sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Igreja Católica e a educação

O catolicismo se interessa pelo desenvolvimento do homem todo e de todos os homens.


Biblioteca da Escola Superior da Dom Helder Câmara: fonte de crescimento humanitário espiritual. (Foto: Arquivo)
A educação integral da pessoa humana faz parte indissociável da missão evangelizadora da Igreja. Porque colabora com o desenvolvimento humano de forma integral, ela tem sido reconhecida como Mestra em questões de humanidade. Como prosseguidora e atualizadora da   obra de Cristo que "veio para que todos tenham vida e a tenham plenamente". (Jo.10,10), a Igreja existe para evangelizar, ou seja, para anunciar Jesus Cristo. A partir da prática humanitária de Jesus, no dizer de Paulo VI, a Igreja deve interessar-se no desenvolvimento do homem todo e de todos os homens.

A palavra de Cristo "Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos é a mim que estareis fazendo" (Mt.25,22) indica a caridade como uma atividade ampla, através de meios que favoreçam aos homens e mulheres seu desenvolvimento integral, seja na saúde física, seja na capacidade intelectual, seja na responsabilidade de criar reais condições para a convivência social pacifica, solidária, justa, tendo consciência da transcendência da vida humana.

Nesse sentido, na história, encontramos a presença da Igreja na linha de frente do desenvolvimento intelectual, já no início do cristianismo com o surgimento vários autores competentes, com o fim de responder à perseguição física e intelectual dos quatro primeiros séculos, que usaram de seus recursos de estudo e pesquisa para argumentar de forma consistente, através da razão a sustentabilidade da fé cristã. Exemplifiquemos com Irineu de Lion, com seus "Adversus Haereses", Policarpo, Tertuliano, Cirilo de Alexandria, Jerônimo, o biblista, Ambrósio, Basílio, João Crisóstomo, o grande Santo Agostinho de Hipona e outros.

Na Idade Média, compreendida entre o ano 476, quando se deu a queda do Império Romano do ocidente e o ano 1453, queda de Constantinopla, no Oriente, erroneamente e preconceituosamente apresentada como idade das trevas, revela luminosas novidades no campo do estudo. É aí que surgem as Universidades, originadas pelas mãos da Igreja Católica, ao lado das catedrais e dos mosteiros, se transformando em extraordinários centros do saber que atravessariam os séculos e chegariam até nossos tempos como sistema ainda insuperado do conhecimento, da pesquisa, da formação de profissionais e construtores da vida social.

O caráter social das escolas que já existiam junto às igrejas paroquiais, catedrais e mosteiros, recebendo não só gente da classe nobre, mas também dos meios populares e pobres, perdura ao surgirem as universidades. A primeira universidade fundada foi a de Bologna, no centro da Itália, no ano de 1158. Em 1200, ela já contava com cerca de 10 mil estudantes de toda a Europa.

A segunda foi a Sorbone, de Paris, nascida da escola episcopal de Notre Dame, cujo início se deu em 1170, iniciativa do Padre Sorbon, confessor do rei São Luis IX, da França. Entre tantos nomes de destaque, nesta escola se formaram Tomás de Aquino, Inácio de Loyola e Francisco Xavier.   

Hoje, em todo o mundo há milhares de escolas católicas e centenas de universidades que têm sido responsáveis pela graduação de um imenso número de profissionais, pensadores e cientistas. Elas são fonte de crescimento humanitário  espiritual. No centro da vida acadêmica católica, além do altíssimo nível formativo que pretendem ter, as escolas católicas oferecem aos alunos e suas comunidades o maior conhecimento de Jesus Cristo, homem e Deus verdadeiros, salvador da humanidade.
A12, 26-12-2013.
* Dom Gil Antônio Moreira é arcebispo metropolitano de Juiz de Fora.

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