quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rússia: O fortalecimento da aliança "trono-altar"

Os primeiros quatro anos de patriarcado de Kirill, a sintonia com Putin e Medvedev. A Igreja ortodoxa protagonista com o apoio ao Estado.

Por Giacomo Galeazzi
Moscou, 07 fev (SIR) - Kirill festeja quatro anos do Patriarca e o Cremlin pede maior influência da Igreja na sociedade. Nesta ocasião, Putin convida o chefe da Igreja russo-ortodoxa e convida o País a se libertar de uma “primitiva e vulgar” ideia de laicidade. Medvedev reconhece uma “relação especial” entre o Estado e Igreja na Rússia.
Crelin e Casa Branca (se do governo russo) se uniram para louvar a ação de Kirill, destaca a agência de informação do PIME (Pontifício Instituto Missões Estrangeiras), AsiaNews. Por sua vez o Patriarca identificou no nascimento de uma “nova geração de bispos – que passaram de 200 a 300 – uma das principais metas dos seus quatro anos de trabalho”. O crescimento está relacionado com a reforma do sistema diocesano, atuado por Kirill, que criou 30 sede metropolitanas e quase 90 novas dioceses, ordenando 88 bispos. Nestes anos de seu Patriarcado se percebeu também um significativo impulso à atividade pastoral dentro e fora da Rússia.
O chefe da Igreja ortodoxa já visitou mais de 100 dioceses, algumas das quais mais de uma vez. Azerbaijão, Armênia, Belarus, Ucrânia, Moldova, Egito, Síria, Turquia, Bulgária, Japão, Palestina, Jordânia e Chipre foram alguns dos Países estrangeiros visitados. Um verdadeiro “pacto de aço” entre poder temporal e poder espiritual por ocasião do quarto aniversário de sua eleição a Patriarca de Moscou e de todas as Rússias. O presidente Vladimir Putin, que a 1] de fevereiro encontrou a hierarquia no Cremlin, destacou a necessidade que à Igreja seja dada mais voz nas questões como “o apoio à família e à maternidade”, “instrução dos jovens”, o “desenvolvimento social” e “o fortalecimento do espírito patriótico das forças armadas”, destaca AsiaNews. “No coração das vitórias da Rússia e de suas metas – lembrou Putin no encontro com Kirill – encontram-se patriotismo, fé e força de espírito”.
O chefe do Cremlin convidou, em seguida, a sociedade a se libertar de uma ideia “vulgar e primitiva” de laicidade para dar à Igreja, e ás outras religiões tradicionais, maior controle em relação às questões sociais. O próprio Kirill, em seu discurso, admitiu que nos últimos quatro anos o diálogo entre Igreja e Estado se fortaleceu e “contribuiu para resolver muitos problemas” que se apresentaram na sociedade. E pensa da mesma maneira o chefe do governo, Dmitri Medvedev, que falou de “relação especial” entre o poder político, aquele espiritual e a sociedade. “Espero que esta relação se fortaleça e trabalhe para o bem da nossa pátria”, manifestou o primeiro ministro após a liturgia presidida por Kirill na catedral de Cristo Salvador em Moscou.
Após a queda da União Soviética e o fim do ateísmo do Estado, os laços entre poder políticos e religioso na Rússia foram se fortalecendo. Em seu terceiro mandato presidencial, aberto com os maiores protestos antigovernamentais nos últimos 13 anos, Putin buscou o apoio cada vez mais da Igreja, considerada pela maior parte dos russos a instituição ainda mais confiável entre aquelas que sobreviveram da ex-URSS. O apelo aos valores morais tradicionais e a uma espiritualidade, que muitas vezes acaba no patriotismo, já fazem parte do discurso político cotidiano. Nos últimos meses apareceram vários projetos de lei inspiradas nas batalhas do Patriarcado como o esboço da lei pelo “respeito dos sentimentos religiosos” e aquele para proibir “a propaganda gay”, ambos criticados pelas organizações de defesa dos direitos humanos.
Anteriormente, chegara a investidura por parte do poder religioso ao czar da Rússia (= Putin) do terceiro milênio, em cujas mãos se concentra uma quantidade impressionante de poder desde quando venceu os chamados “novos oligarcas”, ou seja os novos bilionários que se enriqueceram com a venda (apoiada pelo antecessor Boris Eltsin) das empresas estatais russas e capazes de condicionar fortemente também a política. Vladimir Putin, portanto, o home forte da Grande Mãe Rússia. Para muitos, mas não para os líderes religiosos que o “abençoaram”, um degrau abaixo da ditadura. A igreja ortodoxa também manifestou seu apoio ao aperto sobre a imigração na Rússia decidido Putin.

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