quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O templo de Deus


Cabe a cada um de nós refletirmos sobre como voltar a ser aquela mesma Igreja dos primeiros cristãos.
A comunidade é também templo de Deus e moradia do Espírito.
Por Dom Eurico dos Santos Veloso*

O palácio de Latrão, propriedade da família imperial, tornou-se, no século IV, habitação particular do papa. A basílica adjacente, dedicada ao Divino Salvador, foi a primeira catedral do mundo: aí se celebravam especialmente os batismos, na noite de Páscoa. Mais tarde dedicada também aos dois santos João, Batista e Evangelista, foi por muito tempo considerada a igreja-mãe de Roma e nela se realizaram as sessões de cinco grandes Concílios Ecumênicos, segundo diz o Missal dominical.

Celebrando a festa dessa antiga igreja romana, os textos bíblicos apontam para a vida que brota do seio de Deus (templo de Jerusalém) e se destina para todos. Esse templo, anunciado por Ezequiel como fonte de vida, tornou-se fonte de exploração e morte. E o Messias declara seu desaparecimento, sendo substituído pelo corpo de Cristo Jesus. Ele é o novo templo onde Deus se encontra e se manifesta plenamente.

Paulo, escrevendo aos Coríntios, mostra Jesus como base-alicerce insubstituível da comunidade. E a comunidade construída sobre esse alicerce é também templo de Deus e moradia do Espírito.

Paulo continua seu raciocínio: se a base-alicerce é Cristo Jesus, como definir a construção-comunidade que se ergue sobre essa base?

Deus escolheu, segundo Paulo, “o que é loucura no mundo para confundir os sábios e escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante”. O templo de Deus, na grande cidade, é um punhado de gente pobre, considerado “loucura”, “fraqueza”, “que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor”. E Paulo acrescenta: “Se alguém destroi o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo são vocês.”

Como recuperar isso nos tempos de hoje? Cabe a cada um de nós refletirmos sobre como voltar a ser aquela mesma Igreja dos primeiros cristãos.
CNBB, 05-11-2014.
*Dom Eurico dos Santos Veloso é arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG).

Nenhum comentário:

Postar um comentário