetacular! Por fim, o discípulo é convidado a se tornar "pescador de homens". Ele e seus companheiros, deixando tudo, põem-se a seguir Jesus.
A atitude dos primeiros discípulos é o paradigma daqueles que haveriam de ser discípulos, através dos tempos. Deles se exige uma grande proximidade do Mestre e muita atenção às suas palavras. Além disso, o discípulo estará sempre pronto a obedecer. A ordem pode ser fácil de ser cumprida, como por exemplo, afastar um pouco a barca da terra. Mas também pode não ser evidente, como por exemplo, lançar a rede, depois de uma noite de pesca infrutífera. Enfim, pode ser até muito exigente, como por exemplo, a ruptura com a família para seguir Jesus.
O discípulo deixa-se guiar pelo Mestre, colocando a própria vida nas mãos dele. E esta entrega é feita sem temor, pois sabe a quem se confia. Cabe-lhe, somente, ser dócil em cumprir o que lhe é ordenado.

 
Leitura
Colossenses 1,9-14
Leitura da carta de são Paulo aos Colossenses.
Irmãos, 1 9 por isso, também nós, desde o dia em que o soubemos, não cessamos de orar por vós e pedir a Deus para que vos conceda pleno conhecimento da sua vontade, perfeita sabedoria e penetração espiritual,
10 para que vos comporteis de maneira digna do Senhor, procurando agradar-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus.
11 Para que, confortados em tudo pelo seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade.
12 Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da herança dos santos na luz.
13 Ele nos arrancou do poder das trevas e nos introduziu no Reino de seu Filho muito amado,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
Palavra do Senhor.
 
Salmo 97/98
O Senhor fez conhecer seu poder salvador
perante as nações.

O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!

Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa
e da cítara suave!
Aclamai, com os clarins e as trombetas,
ao Senhor, o nosso rei!
Oração
Ó Deus, que cuidais do vosso povo com indulgência e o governais com amor, dai, pela intercessão de são Gregório Magno, o espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso das ovelhas contribua para a alegria eterna dos pastores. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Dia de Oração pelo Cuidado da Criação: Papa preside Liturgia da Palavra


