quarta-feira, 15 de maio de 2013

'Dialogar não é dispersar, mas unir'



Porto Alegre - Com um artigo intitulado "A unidade e a dispersão", Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, faz uma reflexão sobre a única propriedade transcendental do ser que o refere a si mesmo: a unidade, que expressa a sua identidade. Para o prelado, as outras propriedades: a verdade, a bondade e a beleza lhe advêm pela relação com a mente.
Dom Dadeus explica ainda que como o próprio ser, também sua unidade não é unívoca, isto é, tem muitas conotações e realizações. Segundo ele, a unidade plena só se encontra em Deus, mas mesmo nele reconhecemos a distinção de três Pessoas. Para o arcebispo, é no extremo oposto que se encontra o caos, que retrata a total dispersão, sem unidade e por isso sem inteligibilidade.
"As religiões interpretam o universo vacilando entre uma ação criativa e uma ação organizativa. A primeira faz surgir do nada e a segunda organiza o caos anteriormente existente. Leva à unidade. A pura dispersão não é inteligível. Para entender algo é preciso chegar à sua identidade, o que significa retratar sua unidade", analisa.
O prelado afirma que, sem entrar na questão cosmológica, de um mundo em expansão, do qual eventualmente não se tivesse conhecimento de um centro de referência ou uma visão de unidade cósmica, como obra da sabedoria e da beleza, hoje ele vai se restringir às relações humanas, tanto no plano da política como da religião. De acordo com dom Dadeus, no campo da política há quem pleiteie a multiplicação de partidos, para dar ampla liberdade de opções aos cidadãos, optando-se pela dispersão dos votos e criando o caos político.
Conforme o arcebispo, por aí entram a corrupção, os conchavos e a instabilidade, pois os cidadãos divididos em inúmeras agremiações, não conseguem convergir para uma unidade capaz de governar. Quanto às religiões, dom Dadeus destaca que algo semelhante acontece, porque no momento em que se opta publicamente pela promoção de uma multiplicidade de confissões religiosas, elimina-se o verdadeiro diálogo, em busca de um entendimento.
Por fim, o arcebispo de Porto Alegre enfatiza que não se pode promover a diversidade, em contraposição à unidade. Ele afirma que é preciso caminhar em consonância naquilo que representa a unidade fundamental. Dom Dadeus diz que a busca de Deus não promove divisões mas fraternidade universal, onde todos caminham para a mesma meta. Para ele, não foi por nada que o novo Papa assumiu o nome de Francisco.
"Vivemos numa sociedade pluralista. Nela é preciso acolher, com carinho, as diferenças, como uma riqueza, sem perder a meta de uma unidade superior, de viver pacificamente, pondo em comum os valores que nos unem e ajudando a superar os obstáculos que nos separam e impedem a caminhada comum", conclui.
SIR

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