segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

As iconografias do batismo de Jesus


Por Fabrizio Bisconti

O batismo de Cristo aparece bem cedo na arte cristã e, aliás, até hoje, um afresco da área de Lucina do complexo das catabumbas calistianas com este tempo, dos primeiros anos do século III, representa a mais antiga expressão figurativa propriamente cristã. Em seguida, a simples cena que vê o Batista e o Cristo nas águas do Jordão quando a pomba do Espírito aparece para destacar o evento evangélico e para distingui-lo do simples batismos dos neófitos, se espalha nos cubículos dos sacramentos, sempre na área calistiana, mas também nos sarcófagos romanos, sempre no século III, como naqueles da Lungara e dr Santa Maria Antiqua.

Em todos estes casos, a cena é associada a temas de intuitivo significado batismal, com destaque especial com os prodígios do dilúvio universal e da água que Moisés faz brotar para os israelitas, seguindo um esquema que será retomado com a representação do miraculum fontis, provocado por Pedro no cárcere mamertino.

A cena se relaciona também com o diálogo do Cristo com a Samaritana no poço ou na mais simples, mas sugestiva figura do pescador. Esta série de experiências figurativas, unidas pelo leitmotiv do elemento-água está também presente na domus ecclesiae de Dura Europos às margens do rio Eufrates, onde um elementar programa decorativo, reservado ao ambiente batismal, além das cenas das mulheres no sepulcro e da luta entre Davi e Golias, aparece um pequeno grupo figurativo que associa a cura do paralítico de Betesda e o episódio de Pedro salvo das ondas agitadas do Lago da Galileia, enquanto no fundo o pecado original e a figura do bom pastor aludem diretamente ao lavacrum da iniciação.

Agora vamos para Ravenna, no conjunto da catedral daquela cidade, arquitetada e construída pelo bispo Ursus entre o IV e o V século: o conjunto ursiano foi, provavelmente, iniciado com a construção de um batistério, depois renovado, como indica o Liber Pontificalis Ecclesiae Ravennatis de Andrea Agnello (IX século) pelo bispo Neone (451-473). À sua intervenção devem ser atribuídos os mosaicos que enfeitam a grande cúpula construída. No ponto central da cúpula encontra-se, rodeado por um fundo de ouro, o batismo de Cristo, e aos lados os doze apóstolos, organizados num cortejo solene, enquanto oferecem as coroas do triunfo ao Filho de Deus.
L'Osservatore Romano 13 janeiro 2013

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