Cidade do Vaticano (RV) - “Ninguém pode seriamente servir à causa da salvaguarda da criação se não tiver a coragem de ser contrário ao acúmulo de riquezas exageradas nas mãos de poucos e à tirania do dinheiro.”
Foi o que disse o pregador da Casa Pontifícia, o frade capuchinho Pe. Raniero Cantalamessa, na Liturgia da Palavra presidida pelo Papa Francisco, na Basílica Vaticana, na tarde desta terça-feira, 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação.
Citando uma passagem do Gênesis (1, 28) que traz o relato da criação, o religioso franciscano explicou em que sentido se expressa o domínio do homem sobre a criação, fruto de forte crítica em tempos recentes, ressaltando crer que tal crítica parta do fato de se interpretar palavras da Bíblia à luz de categorias seculares alheias à Sagrada Escritura.
Frei Catalamessa explicou que o termo “dominai” não tem no texto sagrado o significado que a palavra tem fora da Bíblia, ressaltando um paralelismo evidente: “como Deus é o dominus do homem, assim o homem deve ser o dominus do restante da criação, ou seja, responsável por ela e seu custódio”.
A fé num Deus criador e no homem feito à imagem de Deus não é, portanto, uma ameaça, mas, sobretudo, uma garantia para a criação, e a mais forte de todas, ressaltou o pregador da Casa Pontifícia.
Esta fé nos diz que “o homem não é dono absoluto das outras criaturas; deve prestar conta daquilo que recebeu. A parábola dos talentos tem aí sua aplicação primordial: a terra é o talento que todos, juntos, recebemos, e do qual devemos prestar conta”.
Objetando, ainda, à referida crítica, o frade capuchinho disse que a prova de que não é a visão bíblica a favorecer a prevaricação do homem sobre a criação está no fato que “o mapa da poluição não coincide com o da difusão da religião bíblica ou de outras religiões, mas, sim, com o de uma industrialização selvagem, voltada unicamente para o lucro, e com o da corrupção que cala a boca de todos os protestos e resiste a todos os poderes”.
O pregador da Casa Pontifícia evidenciou que junto à afirmação de que homens e coisas proveem de um único princípio, a narração bíblica apresenta uma hierarquia de importância.
Essa hierarquia é violada, por exemplo, “quando se faz gastos exorbitantes com animais (não animais em perigo de extinção!), enquanto diante dos próprios olhos, se deixa morrer de fome e de doenças milhões de crianças”, frisou.
Referindo-se ao trecho evangélico proposto na liturgia, Frei Cantalamessa afirmou que devemos nos preocupar não com o nosso amanhã, mas daqueles que virão depois de nós. Não devemos nos perguntar: “O que comeremos? O que beberemos? O que iremos vestir?” Mas: “O que comerão? O que beberão? O que irão vestir nossos filhos, os futuros habitantes deste planeta?”
Referindo-se ao episódio da multiplicação dos pães – no qual depois se recolhe o que sobrou para que nada se perca (Jo 6, 12) –, ressaltou a necessidade de se evitar o desperdício, sobretudo no campo alimentar. Evocando a encíclica “Laudato si” do Papa Francisco, citou a passagem “Não podeis servir a Deus e à riqueza”, para em seguida afirmar:
“Ninguém pode seriamente servir à causa da salvaguarda da criação se não tiver a coragem de ser contrário ao acúmulo de riquezas exageradas nas mãos de poucos e à tirania do dinheiro.”
Esclarecendo que Jesus jamais condenou a riqueza em si, ressaltou:
“O que Jesus condena é a riqueza desonesta (Lc 16, 9), a riqueza acumulada em detrimento do próximo, fruto de corrupção e especulação, a riqueza surda às necessidades do pobre: por exemplo, a riqueza do rico epulão da parábola, que hoje não se refere a um indivíduo, mas A um inteiro hemisfério.”
Em seguida, o pregador da Casa Pontifícia tomou o exemplo de São Francisco de Assis, com o seu cântico das criaturas, que o Papa Francisco, com feliz intuição, escolheu como moldura espiritual para sua encíclica.
“São Francisco é a prova viva da contribuição que a fé em Deus pode dar para o esforço comum pela salvaguarda da criação. O seu amor pelas criaturas é uma consequência direta de sua fé na paternidade universal de Deus”, afirmou.
Por fim, citou um slogan dos nossos dias, “Pense globalmente, mas aja localmente”. A salvaguarda da criação, como a paz, se faz, diria nosso Santo Padre Francisco, “artesanalmente”, começando por nós mesmos. “A paz começa por ti, repete-se comumente nas mensagens para o Dia Mundial da Paz; também a salvaguarda da criação começa por ti”, destacou Frei Cantalamessa. (RL)


