segunda-feira, 30 de setembro de 2013

As parábolas? Parecem ter sido pensadas para o Twitter

Por Franca Giansoldati


No princípio era o tuíte. Dois mil anos atrás, o passarinho azul que pia não existia, e era Jesus quem falava às multidões com uma linguagem tão imediata e cristalina, e com frases tão essenciais, a ponto de fazer o cardeal Gianfranco Ravasi, biblista refinado e animador do Átrio dos Gentios, a ágora entre crentes e não crentes, dizer que as parábolas contidas no Evangelho foram como que pensadas justamente para o Twitter, frases esculpidas, contidas em 140 caracteres, mas tão explosivas e revolucionárias a ponto de aquecer o coração, alimentar a mente, converter os incrédulos, sacudir as consciências.

Depois da carta do papa Francisco a Scalfari e depois de uma segunda carta de Ratzinger a Odifreddi, um matemático ateu, os homens da Igreja e o mundo da imprensa se reuniram no dia 25 de setembro para falar sobre a relação entre informação e verdade. Que laços subsistem? O objetivo do intercâmbio foi a busca de pontos comuns, principalmente em termos éticos, em uma sociedade em rápida mudança no plano das culturas e das linguagens.

No Templo de Adriano, os primeiros a abrirem as reflexões foram Scalfari – o destinatário da carta de Francisco – e o "ministro" vaticano da Cultura, Gianfranco Ravasi. "Se um pastor não se interessa pela comunicação está fora do seu ministério. Jesus disse: vão e sejam arautos, proclamem o anúncio sobre os telhados. E, hoje, isso não pode ser feito com a retórica clássica".

Com efeito, o problema, principalmente para a Igreja, é como lidar com os novos sistemas de comunicação, porque na web avança "um novo modelo humano", além de "uma nova gramática". Em suma, "muda o conceito de verdade", que hoje não é mais vista como no passado, "externa e a se conquistar", mas sim "elaborada pelo sujeito, que extrai a sua visão de milhares de fontes possíveis, pronto também para mudá-la em um minuto".

Dúvidas

Scalfari lembrou ter vencido, quando criança, o prêmio da catequese, depois de ter feito um mês e meio de exercícios espirituais com os jesuítas junto aos quais havia se refugiado para escapar do serviço militar, e de ter aprendido com eles "o raciocínio, a lógica".

A partir do debate que nasceu daí, é claro que ninguém quer converter ninguém, mas, parafraseando Sócrates, uma vida sem busca não merece ser vivida. Por isso, a manhã logo havia se preenchido com muitas intervenções de diretores de jornais, subdivididos em três momentos. Depois do debate Ravasi-Scalfari, moderado por Emilio Carelli, houve uma mesa redonda com De Bortoli, Mauro, Calabresi e Napoletano; por fim, uma última mesa redonda conclusiva, moderada por Fiorenza Sarzanini, entre Vian, Cusenza e Tarquino.

Diferentes pontos de vista, diferentes solicitações sobre a relação com a fé ou com a atividade informativa. Para De Bortoli, é claro que, neste contexto, "se há uma culpa com a qual nos manchamos é não ter respeitado a centralidade da pessoa, muitas vezes esquecida na rapidez da informação, com o risco até de destruir vidas humanas". Muitas vezes, seria útil o "benefício laico da dúvida".

Mauro chamou a atenção da honestidade com relação aos leitores e à "separação" com relação ao poder, enquanto para Vian "o jornal é a Bíblia laica, mas muito mais interessante é a Escritura Sagrada verdadeira".

Enquanto isso, como também demonstra o papa Francisco, é o Twitter que já move tudo. O tuíte esteja convosco, ide em paz.
Il Messaggero, 26-09-2013.

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