quarta-feira, 12 de novembro de 2014

´Cristãos não transformam o serviço em poder´


Durante missa, Francisco alerta que devemos servir sem pedir nada em troca.
Por Alessandro Gisotti
Precisa sempre lutar contra as tentações que nos levam para longe do serviço ao próximo. É o alerta de Francisco na missa matutina na Casa Santa Marta. O papa ressaltou que, como Jesus, devemos servir sem pedir nada e confirmou que não precisamos ser mestres do serviço “transformando-o em uma estrutura de poder”.

Jesus fala da forca da fé, mas logo explica que esta é enquadrada no serviço. Papa Francisco se ateve no Evangelho diário sobre "servo inútil" para se fixar sobre o que significa servir para um cristão. Jesus, disse Francisco, fala deste servo que depois de ter trabalhado toda a jornada, chegou em casa, e ao invés de repousar ainda deve servir ao seu senhor:

“Algum de nós aconselharia a este servo a ir ao sindicato para procurar um pouco de conselhos, do que se fazer com um patrão assim. Mas Jesus disse: ‘Não, o serviço é total’, porque Ele fez estrada com esta postura de trabalho; Ele é o servo. Ele se apresenta como o servo, aquele que vem para servir e não para ser servido: assim o fala, claramente. E assim o Senhor mostra para os apóstolos a estrada daqueles que receberam a fé, aquela fé que faz milagres. Sim, essa fé fará milagres na estrada do trabalho”.

Um cristão que recebe o dom da fé no Batismo, acrescentou, mas “não leva adiante este dom na estrada do trabalho, se transforma num cristão sem força, infecundo”. Por fim, disse ainda, transforma “um cristão para si próprio, para servir a si próprio”. A sua vida, é uma “vida trite”, “tantas coisas grandes do Senhor” acabam “desperdiçadas”. Ainda, o Papa observou que o Senhor nos diz que “o serviço é único”, não se pode servir a dois chefes: “Ou Deus, ou as riquezas”. Nós, prosseguiu, podemos nos afastar deste “ato de trabalho, primeiro, por um pouco de preguiça”. E esta, afirmou, “torna o coração morno, a preguiça te deixa acomodado”:

“A preguiça nos afasta do serviço e nos leva ao comodismo, ao egoísmo. Tantos cristãos assim... são bons, vão a Missa, mas o serviço acaba aqui... Mas quando digo serviço, digo tudo: serviço a Deus na adoração, na oração, no louvor; serviço ao próximo, quando devo fazê-lo; serviço feito até o final, porque Jesus nisso é forte: ‘Assim vocês também, quando tiverem feito tudo aquilo que vos foi ordenado, agora digam somos servos inúteis’. Serviço gratuito, sem pedir nada”.

Outra possibilidade de se afastar dos atos de serviço, acrescentou, “é um pouco estar no comando das situações”.  Qualquer coisa, lembrou, que “acontece aos discípulos, aos próprios apóstolos”: “Afastavam as pessoas para que não incomodassem Jesus, mas na verdade era para que fosse cômodo a eles próprios”. Os discípulos, prosseguiu, “tomavam para si as responsabilidades sobre o tempo do Senhor, se autopromoviam chefes do poder do Senhor: o queria para o seu grupinho”. E depois, disse, “comandavam destes atos de serviço, transformando-o em uma estrutura de poder”. Qualquer coisa que se entenda olhando para a discussão sobre quem era o maior entre Tiago e João. E a mãe, acrescentou, que “pergunte ao Senhor que um dos seus filhos seja o primeiro ministro e o outro o ministro da economia, com todo o poder nas mãos”. Isto acontece ainda hoje quando “os cristãos se transformam em chefes: chefes da fé, chefes do Reino, chefes da Salvação”. Esta, constatou, “é uma tentação para todos os cristãos”. Ao invés disso, falou, o Senhor nos fala do serviço: “serviço na humildade”. “serviço na esperança”, e essa é a alegria do serviço cristão”:

“Na vida devemos lutar tanto contra as tentações que tentam nos afastar destas atitudes de serviço. A preguiça leva à comodidade: serviço pela metade; e se autopromover da situação, e de servo se transformar em patrão, que leva à soberba, ao orgulho, a tratar mal as pessoas, a se sentir importante ‘porque sou cristão, tenho a salvação’,  e tantas coisas assim. O Senhor nos dá duas grandes graças: a humildade no serviço, com o objetivo que possamos dizer: ‘Somos servos inúteis – mas servos – até o fim’; e a esperança na espera da manifestação, quando o Senhor vier ao nosso encontro”.
Radio Vaticano, 11-11-2014.

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