Papa: confortem-se uns aos outros com obras e palavras boas



Cidade do Vaticano (RV) – A esperança do encontro final com Cristo é reforçada entre os cristãos graças ao “consolo” mútuo em Jesus, feito de “boas obras e boas palavras” e não de “fofocas”. Foi o que afirmou o Papa durante a homilia matutina na Casa Santa Marta, cuja celebração foi retomada nesta terça-feira (1º/9), após a pausa do verão europeu.
O Papa iniciou a reflexão a partir do trecho da carta de São Paulo que fala sobre o comportamento da antiga comunidade de Tessalônica. Uma comunidade “inquieta”, que se questionava e perguntava ao Apóstolo o “como” e o “quando” do retorno de Cristo, qual o destino dos mortos e à qual era preciso dizer: “Quem não trabalha, não come”.
Fofocas não confortam
São Paulo, observou o Papa, afirma que o “dia do Senhor” chegará improvisamente “como um ladrão”, mas acrescentou que Jesus trará a salvação a quem acredita n’Ele. E conclui: “Consolem-se mutuamente e ajudem-se uns aos outros”. E “é justamente a consolação – reitera o Papa – que dá esperança”:
“Este é o conselho: ‘consolem-se’. Consolem-se mutuamente. Falar disso: mas eu me pergunto: nós falamos disso, que o Senhor virá, que nós o encontraremos? Ou falamos de tantas coisas, também de teologias, de coisas de Igreja, eh?, de padres, de irmãs, de monsenhores, tudo isso? E o nosso consolo, é esta esperança? ‘Consolem-se mutuamente’. Consolem-se em comunidade. Nas nossas comunidades, nas nossas paróquias, se fala disso, que estamos à espera do Senhor que virá, ou se fofoca disso, daquele, daquela, para passar um pouco o tempo e não se aborrecer muito?
O julgamento e o abraço
No salmo responsorial, acrescenta Francisco, “repetimos: ‘Estou certo de contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos”. Mas você, - pergunta o Papa - tem a certeza de contemplar o Senhor?”. O exemplo a seguir é o de Jó, que, apesar de suas desventuras afirmava decidido: “Eu sei que Deus está vivo e vou vê-lo, e vou vê-lo com estes olhos”.
“É verdade, Ele virá para julgar e quando vamos à Sistina vemos a bonita cena do Juízo Final: é verdade. Mas pensemos também que ele virá me ver para que eu O veja com meus próprios olhos, O abrace e esteja sempre com Ele. Esta é a esperança que o Apóstolo Pedro nos diz para explicar com a nossa vida aos outros, para dar testemunho da esperança. Este é o verdadeiro conforto, esta é a verdadeira certeza: “Tenho a certeza de contemplar a bondade do Senhor’”.
O conforto de boas palavras e obras
Como São Paulo aos cristãos de ontem, o Papa Francisco recorda o conselho para aqueles da Igreja contemporânea: “confortem-se uns aos outros com as boas obras e se ajudem uns aos outros. E assim vamos para frente”:
“Peçamos ao Senhor esta graça: que a semente de esperança que semeou em nossos corações cresça, cresça até o encontro final com Ele. “Estou certo de que eu verei o Senhor’. ‘Estou certo de que o Senhor vive’'. ‘Estou certo de que o Senhor virá a encontrar-me’: e este é o horizonte de nossas vidas. Peçamos ao Senhor esta graça e nos confortemos uns aos outros com as boas ações e as boas palavras, neste caminho”. (RB-SP)


Papa concede a todos sacerdotes faculdade de absolver o pecado do aborto



Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco enviou, nesta terça-feira (1º/9), uma carta ao Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Arcebispo Rino Fisichella, responsável pela organização do Jubileu da Misericórdia, na qual descreve as diversas formas em que será possível obter indulgências durante o Ano Santo, entre 8 de dezembro deste ano até 20 de novembro de 2016.

