quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Belo Horizonte celebra aniversário de Dom Helder Câmara

Uma instalação artística com fotografias de Dom Helder estará aberta à visitação no Hall da Escola Superior Dom Helder Câmara. Na biblioteca permanece aberta uma completa exposição das obras de Dom Helder. Os visitantes também encontrarão um livro biográfico, escrito pelo Procurador da República e Professor Felipe Peixoto, à venda na Recepção da Escola.

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104º aniversário de nascimento de Dom Helder Câmara é comemorado nesta quinta-feira (ESDHC)
Nesta quinta-feira (7), comemora-se o 104º aniversário de nascimento de Dom Helder Câmara, patrono do portal Dom Total e da Escola Superior Dom Helder Câmara, de Belo Horizonte. Reconhecido mundialmente como incansável defensor dos Direitos Humanos, o religioso fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952, e teve uma vida dedicada à justiça social, lutando contra o autoritarismo e a ditadura militar.

“A capital mineira foi um terreno fértil, onde a mensagem de Dom Helder fecundou, germinou e ainda gera muitos frutos. Ele tem o pressuposto dos grandes líderes que ajudaram a recuperar a liberdade de expressão e a lutar pelos direitos humanos. Dom Helder foi uma janela do Brasil para o mundo ao denunciar a perseguição política no país”, afirma o professor Paulo Humberto Stumpf, reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara.

O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, também destaca a importância do religioso, arcebispo de Olinda e Recife por 21 anos, na defesa direitos dos políticos e religiosos dos perseguidos pelo regime político no país. Lembra ainda o esforço de Dom Helder para criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino Americano. “Ele também promoveu uma maior participação dos leigos e leigas na vida da Igreja”, ressaltou Lacerda, durante as comemorações do centenário de Dom Helder, em 2009, das quais participou ativamente.

Já Dom Walmor de Oliveira, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, lembrou que toda a vida e o trabalho social de Dom Helder, e principalmente, sua compaixão, servem como exemplo para todos. “Foi a compaixão que o seduziu desde menino e o fez pastor, irmão dos pobres. Dom Helder era uma pessoa simples, que não se conformava com a miséria. Dessa forma, se tornou um dom total de Deus para todos nós”, disse.

Sala Dom Helder Câmara e arquivo online

Desde a sua criação, a Escola Superior Dom Helder Câmara alimenta um extenso arquivo com obras sobre o religioso (filmes, livros, jornais, publicações diversas). Em maio de 2012, o acervo ganhou um espaço especial, localizado na biblioteca da Escola: a sala Dom Helder Câmara.

“É um ambiente onde professores e alunos podem estudar, pesquisar e refletir sobre a monumental obra de Dom Helder, que é uma das mais importantes personagens da histórica política nacional”, explica o professor Estevão Freitas, vice-reitor da Escola. De acordo com o pró-reitor de pesquisa, professor Newton Teixeira Carvalho, os estudantes devem visitar a sala sempre que puderem, para se conscientizarem sobre o papel do religioso. “O espaço desperta os visitantes para o sentimento humanitário e de caridade tão bem pregados por Dom Helder”, completa. Outra importante fonte de consulta é o portal Dom Total, que possui página especial com informações sobre o religioso.

Em visita à Escola, a sobrinha de Dom Helder, Myrna Câmara, destacou: “Fico muito feliz com a homenagem e com o fato de uma faculdade trazer o nome dele. Tudo isso é importante para divulgar e preservar o seu trabalho de justiça, igualdade e caridade”, disse Myrna.

Confira depoimentos de alguns professores da Casa sobre Dom Helder:

“Dom Helder Câmara foi a voz dissonante na defesa dos Direitos Humanos no Brasil durante a ditadura militar, denunciando corajosamente a tortura nos porões da ditadura, perto de ser calado pelos riscos provocados pela própria Igreja Católica”, Guilherme Portugal

“Ícone que inspira não só os docentes, mas também os discentes, na busca do conhecimento, do Direito e das relações humanas. Um verdadeiro modelo de cultura e honestidade que deve ser estudado e pesquisado”, Arnaldo Oliveira Júnior

“Quando se fala em Dom Helder, penso em duas fases: a primeira como bispo, conhecido no mundo inteiro pela defesa dos Direitos Humanos, pelo testemunho evangélico e zelo apostólico. Isto é, uma pessoa que deixou um legado de um trabalho evangelizador e missionário relevante conforme os princípios evangélicos e pastorais. Segunda fase: o ser humano movido pela força de fazer acontecer o Direito e a Justiça, tendo em vista a defesa dos pobres no exercício da cidadania e do compromisso para o advento e a efetividade de um verdadeiro Estado Democrático. Esse é um legado para as gerações vindouras e dá sustentabilidade a qualquer ação humana que se espelhe neste testemunho de vida ímpar”, Sebastien Kiwonghi

“Simplicidade, coragem, alegria. Visão não-preconceituosa do mundo. Dom Helder foi, provavelmente, a pessoa que mais sofreu com a censura no Brasil. Durante certo período, nenhum veículo de comunicação – jornais, rádios, televisões – poderia sequer aludir ao nome do corajoso religioso. Dele se dizia, com muita verdade, que foi o mais violento dos bispos, sem nunca ter sido violento. Sua violência, claro, era a coragem, numa época em que ter coragem podia significar a morte. Todos sabemos que o covarde só ameaça quando está a salvo.  (...) Talvez a humildade seja a característica que mais fortemente o defina. Ele dizia com sabedoria: “Ai de quem só escuta elogios. Acaba acreditando que é alguma coisa”. Dizia que é a simplicidade que nos salva de acreditar demais na própria importância”, Felipe Peixoto Braga Neto.
Redação Dom Total

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