domingo, 6 de outubro de 2013

Em Assis, papa critica 'cristãos de confeitaria'


Assis - O papa usou a palavras muito duras, na manhã desta sexta-feira (5), na cidade de Assis, para criticar aqueles que se dizem cristãos sem querer abraçar a cruz que acompanha sempre essa fé. Depois de uma manhã intensiva, que incluiu a visita a um hospital de crianças e adultos com múltiplas deficiências e a um lar da Cáritas que auxilia pobres, o papa chegou à sede do Bispado, construída no local onde São Francisco começou o seu ministério, despojando-se dos seus bens materiais.
Recorrendo ao texto preparado, do qual o papa não leu, mas cujo conteúdo o Vaticano disponibilizou para publicação, pode-se ver exatamente o que pensa Francisco sobre o que os cristãos devem largar: "De que é que a Igreja se deve despojar? De toda a mundanidade espiritual, que é uma tentação para todos: de toda a ação que não é para Deus, não é de Deus; do medo de abrir as portas e sair ao encontro de todos, especialmente dos mais pobres, necessitados, afastados, sem esperar nada; certos não para se perderem no naufrágio do mundo, mas para levar com coragem a luz de Cristo, a luz do Evangelho, mesmo na escuridão onde não se vê e onde se pode tropeçar; despojar-se da tranquilidade aparente que dão as estruturas, certamente necessárias e importantes, mas que nunca devem ofuscar a única força verdadeira que traz em si: Deus. Ele é a nossa força! Despojar-se daquilo que não é essencial, porque a referência é Cristo: A Igreja é de Cristo."
Nas suas primeiras palavras na Sala chamada do despojamento, o papa voltou a deixar de lado o seu discurso preparado e ergueu a voz contra aqueles que querem agarrar-se apenas às coisas boas do Cristianismo. Falando naqueles sala onde que São Francisco, séculos atrás, se despojou dos seus bens materiais o papa disse: “Esta é uma boa ocasião para fazer um convite à Igreja a despojar-se. Mas a Igreja somos todos nós. Todos somos Igreja. E, se nós queremos ser cristãos, não há outro caminho. Não podemos fazer um cristianismo mais humano, por assim dizer, sem a cruz, sem Jesus, sem despojamento.” Quem não o faz arrisca-se a ser um “cristão de confeitaria”, que escolhe apenas a parte mais doce, afirmou o papa.
“Aí, tornamo-nos ‘Cristãos de confeitaria’, como bonitos bolos, bonitos doces, mas não cristãos verdadeiros", sublinhou Francisco. O papa voltou ainda a criticar a tentação da mundanidade, algo que considera incompatível com a missão da Igreja, ao ponto de ter dito mesmo que a mundanidade é o “câncer da Igreja”.
Ao despojarem-se, os cristãos devem despojar-se também da mundanidade, defendeu: "A igreja deve despojar-se hoje de um perigo gravíssimo, que ameaça todas as pessoas da Igreja: o perigo da mundanidade. A mundanidade que reporta à vaidade, à prepotência, ao orgulho. É ridículo que um cristão verdadeiro, que um padre, uma irmã, um bispo, um cardeal, um papa queiram seguir a estrada da mundanidade, que é uma atitude homicida. A mundanidade espiritual mata. Mata a alma, mata a pessoa, mata a Igreja".
Antes de seguir para a missa campal, o Papa encontrou alguns sobreviventes do holocausto, escondidos pelo então Bispo de Assis e pelos frades franciscanos, precisamente, na sala do despojamento.
SIR

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