Entre as novidades, o Papa concede a todos os sacerdotes a faculdade de absolver o pecado do aborto e a confirma a validação do Sacramento da Confissão realizado por sacerdotes da Fraternidade São Pio X.
A mensagem traz as reflexões sobre alguns pontos que o Papa considera importantes para que a celebração do Ano Santo seja “um verdadeiro momento de encontro com a misericórdia de Deus”.
“Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, que vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido”, refletiu o Pontífice.
Peregrinação
Para viver e obter a indulgência, os fieis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão.
“Estabeleço, igualmente, que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como Jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia”, recordou o Papa.
“Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro”, acrescentou Francisco.
Enfermos
Sobre aqueles que, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa, sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa, o Papa garantiu:
É preciso “viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive por meio dos vários meios de comunicação – que será para eles o modo de obter a indulgência jubilar”, afirmou o Papa.
Presos
O pensamento de Francisco dirige-se também aos encarcerados.
“O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande anistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto”, destacou o Pontífice.
E fez um pedido: “A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão”.
O Papa destacou ainda que os presos “poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também  transformar as grades em experiência de liberdade”.
Misericórdia
Ao recordar seu pedido para que “a Igreja redescubra neste tempo jubilar a riqueza contida nas obras de misericórdia corporais e espirituais”, o Papa recordou que a experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos como o próprio Jesus nos ensinou”.
“Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá, sem dúvida, a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-á de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade”.
Falecidos
O Papa explicou ainda que a indulgência jubilar poderá ser obtida também para quantos faleceram.
“A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim”.
Remetendo ao seu magistério apresentado na Encíclica Laudato si, Francisco recordou que um dos graves problemas do nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida: “uma mentalidade muito difundida já fez perder a necessária sensibilidade pessoal e social pelo acolhimento de uma nova vida”.
Aborto
Nesse contexto caótico, Francisco afirmou que “o drama do aborto é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto  semelhante comporta. Muitos outros, ao contrário, mesmo vivendo este momento como uma derrota, julgam que não têm outro caminho a percorrer”.
O Papa dedicou atenção especial às mulheres que recorreram ao aborto. “Conheço bem os condicionamentos que as levaram a tomar esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por esta escolha sofrida e dolorosa”.
O que aconteceu é profundamente injusto – sublinhou o Papa –  “contudo somente a sua verdadeira compreensão pode impedir que se perca a esperança. O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando com coração sincero se aproxima do Sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai”.
Absolvição do pecado do aborto
Também por este motivo – destacou o Pontífice – “decidi conceder a todos os sacerdotes para o Ano Jubilar a faculdade de absolver do pecado de aborto quantos o cometeram e, arrependidos de coração, pedirem que lhes seja perdoado”.
Ao estender a absolvição do aborto a todos os sacerdotes, o Papa recomendou: “os sacerdotes devem se preparar para esta grande tarefa sabendo conjugar palavras de acolhimento genuíno com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença”.
Fraternidade São Pio X
Em suas últimas considerações, o Papa dirigiu um pensamento aos fieis que “por diversos motivos sentem o desejo de frequentar as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X”.
“Este Ano Jubilar da Misericórdia não exclui ninguém”, – assegurou o Pontífice. “De diversas partes, alguns irmãos Bispos referiram-me acerca da sua boa fé e prática sacramental, porém unida à dificuldade de viver uma condição pastoralmente árdua”, explicou.
“Confio que no futuro próximo se possam encontrar soluções para recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e os superiores da Fraternidade”, auspiciou Francisco.
“Entretanto, movido pela exigência de corresponder ao bem destes fieis, estabeleço por minha própria vontade que quantos, durante o Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para celebrar o Sacramento da Reconciliação junto dos sacerdotes da Fraternidade São Pio X, recebam validamente e licitamente a absolvição dos seus pecados”.
O Papa encerrou sua mensagem “confiando na intercessão da Mãe da Misericórdia, recomendo à sua proteção a preparação deste Jubileu Extraordinário”. (RB)

