quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Se te permitisse...




Se te permitissem um desejo
Uma noite aprazível, estrelada.
Caminho sem pressa com meu filho Carlo pelas ruas silenciosas e sombrias. Conversamos...
Quando a conversa pára com a interrupção das palavras, tenho a sensação de que este silêncio, em Carlos e em mim,é ocupado pela lembrança de Martinho.

Um dos dois solta a pergunta:
- Se te permitissem um desejo, o que pedirias?
Sem a menor hesitação, apresso-me em responder:
- Que Martinho retorne, para abraçá-lo, senti-lo vivo, vê-lo sorrir!
Carlos demora um pouco e diz:
- Eu pediria para falar com ele. E se ele dissesse para mim:
"Aqui onde estou agora é melhor que em minha vida anterior,
não lhe pediria que voltasse...

Eis dois modos de sentir duas pessoas que quiseram e
querem ansiosamente reencontrar um ente querido ausente.

Há sem dúvida uma diferença enorme entre o amor possessivo, que se outorga o direito de desfrutar da presença da pessoa amada, e o amor não possessivo. Este último só procura a felicidade do outro,
mesmo que não lhe seja possível partilhar dela.

O amor não-possessivo é difícil, muito difícil, porém saudável.
Será que um dia conseguirei alcançá-lo? Um amor assim, tão altruísta, poderei dedicá-lo a Martinho, ou a alguma outra pessoa.
Custará muito, mas tentarei.
E sei que serei feliz ao alcançá-lo, mesmo que muitos não o compreendam...


Carlos J. Bianchi

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