Francisco: laços que não se compram nem vendem são maior dom da família





Cidade do Vaticano (RV) – O Papa apresentou, na Audiência geral desta quarta-feira (2/9), uma de suas últimas reflexões no contexto das catequeses sobre a família: a evangelização – com ênfase em um aspecto particular.
“Voltemos nosso olhar sobre o modo com o qual a família vive a responsabilidade de comunicar a fé, de transmitir a fé, seja ao interno dela ou ao externo”, destacou Francisco.
Quando Jesus afirma o primado da fé em Deus – recordou o Papa – “não encontra uma comparação mais significativa” para expressar essa vivência “do que a afetividade em família”.
“Estes laços familiares, dentro da experiência de fé e do amor de Deus, são transformados, são ‘preenchidos’ de um sentido maior e são capazes de ir além deles mesmos para criar uma paternidade e uma maternidade mais amplos, e para acolher como irmãos e irmãs também aqueles que estão à margem de qualquer vínculo”, refletiu o Pontífice.
A gramática da família
Neste contexto, o Papa lembrou do trecho do evangelho de Marcos no qual Jesus responde – apontando para seus discípulos – que ali estão sua mãe e seus irmãos, e não do lado de fora.
“A sabedoria dos laços que não se compram e não se vendem é o dom principal da família. Em família, aprendemos a crescer naquela atmosfera dos laços. A ‘gramática’ se aprende no seio da família, caso contrário é bem difícil aprendê-la. É justamente esta a linguagem por meio da qual Deus se faz compreender por todos”, sublinhou Francisco.
"Estilo familiar"
Ao afirmar que a difusão de um “estilo familiar” nas relações humanas é uma benção para os povos por trazer outra vez a esperança para a Terra, o Papa reforçou um convite especial.
“O chamado a colocar os laços familiares no âmbito da obediência da fé e da aliança com o Senhor não os mortifica; ao contrário, os protege, os desvincula do egoísmo, os cuida do degrado, os coloca a salvo para a vida que não morre”.
E acrescentou: “quando os laços familiares se deixam converter ao testemunho do Evangelho, se tornam capazes de coisas impensáveis, que fazem tocar com as mãos as obras que Deus realiza na história, como aquelas que Jesus fez para os homens, as mulheres que as crianças que encontrou”, disse Francisco.
O agir de Deus
Ao recordar o mistério da ação de Deus neste mundo, Francisco enalteceu dois aspectos importantes nos quais os homens se relevam instrumentos de amor.
“Um só sorriso milagrosamente saído do desespero de uma criança abandonada, que recomeça a viver, nos explica o agir de Deus no mundo mais do que mil tratados teológicos. Um só homem e uma só mulher, capazes de arriscar e de se sacrificar pelo filho do outro, e não somente pelo próprio, nos explicam coisas do amor que muitos cientistas não compreendem mais”, arrebatou o Papa.
Protagonismo da família
O Papa então auspiciou que seja restituída à família – a partir da Igreja – o protagonismo de poder responder ao chamado de Jesus e ser maestra do mundo com base na aliança do homem e da mulher com Deus.
“Pensemos ao desenrolar deste testemunho, hoje. Imaginemos que o leme da história (da sociedade, da economia, da política) seja entregue – finalmente! – à aliança do homem e da mulher, para que o governem com o olhar voltado às gerações futuras. Os temas da terra e da casa, da economia e do trabalho, tocariam uma musica muito diferente”, idealizou o Pontífice.
Desertificação da sociedade
Francisco concluiu sua catequese com uma apelo à vida em comunidade ao afirmar que a aliança da família com Deus é chamada hoje a contrastar a desertificação comunitária da cidade moderna.
"As nossas cidades estão desertificadas pela falta de amor, pela falta de sorriso. Tanta diversão, tantas coisas para perder tempo e rir, mas o amor, falta. O sorriso de uma família é capaz de vencer esta desertificação. Esta é a vitória do amor, da família", improvisou Francisco.
Ao retomar a catequese, o Papa disse: “Nenhuma engenharia econômica e política é capaz de substituir esta contribuição das famílias... Devemos sair das torres e dos quartos blindados das elites para voltar a frequentar as casas e os espaços abertos das multidões”.
E finalizou: “Rezem por mim, rezemos uns pelos outros, para que sejamos capazes de reconhecer e apoiar as visitas de Deus. O Espírito trará uma bagunça saudável às famílias cristãs, e a cidade do homem sairá de sua depressão”.
Apelo pela paz
Ao final da Audiência geral, o Papa fez um apelo pela paz ao recordar que, nestes dias, também o Extremo Oriente recorda o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao renovar suas fervorosas orações ao Senhor para que, por intercessão de Nossa Senhora, o mundo de hoje não precise mais experimentar os horrores e os assustadores sofrimentos de tais tragédias, o Papa reiterou o pedido de seus predecessores: “Guerra nunca mais”. (RB)


A Palavra de Deus para as crianças


O valor da Bíblia é apreendido pelos pequenos, na prática e vivência cotidiana.
Por Raquel de Godoy Retz*
Em setembro, a Igreja nos recorda a importância da Bíblia, como Palavra viva de Deus, em nosso dia a dia.
Corremos muito na vida e algumas vezes nem sabemos, em que apoiar nossas opiniões. Especialmente, nestes momentos, a Palavra de Deus vem nos ajudar. Assim, hoje é o tempo propício para nos aprofundarmos na leitura cotidiana da Bíblia, na meditação profunda da Palavra, na escuta atenta do que Deus nos fala.
Esta não é uma tarefa fácil para todos os adultos, e bem mais difícil é para as crianças.
A família é a primeira e maior evangelizadora. É o berço da aprendizagem da fé. A criança precisa de um espaço familiar, no qual se converse sobre Deus, fale de Jesus, que testemunhe a importância de seguir valores cristãos, para ser feliz.
O valor da Bíblia ou o hábito de se pautar as ações em valores cristãos, bem como o costume da leitura da Sagrada Escritura, é apreendido pelos pequenos, na prática e vivência cotidiana.
Não me esqueço de um exemplo dado por uma família, em minha Comunidade. Uma vez por semana, a família lia a Bíblia e juntos escolhiam um versículo (uma frase) e em seguida o anotavam em um papel e colavam na geladeira durante aquela semana. Toda semana, o versículo era trocado. Depois de um tempo, perceberam que seu filho já estava decorando alguns versículos e até as citações bíblicas, corretamente. A criança dava exemplos para os colegas de valores, que estava aprendendo em casa. A surpresa foi um vizinho ir até a casa desta família para perguntar como eles conseguiam que seu filho conhecesse a Palavra de Deus. Assim o bom exemplo foi espalhado para mais uma casa.
Esta pode ser uma prática interessante. Você pode pensar com sua família e criar o costume da leitura e meditação bíblica.
É preciso entender que a Bíblia traz várias histórias, nas quais o povo percebe a ação de Deus na vida deles, na história. Compreender como cada livro foi escrito e como era o tempo histórico a que se refere o texto bíblico, ajuda muito na correta compreensão da mensagem de Deus, para seu povo e para nós.
Analisando as várias histórias do povo podemos pensar: Quais ensinamentos Deus deu a seu povo? Qual o melhor modo de viver hoje, seguindo estes ensinamentos?
Quem está começando nesta caminhada de ler a Bíblia indica-se que comece com textos do Evangelho ou de algum livro de que a pessoa mais conheça o contexto.
Alguns passos ajudam a ler a Bíblia:
1.Invoque o Espírito Santo, que nos faz conhecer e querer fazer a vontade de Deus.
2. Leia, devagar e com atenção, um trecho da Bíblia. Leia o texto várias vezes.
3. Identifique as coisas importantes do trecho da Bíblia (as personagens, os diálogos, as imagens usadas etc.).
4. Descubra os valores e as mensagens que a Palavra de Deus quer dizer ao seu coração.
5. Faça uma oração. Tente responder a Deus o que Ele convida Você a pensar com este texto. Pode ser um louvor, um pedido de perdão; partilhe com Deus o que você sente e peça sua proteção.
6. Faça um momento de silêncio diante de Deus. Entregue-se à contemplação. Louve o Senhor.
7. Escolha uma frase ou uma ideia principal, para você aplicá-la em sua vida. É o momento de levar para a vida a Palavra.
Não há outra forma melhor de buscar compreender o que Deus quer de nós, a não ser lendo o que Ele mesmo nos diz, nas histórias bíblicas. Boa leitura!
A12 01-09-2015.
*Raquel de Godoy Retz é psicóloga e educadora.